23.8.09

França encerra busca por caixas-pretas

Escritório encarregado de investigar queda do avião da Air France na rota Rio-Paris, em 31 de maio, promete retomar procura após analisar informações que já foram coletadas

O Escritório de Investigações e Análises para a Aviação Civil (BEA) anunciou ontem, em Paris, o término sem sucesso da segunda fase de buscas das caixas-pretas do Airbus da Air France. O BEA é responsável pela apuração das causas do acidente com o voo 447, ocorrido em 31 de maio, entre o Rio de Janeiro e Paris. O encerramento da operação aconteceu no mesmo dia em que a família de um dos 228 passageiros e tripulantes do Airbus A330 pediu à Justiça que investigue a Air France por responsabilidade sobre a pane das sondas de velocidade do aparelho.

A confirmação de que as buscas dos destroços se encerraram temporariamente no Oceano Atlântico foi feita pelo BEA na tarde de ontem, em Paris, via nota oficial. A segunda fase, iniciada em 1º de julho, chegou ao fim com o retorno do navio científico Pourquoi Pas a Dacar, no Senegal. “Os trabalhos permitiram completar a exploração da zona de buscas que tinha sido determinada após o acidente, um círculo de raio de 75 quilômetros sobre a última mensagem de posição transmitida pelo avião às 2h10 (23h10 de Brasília)”, informou a nota.

Os peritos do escritório, ainda de acordo com o texto, analisarão as informações coletadas pela pesquisa e elaborarão uma nova fase de buscas, assim como decidirão os meios necessários para a localização dos destroços em alto-mar, em grandes profundidades.

Ao mesmo tempo que o órgão francês emitia a nota, ele era acusado, em Toulon, no Sul do país, de efetuar “comunicação política” que atenderia os interesses da Air France e da Airbus, empresas das quais o governo – financiador do BEA – é sócio. A suspeita foi levantada pelos familiares da aeromoça Carla Mar Amado, 31 anos, desaparecida na queda da aeronave.

Jean-Claude Guidicelli, advogado da família, acusou diretamente a companhia aérea de dissimular a verdade sobre as causas da tragédia. “É preciso que Air France pague pelo que fez e que assuma as responsabilidades pelas sondas Pitot”, afirmou, referindo-se aos sensores de velocidade do aparelho. “Fazem crer às famílias das vítimas que se está em busca da verdade, quando a verdade é conhecida: as sondas pitot são a causa exclusiva da queda do aparelho.”

EQUIPAMENTO

A falha de funcionamento dos tubos de pitot é conhecida desde as primeiras horas após o acidente porque constava das mensagens automáticas enviadas pelo aparelho antes da queda. No entanto, especialistas do BEA a consideraram uma falha não necessariamente determinante para o acidente. Além da apuração das causas técnicas do desastre, comandada pelo BEA, uma investigação jurídica é realizada pelo Ministério Público de Paris. Até aqui, o inquérito considera a hipótese de “homicídio involuntário”.

O presidente da Airbus, Thomas Enders, disse, em entrevista em 30 de julho ao jornal La Tribune, que o construtor aeronáutico estaria disposto a colaborar para a extensão dos trabalhos de buscas, “oferecendo uma contribuição grande” na terceira fase, que começa agora. O jornal avaliava essa contribuição entre 12 e 20 milhões de euros (entre R$ 30 e R$ 50 milhões) para um período de três meses, informação não confirmada pela Airbus, mas um porta-voz assegurou que a companhia está “dedicada à causa, porque quer saber o que aconteceu.”

Fonte: Estado de Minas

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