RIO - O delegado Carlos Augusto Nogueira Pinto, da 16ª DP (Barra), responsável pela investigação da queda do monomotor modelo Cirrus SR22, prefixo TTIARO, que deixou quatro mortos no início da manhã de domingo, na Barra da Tijuca , Zona Oeste do Rio, disse que, além de o piloto não responder alertas da torre ( ouça aqui ), ele também saberia que a aeronave foi abastecida com querosene , conforme reportagem publicada no jornal O Globo desta terça-feira ( acesso à matéria na íntegra só para assinantes ). O superintendente do aeroporto, Luís Fernando Marques, explicou que a responsabilidade de acompanhar o abastecimento é do piloto. Vizinhos da tragédia se dizem apreensivos e deputado quer pedir fechamento de aeroporto .
- A pessoa que abasteceu a aeronave diz ter uma testemunha que presenciou o procedimento. Ela afirma que o piloto sabia que o combustível era querosene - informou o delegado lembrando que todas as testemunhas serão ouvidas - Uma testemunha também contou que viu a aeronave dar uma engasgada na hora da decolagem.
De acordo com o superintendente, o piloto confere a litragem e também negocia preço do combustível.
- Quando a aeronave chega ao aeroporto, o piloto fala que quer abastecer para o fiscal de pista. Por rádio, o fiscal faz o pedido para as abastecedoras, que têm caminhões separados para gasolina e querosene - explicou Marques esclarecendo que não foi relatado à torre da Infraero falha ou reclamação do piloto.
Bocais de combustíveis são diferentes
O especialista em segurança de vôo, Jorge Barros, afirma que algumas hipóteses para o acidente devem ser consideradas. Ainda assim, ele não consegue entender como uma troca de combustível pode ser feita nessas circunstâncias.
- O bocal de gasolina é menor que o bico da mangueira do querosene. O encaixe não é perfeito. O caminhão abastecedor também sinalizado na lateral, dificultando uma eventual distração do piloto. O cheiro de gasolina e de querosene também são bem diferentes, mas também acho que os técnicos que trabalham em aeroportos são completamente despreparados.
Laudo complementar deve sair em 90 dias
Para ajudar nas investigações, a Infraero fez a transcrição de uma hora e 20 minutos de diálogos do piloto, desde que o avião aterrissou no Aeroporto de Jacarepaguá, às 10h20m, até levantar vôo, às 11h40m. O conteúdo das gravações será encaminhado para o Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes de Aeronaves (Seripa- 3) e para a 16ª DP.
Na segunda de manhã, três peritos do Centro Nacional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), órgão da Aeronáutica, estiveram no local do acidente. Vestindo roupas inflamáveis, analisaram os destroços. Segundo o delegado Nogueira, o pára-quedas do avião não estava aberto. Os peritos também encontraram a caixa-preta. O equipamento será enviado para análise em Washington (EUA). O delegado disse ainda que um laudo preliminar do acidente deve ficar pronto em dez dias, mas o prazo pode ser estendido em até 80 dias.
Fonte: O Globo
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