26.9.18

Ciro chama de 'clandestino' acordo de fusão entre Embraer e Boeing


Candidato do PDT à Presidência da República critica fusão porque Embraer não terá influência em decisões estratégicas na nova empresa a ser formada


 O ex-governador do Ceará e candidato do PDT à Presidência da República, Ciro Gomes, criticou nesta sexta-feira (21) o acordo de fusão entre a empresa brasileira Embraer e a norte-americana Boeing. Ele diz que a união faz parte de um acordo "clandestino" que vai tirar o poder de decisão da companhia nacional.

"A Embraer está num acordo clandestino, sendo entregue para a Boeing norte-americana", disse Ciro na manhã de hoje durante visita à sede da empresa, em São José dos Campos (SP). Os comentários foram publicados em seu perfil em uma rede social.

"Vou repetir, e só eu estou dizendo isso. O Bolsonaro, que se diz nacionalista, está apoiando esta entrega da riqueza brasileira ao estrangeiro e o Haddad é calado sobre este assunto o tempo inteiro. Só eu que tenho que aguentar a barra sozinho. Mas eu vou repetir. Hoje veio a publico uma parte do acordo clandestino, e nesse acordo clandestino fica clara a ideia de que a Embraer simplesmente vai ser extinta com essa absorção pela Boeing, porque ela apenas terá direito à participação em 20% dos lucros, sem nenhum influência nas decisões estratégicas. É preciso que o Brasil também leve isso em consideração", declarou o candidato.

Reportagem publicada nesta quinta-feira pelo site "G1" traz um memorando do acordo, indicando que a Boeing terá o controle operacional e administrativo "total", sem poder opinar em decisões estratégicas da nova empresa que irá surgir, que vai operar na aviação comercial.

Embraer e Boeing anunciaram no início de julho que vão formar uma "joint venture" (nova empresa) que vai englobar todos os negócios e serviços de aviação comercial da empresa brasileira. A companhia norte-americana vai pagar US$ 3,8 bilhões para ter 80% de controle da nova operação, estimada em um valor total de US$ 4,7 bilhões. A fabricante brasileira terá 20% da parceria. O acordo prevê ainda a criação de uma outra joint venture voltada para o mercado de defesa, destaque dos comentários de Ciro Gomes nesta sexta. Nessa nova empresa terá destaque o avião KC-390, modelo para transporte de carga e uso militar desenvolvido pela Embraer.

O negócio, contudo, ainda não foi concluído, e o governo federal é quem dá a palavra final, já que manteve em seu poder, com o processo da privatização da Embraer em 1994, a chamada golden share (ação de ouro).

Na avaliação de Ciro, há dois projetos militares importantes dentro da Embraer que correm o risco de não trazer benefícios para o país, pois o Brasil perderia o acesso a suas aplicações civis. Ele se refere justamente ao KC 390 e ao caça Gripen, a quem chama de "verdadeiros tesouros enriquecedores do Brasil", "capazes de dar emprego a milhões de pessoas pela verticalização disso, pelas aplicações civis do processo de defesa", disse.

"Se o Brasil não tiver tecnologia, se o Brasil não tiver autossuficiência na sua defesa, nós seremos um país que não manda mais no seu próprio nariz", declarou.

https://noticias.r7.com/brasil/ciro-chama-de-clandestino-acordo-de-fusao-entre-embraer-e-boeing-21092018

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