Quem deseja viajar nos próximos meses precisa se planejar
para não sentir no bolso a variação dos custos das passagens, especialmente as
de avião. Isso porque as tarifas não caíram, ao contrário do que afirmaram as
empresas aéreas quando passaram a cobrar pelo despacho de bagagens. Entre junho
e setembro deste ano, a alta dos preços chegou a 35,9%, segundo a Fundação
Getulio Vargas (FGV). Já de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE), a elevação foi mais leve, de 16,9%.
Os efeitos da alta já foram sentidos pelo setor. Segundo a
Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), a quantidade de passageiros que
viajaram por via aérea pelo Brasil caiu após as novas regras. Em maio, por
exemplo, mês anterior à aprovação da cobrança de bagagem, 7.096.762 passageiros
passaram pelos aeroportos do país. Em junho, o número caiu para 6.922.225.
Como reflexo, as pessoas tendem a buscar as viagens de
ônibus que, apesar de mais demoradas, saem mais em conta e não têm limitação
para bagagens. Na rodoviária Novo Rio, por exemplo, o aumento da demanda entre
julho e setembro foi de 10%. A alta já demonstra que os cariocas estão em busca
de economia.
Segundo um levantamento feito pelo EXTRA entre companhias
aéreas e empresas de transporte rodoviário, a diferença de preços é grande,
especialmente se a compra é feita em cima da hora. Uma viagem para São Paulo,
por exemplo, pode ficar salgada, se o bilhete aéreo for adquirido com apenas
quatro dias de antecedência. Neste trecho, a tarifa sai por R$ 448,41, pela
Avianca. Se for de ônibus, custa R$ 100,87, pela Útil.
Setor precisa crescer no país
Segundo o economista da FGV André Braz, o aumento das
tarifas aéreas entre junho e setembro sofreu a influência do período de férias
e de grandes eventos no país. Ele destacou, porém, que os preços sempre mais
salgados nas aéreas estão relacionados à falta de competitividade no setor:
— A aviação do Brasil está concentrada em poucas empresas, o
que dificulta a competição de preços.
Além disso, destacou Braz, um país do tamanho do Brasil
precisa de maior investimento do governo e das companhias em novas rotas e
serviços:
— Temos um país grande, com poucas rotas e poucos aeroportos.
Poderíamos, por exemplo, seguir o caminho de companhias europeias, que oferecem
rotas domésticas ou curtas sem nenhum serviço adicional por preços baixos.
Viagem sem planejamento impacta o bolso
Quem estava acostumado a usar o transporte aéreo começou a
mudar os hábitos por causa dos preços. É o caso da empreendedora paulista
Rosana Calligari Barros, de 49 anos. Ela, que usava sempre a ponte aérea para
vir ao Rio, desistiu dos aviões e passou a optar pelos ônibus após o aumento
das tarifas aéreas:
— Pesquiso muito na internet para tentar encontrar uma
passagem barata. Os preços das empresas aéreas estão um absurdo, especialmente
se a compra é feita em cima da hora. Quando não me planejo, a saída é viajar de
ônibus para economizar.
A alta nos preços das tarifas de avião, que já desloca
passageiros dos aeroportos para as rodoviárias, têm sido observada também pelas
agências de turismo. Segundo Fernanda Schneider, sócia da Mega Turismo, em
Niterói, a queda na procura por viagens domésticas entre junho e setembro
chegou a 20%:
— Houve uma queda na busca por destinos nacionais, pois as
passagens aumentaram. Quem vem à agência reclama do preço e deixa de comprar. A
maioria dos clientes está atrás de promoções.
Saiba como economizar
Programe-se - Quanto mais cedo comprar, melhor. Porém,
deve-se acompanhar as promoções das companhias aéreas.
Pesquise - O ideal é pesquisar os preços e aproveitar os
bilhetes promocionais, desde que tenha certeza sobre a data do embarque.
Monitore os preços - Uma opção é baixar aplicativos que
informam quando há ofertas para o destino e a data pretendidos. Mas fique
esperto ao fechar a compra para não ser direcionado a sites que cobram taxas
adicionais.
Escolha o dia - Caso tenha disponibilidade para viajar em
dia útil, há mais chances de obter um preço menor. Horários não convencionais e
voos com escala podem custar menos.
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