16.11.17

Aeroporto Internacional do Rio, o Galeão, foi inaugurado por Geisel em 1977 (várias fotos)

Terminal nasceu com modernas instalações até para supersônicos, como o Concorde, que fazia Rio-Paris em pouco mais de seis horas. Usuário passou a sofrer com saturação

Quem diria. O Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro, o Galeão, foi inaugurado em 1977 como o mais moderno da América Latina e o terceiro do mundo. No dia do padroeiro São Sebastião, a cidade ganhou o novo terminal, com modernas pistas e capacidade para receber supersônicos. Entre eles, o mítico Concorde, que fazia seus memoráveis voos Rio-Dakar-Paris, pela Air France, em pouco mais de seis horas (hoje o voo normal leva em torno de 12 horas). Curiosamente, o primeiro voo do avião que ultrapassava a velocidade do som e levava até cem passageiros aconteceu em 21 de janeiro de 1976, um ano antes da inauguração oficial.

Na época chamado de “aeroporto supersônico” e “Aeroporto Internacional Principal do Brasil”, o Galeão nasceu em substituição ao velho terminal de mesmo nome, construído três décadas antes “em caráter provisório”. No dia 20 de janeiro, com quase três anos de atraso no cronograma inicial de obras, o presidente da República, Ernesto Geisel, descerrou a placa comemorativa do seu nascimento oficial.

Em tempos de propaganda da ditadura nos anos 70 (“Este é um país que vai pra frente” e “Brasil, ame-o ou deixe-o”), Geisel — o general da distensão lenta, gradual e segura do regime militar — disse que “a obra era uma atualização do Brasil com o mundo moderno”. Construído pela Odebrecht ao longo de seis anos, o Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro/Galeão, hoje Antônio Carlos Jobim, chegou ao mundo com modernas instalações aeroportuárias, incluindo restaurantes, lojas e estrutura. Era também uma tentativa de descongestionar o tráfego aéreo do antigo Galeão. Do lado de fora, foram feitos gramados e plantadas árvores. No total, mais de 400 mil metros quadrados de grama — equivalentes a 50 campos de futebol do Maracanã — foram plantados.

Mas o novo aeroporto na Ilha do Governador, a 20 quilômetros do Centro do Rio, não demorou a apresentar problemas e sinais de saturação. Já em junho de 1977, falhas na gestão deram as caras. O alarme contra incêndio estava enguiçado desde janeiro e, durante uma semana, o circuito interno de TV e os painéis de horários de voos apresentaram problemas. Filas e longas esperas dos passageiros passaram a ser rotina no aeroporto. Quem viajou para o exterior e outras cidades brasileiras já enfrentou problemas como elevadores e escadas rolantes parados, sem falar na demora na liberação das bagagens. Houve até casos de panes dos computadores e de goteiras em áreas de passageiros. No desembarque, mais dor de cabeça, desta vez com os preços das corridas de táxi. As obras de ampliação e reforma, por sua vez, demoraram até dez anos para sair do papel.

Numa tentativa do governo federal de atrair capitais nacionais e estrangeiros para modernizar o Galeão, beneficiando também a economia do Rio e do país, o aeroporto foi leiloado, em 22 de novembro de 2013, e arrematado por um grupo brasileiro e da Ásia, que desembolsou R$ 19 bilhões, para um período de 25 anos de concessão. A concessionária Aeroporto Rio de Janeiro (depois Rio Galeão), vencedora da privatização e que assumiu a operação em agosto de 2014, é um sociedade entre Odebrecht TransPort e Changi (de Cingapura), com 51% do capital, e a estatal Infraero, com 49%. Hoje, o aeroporto recebe 17,5 milhões de passageiros por ano. O seu Terminal de Passageiros 1 passou por reformas, e o Terminal 2. No embalo da Olimpíada do Rio, após as obras, a promessa era praticamente dobrar a capacidade do Galeão, para 30,4 milhões de passageiros por ano.

A história do Galeão, na verdade, começa bem antes da inauguração oficial do Terminal 1 pelo presidente Geisel, há quase quatro décadas. Segundo a Infraero, os seus primórdios remontam a 1924 com a instalação da escola de aviação. Criada em 1916, suas primeiras instalações ficavam na Ilha das Enxadas e, em 1924, foram transferidas para a Ponta do Galeão, recebendo hangares, oficinas, quartéis, alojamentos, além da primeira fábrica nacional de aviões. Do Galeão também saíram, em 1935, os primeiros Correios Aéreos Navais. Na década seguinte, o local passou a receber aviões maiores e se transformou em aeroporto internacional. Na época, os aviões da pioneira Panair do Brasil estrearam na Ponta do Galeão.

Quanto ao Concorde, um avião de linhas ultramodernas mas muito desconfortável, segundo seus privilegiados passageiros que pagavam caro pela travessia mais rápida, a linha foi cancelada, em abril de 1982, por ser deficitária.













Fonte: http://acervo.oglobo.globo.com/em-destaque/aeroporto-internacional-do-rio-galeao-foi-inaugurado-por-geisel-em-1977-13566052

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