Duas organizações portuguesas subscrevem uma carta aberta dirigida aos estados-membros da organização.
As associações ambientalistas Quercus e ZERO juntaram-se a cerca de uma centena de organizações internacionais em protesto contra o plano das Nações Unidas para uso à larga escala de biocombustíveis na aviação civil.
O plano da Organização da Aviação Civil Internacional, uma agência das Nações Unidas da qual Portugal faz parte, será discutido numa conferência sobre aviação e combustíveis alternativos, que se realiza, entre quarta e sexta-feira, na Cidade do México.
As duas organizações portuguesas subscrevem uma carta aberta dirigida aos estados-membros da organização, e assinada por cerca de uma centena de organizações de vários países.
Justificando a assinatura da carta, a Quercus refere, em comunicado, que o uso de óleo de palma como biocombustível na aviação tem "impactes significativos comprovados", como a desflorestação, a ameaça à segurança alimentar e a contaminação de cursos de água.
Citando um estudo da organização ambientalista Biofuelwatch, com sede no Reino Unido e nos Estados Unidos, a Quercus adianta que apenas o óleo de palma pode ser convertido, em larga escala, em combustível para aviação, "devido a obstáculos técnicos e económicos das outras matérias-primas".
A Quercus - Associação Nacional de Conservação da Natureza salienta que, de acordo com as contas da Organização da Aviação Civil Internacional, a indústria do setor irá gastar anualmente cinco milhões de toneladas de biocombustível a partir de 2025, com a fasquia a subir para os 286 milhões em 2050, mais do triplo do total de biocombustíveis produzidos atualmente.
A aviação civil é o setor onde, segundo a carta aberta, as emissões de gases com efeito de estufa aumentaram 87 por cento entre 1990 e 2014.
A Quercus assinala que a aviação promete um "crescimento neutro de carbono, maioritariamente através de uma combinação entre as compensações de carbono e o recurso aos biocombustíveis", mas teme que "a simples expetativa gerada possa motivar as empresas produtoras de óleo de palma a atraírem mais investimento e a adquirirem mais território, movidas pela especulação".
Os subscritores da carta aberta exigem aos estados-membros da Organização da Aviação Civil Internacional "medidas urgentes que reduzam os impactos da aviação no clima", revertendo o crescimento do setor, com o fim de subsídios e isenções fiscais, e investindo no transporte ferroviário.
https://www.cmjornal.pt/sociedade/detalhe/ambientalistas-da-quercus-e-da-zero-contra-uso-de-biocombustiveis-na-aviacao-civil?Ref=DET_noticiasceccao
Nenhum comentário:
Postar um comentário