18.7.08

Controladores são condenados por motim

Justiça Militar sentenciou oito operadores de Manaus a penas que incluem prisão e perda dos cargos

Os oito controladores do Cindacta-4 (Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle do Tráfego Aéreo) acusados de promover o motim que interrompeu o tráfego aéreo do país em 30 de março de 2007 foram condenados ontem pela Justiça Militar, em Manaus, a penas que vão de dois meses a dois anos e dois meses de detenção, além da perda dos cargos.

Os militares foram condenados pelos crimes de publicação ou crítica indevida, desrespeito a superior e incitamento à desobediência, à indisciplina ou à prática de crime militar, previstos no Código Penal Militar. Eles poderão recorrer da decisão em liberdade.

Dos oito, apenas o sargento Rivelino Paiva não perdeu o cargo. Os outros foram os sargentos Lisandro Koyama, Alex Gonçalves Sá, Daniel Tavares de Lima, Walber Sousa Oliveira, Wilson Aragão, Wendelson Pereira Pessoa e Michael Rodrigues. Eles negam os crimes.

A reportagem não conseguiu contatar o advogado dos controladores. Mulheres dos militares choraram após a decisão.

A crise no controle do tráfego aéreo, que teve seu ápice em março de 2007, foi desencadeada pelo acidente com o Boeing da Gol, em 2006. Controladores militares se rebelaram em protesto contra sobrecarga de trabalho, falhas nos equipamentos e defasagem tecnológica nos Cindactas. A idéia era forçar a desmilitarização.

Em Manaus, controladores permaneceram aquartelados e em greve de fome dentro do Cindacta-4. Eles se deixaram fotografar e a imagem virou o símbolo do apagão aéreo.

Em 8 de abril de 2007, concederam entrevistas à Folha e disseram não se arrepender do protesto. Por causa da reportagem, foram acusados de desrespeito à hierarquia e às normas do regimento militar.

O Ministério Público Militar denunciou os oito controladores do Cindacta-4. Em 14 de agosto, sete foram presos e soltos dois meses depois. As prisões foram motivo de protestos da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara.

Fonte: Agência Folha

4 comentários:

TOMAZ disse...

Prezado Rafael Matera

Este é um fato, que não deveria ter acontecido, pois são todos militares e ao entrar para a FAB no quadro de CTA, sabiam das normas vigentes e de toidas as obrigações para com o Estado Brasileiro e o povo que paga pelo serviço.

A questão salarial é um dos pontos que provoca a polemica em torno do aparato do controle de tráfego aéreo, a dispariadade é grande entre civis e militares, e em relação aos CTAs de outros países nem se fala.

O nosso controle de tráfego aéreo é um dos mais bem equipados do mundo e reconhecido como um dos mais bem estruturados valendo hoje algo em torno de R$ 6 bilhoes de Reais, daí que a proposta de privatização também não avançar até por que se tivermos de duplicar todo o sistema, seriam mais R$ 6 bihoes, então meu caro, quem entra para o ramo já deve saber de antemão o que receberá em troca e os deveres que ~terá de cumprir. Goste ou não, é uma profissão para poucos e muito bela mas que é pouco divulagado o trabalho de extrema importancia realizado por homens e mulheres em todo o Braile o mundo.
Atenciosamente.
Tomaz/RJ

Rafael Matera disse...

Olá Tomaz,

Concordo com vc...
Só acho que não podemmos comparar os salários com outros países, diferença salarial entre civis e militares que desempenham a mesma função é um absurdo, mas isso não é "privilégio" dos controladores.
Trabalhei em instituição militar e sempre tive o meu salário menor do que um oficial da Aeronáutica que desempenhava a mesma função...
Obrigado pelo comentário.
Um abraço

RAFAEL MATERA

Bemildo Ferreira disse...

Visto de dentro, o sistema é grandioso assim como se falou, mas a questão é apenas focada no trabalho dos controladores de tráfego aéreo, dos provedores de informações e meteorologia aeronáuticas, dos "comunicações" e dos que fazem a manutenção específica do sistema de apoio à navegação aérea. Mais, o pessoal não fez Motim porém auto-aquartelou-se. É só rever as notícias da época e ver as fotos. A forma escolhida de manifestação foi para pressionar o governo a por em prática a decisão que vinha sendo contestada e -- principalmente -- minada pelo COMAER desde que o Grupo de Trabalho do Ministério da Defesa (formados pelos SNA, ABAG, SNEA, SNTPV, FEBRACTA, ABETAR e DECEA) deu sua posição final. O Sistema não precisa ser duplicado: as instalações existentes permitem que os trabalhadores que quiserem exercer a atividade na condição de civis possam utilizar os equipamentos enquanto os que permanecessem militares fariam a Defesa Aérea. Um sinal de radar já é atualmente dividido para as duas instâncias.

Cumprimentos,

Bemildo Ferreira

Rafael Matera disse...

Olá Bemildo,

Obrigado pelo comentário.
Um abraço

RAFAEL MATERA