Os balanços das duas principais companhias aéreas brasileiras também colaboram para o saldo negativo da aviação comercial no ano que passou. Em razão do impacto da desvalorização cambial sobre os ativos e as dívidas em dólar, com a variação na cotação do petróleo, ambas mostraram uma oscilação desfavorável como há muito não se via.
Juntas, TAM e Gol somaram um prejuízo de R$ 2,74 bilhões ( R$ 1,36 bilhão da TAM e R$ 1,38 da Gol ). Acrescentados dos outros números negativos das empresas menores, são quase R$ 3 bilhões no total. Porém, apesar de aparentemente quase idênticos no prejuízo, os balanços das maiores trazem uma diferença fundamental. Na operação propriamente dita, a TAM teve lucro de R$ 688 milhões, enquanto a Gol registrou um prejuízo de R$ 88,6 milhões.
São números que ilustram um cenário de mudanças nos últimos quatro anos. Desde 2005, a Gol passou da euforia de ser a sensação do setor aéreo e do mercado de capitais, com o seu inovador conceito low cost (tarifas baixas), para um desempenho em queda no mercado. O valor de cotação na bolsa mostra como foi esta modificação: naquela época a Gol era avaliada em R$ 13 bilhões, o dobro dos R$ 6,4 bilhões da TAM, agora está em torno de R$ 1,4 bilhão, ou dois terços do valor atual da TAM, de cerca de R$ 2,1 bilhões. A aquisição da Varig, em março de 2007, por US$ 320 milhões, voltou a ser colocada por analistas como o principal aspecto negativo para as perdas da Gol.
"A Gol perdeu o encanto de ser nova, ousada e criativa. Isso não acontece da noite para o dia, mas é natural que ocorra se não tomar cuidados extremos", avalia o presidente do Instituto Brasileiro de Estudos Estratégicos e de Políticas Públiccas em Transporte Aéreo (Cepta), Respício Espírito Santo Jr, segundo declarações à Agência Estado.
Fonte: Brasilturis
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