Candidato do PDT à Presidência da República
critica fusão porque Embraer não terá influência em decisões estratégicas na
nova empresa a ser formada
"A Embraer está num acordo
clandestino, sendo entregue para a Boeing norte-americana", disse Ciro na
manhã de hoje durante visita à sede da empresa, em São José dos Campos (SP). Os
comentários foram publicados em seu perfil em uma rede social.
"Vou repetir, e só eu estou dizendo
isso. O Bolsonaro, que se diz nacionalista, está apoiando esta entrega da
riqueza brasileira ao estrangeiro e o Haddad é calado sobre este assunto o
tempo inteiro. Só eu que tenho que aguentar a barra sozinho. Mas eu vou
repetir. Hoje veio a publico uma parte do acordo clandestino, e nesse acordo
clandestino fica clara a ideia de que a Embraer simplesmente vai ser extinta
com essa absorção pela Boeing, porque ela apenas terá direito à participação em
20% dos lucros, sem nenhum influência nas decisões estratégicas. É preciso que
o Brasil também leve isso em consideração", declarou o candidato.
Reportagem publicada nesta quinta-feira pelo
site "G1" traz um memorando do acordo, indicando que a Boeing terá o
controle operacional e administrativo "total", sem poder opinar em
decisões estratégicas da nova empresa que irá surgir, que vai operar na aviação
comercial.
Embraer e Boeing anunciaram no início de
julho que vão formar uma "joint venture" (nova empresa) que vai
englobar todos os negócios e serviços de aviação comercial da empresa
brasileira. A companhia norte-americana vai pagar US$ 3,8 bilhões para ter 80%
de controle da nova operação, estimada em um valor total de US$ 4,7 bilhões. A
fabricante brasileira terá 20% da parceria. O acordo prevê ainda a criação de
uma outra joint venture voltada para o mercado de defesa, destaque dos
comentários de Ciro Gomes nesta sexta. Nessa nova empresa terá destaque o avião
KC-390, modelo para transporte de carga e uso militar desenvolvido pela
Embraer.
O negócio, contudo, ainda não foi concluído,
e o governo federal é quem dá a palavra final, já que manteve em seu poder, com
o processo da privatização da Embraer em 1994, a chamada golden share (ação de
ouro).
Na avaliação de Ciro, há dois projetos
militares importantes dentro da Embraer que correm o risco de não trazer
benefícios para o país, pois o Brasil perderia o acesso a suas aplicações
civis. Ele se refere justamente ao KC 390 e ao caça Gripen, a quem chama de
"verdadeiros tesouros enriquecedores do Brasil", "capazes de dar
emprego a milhões de pessoas pela verticalização disso, pelas aplicações civis
do processo de defesa", disse.
"Se o Brasil não tiver tecnologia, se
o Brasil não tiver autossuficiência na sua defesa, nós seremos um país que não
manda mais no seu próprio nariz", declarou.
https://noticias.r7.com/brasil/ciro-chama-de-clandestino-acordo-de-fusao-entre-embraer-e-boeing-21092018
Nenhum comentário:
Postar um comentário