Quando da primeira tentativa da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) de liberar os preços das passagens em voos internacionais de longo curso, no fim de 2008, o diretor de vendas da British Airways no Brasil, José Coimbra, passou dois longos dias reunido com dirigentes da matriz da companhia para definir como e quando baixar as tarifas num novo ambiente de competição livre. Concluíram que, conforme a demanda caísse, os preços seriam reduzidos para estimulá-la. Na ocasião, calcularam que a passagem na rota Brasil-Inglaterra, antes obrigatoriamente fixada em US$ 869, poderia chegar a custar 40% menos num cenário sem restrições - ou US$ 579, o menor valor que a British oferece nos voos entre Argentina e Inglaterra, por exemplo.
A liberação, contudo, foi barrada no fim de dezembro pelo Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias (Snea) que, representando especialmente a TAM, única companhia nacional com voos de longo curso ao exterior, questionou judicialmente o fato de a Anac não ter realizado uma audiência pública presencial sobre o tema. A audiência foi então realizada em fevereiro e, ontem, a agência publicou pela segunda vez a regra que libera gradualmente os preços.
Agora, porém, Coimbra diz ainda não ter uma estratégia de preços traçada para os próximos meses. "Vamos ter uma atitude cautelosa, levando em conta dois pontos: como a demanda está se recuperando e como a concorrência vai agir daqui pra frente", diz.
Pela regra da Anac, as empresas aéreas estão livres desde ontem para dar descontos de até 20% sobre o piso mínimo fixado. Daqui a três e seis meses, os desconto poderão ser de até 50% e 80%, respectivamente. Em 2010, as tarifas ficam sem qualquer restrição.
Na portuguesa TAP, hoje a empresa aérea com mais voos entre Brasil e Europa - mais de 60 -, também não há previsão sobre quando os descontos começarão a ser praticados. "A TAP vai aplicar desde que veja necessidade, em alguns momentos de menor demanda, em determinadas rotas", diz Mário Carvalho, diretor da aérea no Brasil. "Por enquanto, só estamos vendendo passagens com desconto junto com as operadoras de viagens, não isoladamente." Ontem, a TAP lançou promoção para pacotes junto com a CVC.
Para Marcelo Guaranys, diretor da Anac, os descontos devem começar a ser aplicados nas rotas que já vinham sendo oferecidas pelo preço mínimo fixado e naquelas que têm mais concorrência. Talvez o melhor exemplo de onde os descontos podem ter início seja a ligação Brasil-Estados Unidos, onde TAM, American Airlines, Delta, Continental e United competem diretamente e outras, como Lan e Copa, comem pelas beiradas. "Empresas entrantes no mercado brasileiro, como a Turkish Airlines, também já relataram interesse em oferecer preços mais baixos para fomentar os novos voos", afirma Guaranys. A Turkish começou a voar para o Brasil neste mês.
A Air France-KLM também já se pronunciou a favor da liberação, pois isso viabilizaria promoções num momento de crise, em que é preciso estimular viagens.
Já a TAM vem se pronunciando contra a liberação tarifária e na quarta-feira disse que a medida trará desvantagem concorrencial às aéreas brasileiras. Ontem, o Snea não quis comentar a nova política de preços.
Fonte: Valor Econômicoc
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