Natal, cuja própria história se notabiliza por façanhas aéreas, vive um dilema “no ar”. O aeroporto que atende a cidade e fica no município de Parnamirim, com acesso fácil e bem pavimentado, o Augusto Severo, foi considerado o melhor do Brasil, segundo recente pesquisa da Secretaria de Aviação Civil, entre os 15 principais terminais aeroportuários brasileiros.
Sempre muito criticado, pois chegou a funcionar alguns anos precariamente, com ar condicionado impotente, sem elevador e sem um lance de escadas rolantes, além das moscas decorrentes de um lixão que funcionava perto do terminal, o Augusto Severo, após algumas obras, que aumentaram o número de esteiras, de aparelhos de raios-X e destinaram um anexo à Tam (onde funcionava o antigo terminal), agora virou “queridinho”.
Enquanto isso, o futuro aeroporto que servirá à capital potiguar, no longínquo município de São Gonçalo do Amarante, a mais de 40 quilômetros do Centro e dos principais bairros da cidade (isso sem contar os engarrafamentos, pois fica no caminho da populosa Zona Norte de Natal), surge com expectativas surpreendentes, mas ainda sem acesso pavimentado. É aposta de desenvolvimento para o Estado, sem dúvida. Mas faltam as fichas na mesa.
O CEO do Consórcio Inframérica, que administrará o primeiro equipamento aeroportuário privado do Brasil, sem as “mãos” da Infraero, Alysson Paolinelli, esteve ontem em Natal, onde participou do seminário “Motores de Desenvolvimento do Rio Grande do Norte”. Voltou a enaltecer as características do terminal, fez megaprojeções, prometeu o aeroporto em funcionamento no próximo dia 22, mas não tocou no assunto principal, pelo menos neste momento: os acessos. Sem rodovia antes, não dá para voar...
No que geralmente depende da iniciativa privada, como é o caso do aeroporto Governador Aluísio Alves, em São Gonçalo do Amarante, os passos são consistentes e rápidos. Quando o poder público assume sua parte – e principalmente no Rio Grande do Norte –, começa o ciclo de promessas infundadas e jeitinhos banalizados, que roubam a cena.
Paolinelli lembrou que o novo terminal terá capacidade para 6,2 milhões de passageiros-ano e enfatizou o número de balcões de atendimento (45), que serão móveis, de acordo com a demanda das empresas aéreas. Também relembrou as oito pontes de embarque e o estacionamento para 850 veículos, números exaustivamente divulgados em Natal ao longo dos dois últimos anos. Quem atua no Turismo já até decorou.
O presidente do Consórcio Inframérica estimou o custo total do novo aeroporto em R$ 1,7 bilhão. Disse ainda que o equipamento terá ampla atuação no setor de cargas, o que realmente gera dúvidas nos especialistas. Como ser um aeroporto intermodal se os acessos rodoviários, que inexistem, serão longínquos? O porto de Natal, precário, não escoa produção em larga escala. E a ferrovia mais próxima, a Transnordestina, passa bem longe do Rio Grande do Norte.
Ficam duas perguntas “voando”:
Teremos acesso pavimentado e iluminado ao novo terminal ainda neste ano? No dia 22 de maio, convenhamos, é claro que não. Se for inaugurado mesmo antes da Copa, o acesso será off-road.
Teremos saudade do “velho” Augusto Severo, que acaba de ser eleito em pesquisa da Secretaria de Aviação Civil o melhor equipamento aeroportuário do Brasil?
Fonte: Panrotas
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