A rede de TV francesa France 2 divulgou em reportagem nesta quinta-feira (4) o relatório do sistema Acars (sigla em inglês para Sistema de Comunicação e Reporte) do Airbus 330-200 da Air France que caiu sobre o Oceano Atlântico na noite do domingo (31). O relatório compila os avisos que são enviados automaticamente a partir da aeronave para a base da Air France, que monitora remotamente toda a sua frota.
As mensagens do Acars, denominadas em francês "liste des événements Acars" (lista dos eventos Acars), devem ser lidas de baixo para cima. A hora aparece sob a forma de quatro algarismos, no fuso horário de Greenwich, na Inglaterra - ou seja, onde está escrito "0210" deve-se entender 2h10 da manhã em Greenwich, ou 23h10 da noite no Brasil.
A primeira mensagem relevante aparece justamente nesse horário: AUTO FLT AP OFF. Ela indica que o piloto automático parou de funcionar, por defeito ou decisão do comandante. O sistema registra apenas os acontecimentos, sem explicar a causa. Ainda às 0210 (23h10), aparecem as mensagens FLAG ON CAPT PFD e FLAG ON F/O PFD. Elas significam que tanto o piloto (o capitão) quanto o co-piloto perderam algumas informações no painel de instrumentos.
Às 0212 (23h12), uma nova mensagem indica que os sistemas IR1 e IR3 deixaram de funcionar. Segundo o especialista francês, trata-se das centrais inerciais, que ajudam o piloto a saber se o avião está subindo e descendo quando não é possível ver isso pelo pára-brisa. Por fim, às 0214 (23h14), a última mensagem enviada pelo avião indica novos problemas técnicos.
Uma reportagem publicada nesta terça-feira (2) pelo jornal Jornal da Tarde havia noticiado a mesma sequência de eventos. Às 23h, o sistema da empresa aérea registrou que a aeronave, que fazia a rota Rio de Janeiro-Paris, atravessava uma área sobre cumulus nimbus - um tipo de nuvem que causa instabilidade. O primeiro sinal de possível problema chegou às 23h10 (horário de Brasília) e informava que o piloto automático do A330 havia se desconectado.
Em si, essa alteração não chega a ser incomum: pode acontecer quando há divergências de cálculos entre o piloto e o copiloto automáticos, por exemplo. A mensagem seguinte informa problemas com o sistema fly-by-wire, o que aponta uma possível pane nos sistemas informatizados do jato. Os alertas subsequentes mostraram falhas em computadores essenciais ao voo, como os que registram dados de altitude e velocidade do avião. Segundo a reportagem, sem essas informações, a tripulação pode ter pedido o controle da aeronave.
Fonte: http://gazetaonline.globo.com/
Um comentário:
Como é que é???"divergências de cálculos entre o piloto e o COPILOTO automáticos"??? Por favor,vamos manter a seriedade e evitar a desinformação do público leigo.N-Ã-O E-X-I-S-T-E-M "PILOTO E COPILOTO AUTOMÁTICOS". Não se trata de 2 robozinhos,um com 4 faixas douradas e outro com 3, que conduzem o avião enquanto os pilotos lêem jornais e revistas, fazem speech no passenger address etc. É patético, para dizer o mínimo. Existem 2 "pilotos automáticos" 1 e 2, ou A e B,conforme o tipo do equipamento, mas nada funciona sem a intervenção qualificada/experiente/rotineira do aviador(para grande desapontamento de certos engenheiros,os quais pensam que piloto - atualmente - é um mal necessário, e que o produto deles é impecável).Essa baboseira da Airbus de querer limitar a atuação do ser humano dentro da cabine de comando,bem como de limitar-lhe o conhecimento do que está ocorrendo a bordo, finalmente começou a mostrar resultados.Ninguém pilota mais,atualmente nós só "gerenciamos e monitoramos sistemas",pois não? Certas "escolas de vôo"(ou escolas de bitolação)estimulam os cadetes a tocar nos controles o mínimo possível, "a automação se encarrega de tudo" (e quando a automação falha? quem voa?)etc.
Pois é...até aqui haviam sido pequenos incidentes/acidentes. Agora, as grandes tragédias chegaram. Apertem os cintos.
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