23.10.17

Tarifa aérea sobe 35,9% em quatro meses e leva passageiro de volta aos ônibus

Quem deseja viajar nos próximos meses precisa se planejar para não sentir no bolso a variação dos custos das passagens, especialmente as de avião. Isso porque as tarifas não caíram, ao contrário do que afirmaram as empresas aéreas quando passaram a cobrar pelo despacho de bagagens. Entre junho e setembro deste ano, a alta dos preços chegou a 35,9%, segundo a Fundação Getulio Vargas (FGV). Já de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a elevação foi mais leve, de 16,9%.

Os efeitos da alta já foram sentidos pelo setor. Segundo a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), a quantidade de passageiros que viajaram por via aérea pelo Brasil caiu após as novas regras. Em maio, por exemplo, mês anterior à aprovação da cobrança de bagagem, 7.096.762 passageiros passaram pelos aeroportos do país. Em junho, o número caiu para 6.922.225.

Como reflexo, as pessoas tendem a buscar as viagens de ônibus que, apesar de mais demoradas, saem mais em conta e não têm limitação para bagagens. Na rodoviária Novo Rio, por exemplo, o aumento da demanda entre julho e setembro foi de 10%. A alta já demonstra que os cariocas estão em busca de economia.

Segundo um levantamento feito pelo EXTRA entre companhias aéreas e empresas de transporte rodoviário, a diferença de preços é grande, especialmente se a compra é feita em cima da hora. Uma viagem para São Paulo, por exemplo, pode ficar salgada, se o bilhete aéreo for adquirido com apenas quatro dias de antecedência. Neste trecho, a tarifa sai por R$ 448,41, pela Avianca. Se for de ônibus, custa R$ 100,87, pela Útil.

Setor precisa crescer no país

Segundo o economista da FGV André Braz, o aumento das tarifas aéreas entre junho e setembro sofreu a influência do período de férias e de grandes eventos no país. Ele destacou, porém, que os preços sempre mais salgados nas aéreas estão relacionados à falta de competitividade no setor:

— A aviação do Brasil está concentrada em poucas empresas, o que dificulta a competição de preços.

Além disso, destacou Braz, um país do tamanho do Brasil precisa de maior investimento do governo e das companhias em novas rotas e serviços:

— Temos um país grande, com poucas rotas e poucos aeroportos. Poderíamos, por exemplo, seguir o caminho de companhias europeias, que oferecem rotas domésticas ou curtas sem nenhum serviço adicional por preços baixos.

Viagem sem planejamento impacta o bolso

Quem estava acostumado a usar o transporte aéreo começou a mudar os hábitos por causa dos preços. É o caso da empreendedora paulista Rosana Calligari Barros, de 49 anos. Ela, que usava sempre a ponte aérea para vir ao Rio, desistiu dos aviões e passou a optar pelos ônibus após o aumento das tarifas aéreas:

— Pesquiso muito na internet para tentar encontrar uma passagem barata. Os preços das empresas aéreas estão um absurdo, especialmente se a compra é feita em cima da hora. Quando não me planejo, a saída é viajar de ônibus para economizar.

A alta nos preços das tarifas de avião, que já desloca passageiros dos aeroportos para as rodoviárias, têm sido observada também pelas agências de turismo. Segundo Fernanda Schneider, sócia da Mega Turismo, em Niterói, a queda na procura por viagens domésticas entre junho e setembro chegou a 20%:

— Houve uma queda na busca por destinos nacionais, pois as passagens aumentaram. Quem vem à agência reclama do preço e deixa de comprar. A maioria dos clientes está atrás de promoções.

Saiba como economizar

Programe-se - Quanto mais cedo comprar, melhor. Porém, deve-se acompanhar as promoções das companhias aéreas.

Pesquise - O ideal é pesquisar os preços e aproveitar os bilhetes promocionais, desde que tenha certeza sobre a data do embarque.

Monitore os preços - Uma opção é baixar aplicativos que informam quando há ofertas para o destino e a data pretendidos. Mas fique esperto ao fechar a compra para não ser direcionado a sites que cobram taxas adicionais.

Escolha o dia - Caso tenha disponibilidade para viajar em dia útil, há mais chances de obter um preço menor. Horários não convencionais e voos com escala podem custar menos.


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