Fumaça provocada pela queda do avião na Barra da Tijuca/ Foto leitor Daniel Garibaldi
RIO - Quatro pessoas morreram na queda de um avião no final da manhã deste domingo na Avenida das Américas, na Barra da Tijuca, uma das principais vias do bairro da Zona Oeste do Rio. O monomotor modelo Cirrus SR22, prefixo TTIARO, caiu no terreno da concessionária Citroën, a 40 metros do condomínio Park Palace, logo após decolar do Aeroporto de Jacarepaguá. A torre de controle do aeroporto informou que o monomotor decolou às 11h50m já com fumaça e caiu às 11h53m. O piloto Frederico Carlos Xavier de Tolla fez contato com a torre e avisou que havia fogo no avião durante a decolagem. A torre então informou a ele que avistava fumaça na aeronave. Antes de cair, o piloto avisou à torre que tentaria voltar ao aeroporto, mas não conseguiu. Ele ainda teria tentado fazer um pouco de emergênca na Avenida das Américas, que não chegou a ser interditada.
De acordo com a Anac, o avião seguia para Florianópolis, em Santa Catarina, e só parou no Rio de Janeiro para abastecer. A aeronave decolou às 11h50m do Aeroporto de Jacarepaguá já com problemas. Ele caiu três minutos depois, quando o piloto tentava retornar para o aeroporto. O controlador confirmou que viu sinais de fumaça. Não se sabe se o piloto, ao perceber que cairia, de fato evitou que a aeronave atingisse os prédios. Tampouco está claro se ele tentou pousar na Avenida das Américas,
A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) informou que o piloto relatou um incêndio a bordo. Ele teria dito que retornaria para o aeroporto. Já o superintendente do Aeroporto de Jacarepaguá, Luís Fernando de Menezes Marques, diz que a transcrição das conversas só será concluída nesta segunda-feira. Ele afirma que em momento algum o piloto comunicou problemas.
O piloto amador Araújo Francisco de Assis, de 66 anos, que monitorava a freqüência do aeroporto, disse não ter ouvido qualquer conversa entre o piloto e a torre de controle:
- O controlador avisou que viu fumaça no avião no momento da decolagem. Houve silêncio no rádio. De repente, um piloto que sobrevoava o local falou sobre a queda.
O diretor regional da Agência Nacional de Aviação Civil, Enzo Schiavo, disse que se tratava de uma aeronave nova e que só a investigação feita pelo Serviço Regional de Investigação de Acidentes Aeronáuticos (Seripa) poderá determinar as causas do acidente. A Aeronáutica informou que o prazo legal é de 90 dias, mas pode ser antecipado, pois as autoridades já reuniram os elementos para fazer a investigação.
Para o comandante Alonso Júnior, que esteve no local depois da queda do avião, as causas mais prováveis teriam sido uma pane elétrica - nesse caso o piloto não poderia se comunicar com a torre - ou um vazamento de combustível.
- O vazamento poderia explicar as chamas. Nessas situações, só resta ao piloto tentar pousar a aeronave. O problema é que na região não há outra área além do aeroporto - disse.
Outra hipótese que será investigada é se a aeronave foi abastecida no Aeroporto de Jacarepaguá com combustível errado. Aviões de pequeno porte, como o aparelho acidentado, usam gasolina, enquanto que as de maior porte levam querosene. O delegado Carlos Augusto Nogueira Pinto, da 16ª DP (Barra), espera divulgar em dez dias um laudo preliminar. Ele explicou que a polícia vai investigar se a falha foi mecânica ou humana. Entre os documentos que pretende reunir estão o equivalente à caixa preta do avião e informações sobre os procedimentos de abastecimento, já que os caminhões são parecidos.
Na delegacia, o superintendente Luiz Fernando negou a possibilidade de a aeronave ter sido abastecida com combustível trocado. Ele acrescentou que o avião ficou cerca de uma hora em Jacarepaguá. Nesse período, não teria sido submetido a manutenções.
Segundo o delegado-adjunto da 16ª DP (Barra), Alessandro Thiers, os laudos da perícia dos corpos e do monomotor estarão prontos em dez dias, assim como o laudo da Aeronáutica sobre a situação técnica da aeronave. Segundo Thiers, a polícia vai procurar nos destroços a caixa-preta ou chip do avião.
- Vamos investigar se houve falha mecânica, humana ou se foi uma fatalidade. Vamos analisar também os procedimentos adotados pela torre de controle do Aeroporto de Jacarepaguá - disse o delegado-adjunto.
A aeronave chegou a atingir parcialmente um galpão que fica no terreno da concessionária. O piloto ainda teria tentado desviar, mas não conseguiu e bateu em uma janela. Segundo o ex-presidente da Varig Carlos Luís Martins, Frederico era funcionário aposentado da companhia aérea e tinha muita experiência em vôos. O segurança da concessionária, que estava dentro do galpão no momento da queda do avião, não ficou ferido. ( Eu-Repórter: leitores narram tragédia com avião que caiu na Barra da Tijuca )Equipes de resgate trabalham no local do acidente com monomotor Cirrus SR 22 na Barra da Tijuca / Foto: Gustavo Stephan O GloboO monomotor era do empresário Joci Martins, de 57 anos, dono da Cota Empreendimentos Imobiliários, de Santa Catarina. Além do piloto e do empresário, estavam na aeronave o também empresário Gilmar Sidnei Toni e o fazendeiro Sílvio Pedro Vanzella. A família de Joci Martins admitiu no início da tarde o seu desaparecimento. Os corpos foram removidos para o Instituto Médico Legal. Veja fotos da remoção dos corpos.
Segundo informações da Infraero, o empresário catarinense comprou a aeronave há apenas 40 dias, e tinha brevê de piloto.
" O tipo de aviação que se opera ali é adequada ao tipo de pista, pois são aeronaves de pequeno porte, basicamente helicópteros (Anac). "
Testemunhas que estavam próximas ao local afimaram ter ouvido pelo menos duas explosões antes da queda da aeronave, que ficou totalmente destroçada. O motor do avião teria parado de funcionar logo depois da decolagem.
"Havia muita fumaça e era um avião pequeno, que cortou o motor próximo ao meu prédio, que fica ao lado de onde ele se acidentou", relatou pelo Eu-Repórter, a sessão de jornalismo participativo do GLOBO ONLINE, o leitor que se identificou como Speroff da Silva Saulo.
O gerente regional da Anac no Rio, Enzo Schiavo, afirmou que o Aeroporto de Jacarepaguá está preparado para receber este tipo de avião mesmo estando em uma área populosa. Para especialistas ouvidos pelo Globo Online, o acidente não teve relação com as condições do aeroporto.
- Em todos os aeroportos do Brasil, as cidades foram crescendo ao redor. Mas o tipo de aviação que hoje opera ali é adequada ao tipo de pista, pois são aeronaves de pequeno porte, basicamente helicópteros - afirmou.
Em entrevista à GloboNews TV, o construtor de aviões Fábio Homem de Carvalho afirmou que o modelo SR22 da empresa americana Cirrus é um sucesso de vendas no Brasil, e é muito usado por empresários . No site da empresa, há cinco versões do modelo SR22, cujos preços variam de US$ 376 mil a US$ 539 mil, uma delas só disponível para região do caribe, América do Sul, África e Austrália.
Um dos principais atrativos do modelo, lançado no ano passado, é um pára-quedas capaz de reduzir a velocidade da queda em emergências e que está presente em todos os modelos. Carvalho, no entanto, explicou que o pára-quedas do monomotor só pode ser acionado após alcançar certa altura, o que não foi o caso, já que o avião apresentou problemas logo após a decolagem.
Fonte: O Globo
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