3.12.10

Construtoras buscam área maior para novo aeroporto de SP

As construtoras Camargo Corrêa e Andrade Gutierrez negociam um plano B para levar adiante o projeto de construção de um aeroporto no município de Caieiras, na região metropolitana de São Paulo. As empreiteiras, conforme apurou o Valor, têm mantido conversações com a Companhia Melhoramentos de São Paulo, dona de boa parte da área territorial de Caieiras. O objetivo é adquirir um terreno da Melhoramentos fora da região central da cidade, onde a obra poderia ser realizada sem grandes dificuldades relacionadas a licenciamento ambiental e desapropriação de imóveis. 

Segundo uma fonte próxima às negociações, neste momento as discussões buscam ajustar um preço para a possível aquisição da área. No alvo está parte de uma área da Melhoramentos que atinge cerca de 27 milhões de metros quadrados. O projeto é acompanhado com expectativa pela prefeitura de Caieiras. "Fomos contrários ao primeiro projeto do aeroporto na cidade porque a ideia inicial era construí-lo no centro da cidade", diz o prefeito Roberto Hamamoto (DEM). "Mas agora sabemos que as negociações em curso consideram uma área retirada do centro, o que seria um projeto excelente para o município, já que é bem mais fácil de ser executado." 

Procuradas pela reportagem, as duas construtoras não quiseram comentar o assunto. Por meio de nota, a Companhia Melhoramentos de São Paulo informou que, como "principal proprietária de terras em Caieiras, reforça seu objetivo, já amplamente divulgado, de promover o desenvolvimento urbano sustentável de suas terras na região metropolitana de São Paulo". A empresa informou que, sobre construção de aeroporto, "não existe qualquer venda de terras realizada com esta finalidade." 

A ideia de construir um terceiro aeroporto em São Paulo é antiga. Foi apresentada em 2007 por Nelson Jobim, quando ele assumiu o Ministério da Defesa. A cidade de Caieiras virou alvo do projeto depois que a Camargo Correa comprou, em dezembro do ano passado, uma área de 5,2 milhões de metros quadrados (área equivalente à metade da cidade de São Caetano) da Melhoramentos. A ideia da construtora era erguer um bairro para cerca de 80 mil moradores, mas a possibilidade de construir um aeroporto passou a ser considerada. Essa alternativa enfrentou forte resistência da prefeitura, que cobrou a construção do empreendimento imobiliário. 

Caieiras reúne condições favoráveis ao projeto aeroportuário. Localizada a 30 km do centro de São Paulo - Cumbica fica a cerca de 20 km -, a região é abastecida por uma estação de trem da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) e por ligações com o rodoanel Mário Covas e as rodovias Anhanguera e Bandeirantes. Além disso, pesa na conta o fato de a Melhoramentos ser dona de quase 60% das terras da cidade, diz o prefeito Roberto Hamamoto. "Essa facilidade de negociar uma grande área privada com um único dono não existe em qualquer outro município da região", comenta. 

O sucesso do projeto. contudo, depende ainda de regulamentações do setor de aviação e até mesmo do destino que será dado à Infraero. Há planos para abrir o capital da estatal, o que teoricamente lhe daria mais musculatura financeira e independência política. Hoje, a Infraero é responsável por administrar os principais aeroportos do país, mas a infraestrutura é patrimônio da União. Procurada, a Infraero não comentou o assunto. 

No governo, o estímulo a parcerias público-privadas e a concessões para construção de novos aeroportos é visto como atalho para resolver as limitações que estrangulam o setor. "Como está hoje, a Infraero não tem capacidade de administrar a situação", diz Carlos Campos, coordenador de infraestrutura econômica do Ipea. "A tendência é o setor caminhar para uma combinação de decisões, que passam pela abertura de capital da Infraero e entrada da iniciativa privada nas construções e ampliações dos aeroportos", acrescenta. 

Os projetos já existem, o que falta é sair do papel. É esperado para início do ano que vem o leilão para a construção do aeroporto internacional de São Gonçalo do Amarante, em Natal (RN). O modelo inédito de concessão prevê a entrada do setor privado, apoiado por financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O mesmo modelo deverá ser usado para a ampliação de aeroportos como o Galeão, no Rio, Viracopos, em Campinas (SP) e Cumbica, em Guarulhos (SP).

Fonte: Valor Econômico 

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