Um dos maiores avanços da aviação mundial está prestes a ocorrer não no ar, mas na terra.
Um novo terminal será inaugurado no fim do mês no aeroporto imternacional mais movimentado do mundo, o Heathrow, em Londres, que passará a comportar 45% mais passageiros.
O Terminal 5 consolidará os aviões, salas de espera e setor de bagagens da British Airways PLC, reduzindo a confusão e os atrasos que vêm afugentando há mais de uma década os passageiros da companhia aérea britânica. Até meados dos anos 90, a BA era a líder mundial em tráfego aéreo internacional, porque oferecia ampla variedade de conexões através de Heathrow. Mas como outras pioneiras que acabaram perdendo essa vantagem, a BA sofreu quando concorrentes copiaram seu modelo de negócios e criaram centrais de conexão até melhores.
A tentativa da BA de voltar à crista da onda é parte de uma batalha mundial cada vez mais acirrada para dominar o mercado de vôos de longa distância. Embora as companhias enfrentem uma dolorosa alta do preço dos combustíveis e a ameaça de recessão, as viagens intercontinentais vivem um boom e são altamente lucrativas. Outros aeroportos também estão ampliando a capacidade: o de Pequim abriu na semana passada um terceiro terminal que custou US$ 3 bilhões. Heathrow pertence à BAA, da espanhola Ferrovial SA, que investiu 4,3 bilhões de libras (US$ 8,5 bilhões) na construção do novo terminal.
A desregulamentação do setor aéreo vem abrindo novos mercados. Companhias da Índia, China e do Golfo Pérsico estão expandido-se para o resto do mundo. As maiores companhias aéreas americanas, enfraquecidas em seu mercado interno por rivais barateiras, têm se expandido internacionalmente.
Todas essas companhias almejavam há muito tempo obter acesso a Heathrow, um aeroporto estrategicamente posicionado. Agora, muitas conseguirão, porque o novo terminal coincide com um acontecimento importante na aviação mundial: o tratado de "céu aberto" entre os Estados Unidos e a União Européia, que acaba com várias restrições a vôos entre os dois gigantescos mercados. Durante décadas, apenas umas poucas companhias podiam voar entre Heathrow e os EUA. A partir de 30 de março, qualquer companhia aérea dos EUA ou da UE terá o direito, uma vez que encontre outra companhia disposta a vender espaço num aeroporto.
Continental Airlines Inc., Delta Air Lines Inc., Northwest Airlines Corp., US Airways Group Inc. e Air France-KLM SA já anunciaram planos para voar entre Heathrow e os EUA. Quando a BA deixar seus atuaisterminais, essas companhias poderão ocupá-los. Por Heathrow já passa um quarto do tráfego entre EUA e UE. Com a entrada de mais companhias americanas, o número de assentos para vôos entre o aeroporto londrino e a América do Norte aumentará 22% na temporada de julho e agosto - quando é verão no Hemisfério Norte -, segundo a Innovata LLC, consultoria de aviação sediada em Londres. Com a nova concorrência, o preço das passagens nesse circuito deve cair.
As novas companhias transatlânticas também enfrentarão em Heathrow forte concorrência do Oriente Médio. Quando competidores mais fracos como a Varig e a belga Sabena entraram em colapso, companhias mais ricas como a Qatar Airways, a Eithad Airlines de Abu Dabi e a Jet Airways Ltd. da Índia compraram espaços no já lotado Heathrow.
Um grande problema continuará: os engarrafamentos aéreos. Heathrow tem apenas duas pistas de pouso, ante quatro em Paris e seis em Amsterdã e Atlanta. Isso significa que atrasos no início da manhã podem prejudicar vôos à noite, provocando cancelamentos.
O T5, como é conhecido o terminal, não é uma solução instantânea para os problemas da BA. Até que um segundo anexo seja concluído em 2010, muitos passageiros terão de usar um ônibus para embarcar.
"Vários outros terminais de nível mundial estão sendo construídos em todo o mundo, então, apesar de ser uma grande melhoria para o atual arranjo da BA, não vai deixá-la à frente do resto (das companhias)", escreveu num relatório recente Chris Avery, analista do J.P. Morgan.
Mesmo assim, a BA ainda espera obter algumas vantagens mais urgentes. Hoje em dia, ela gasta 90 minutos para transferir vários passageiros de um avião para o outro em Heathrow, em comparação com menos de uma hora para outras companhias em outros aeroportos. Com a inauguração do T5, em 27 de março, a companhia prevê melhorias no tempo de transferência.
As três alianças mundiais de companhias aéreas que atualmente operam em Heathrow poderão consolidar as suas operações. As companhias ligadas à BA na aliança Oneworld se mudarão para o terminal próximo da nova casa da BA, facilitando as conexões."Heathrow é de longe o mercado mais lucrativo e importante para os viajantes de negócios", diz Glen Hauenstein, diretor-executivo da Delta, uma das companhias filiadas à SkyTeam que está transferindo para Heathrow vôos de Gatwick, um aeroporto secundário de Londres, e abrindo novas rotas. "Sem Heathrow, é como voar com uma mão amarrada nas costas."
Fonte: The Wall Street Journal
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