3.11.09

VASP....

Falência: Trabalhadores podem receber créditos antes do fim do processo com venda de fazenda

Os ex-trabalhadores da Vasp estão a um passo de conseguirem um feito inédito na história das falências brasileiras. Eles terão a possibilidade de receber boa parte dos créditos a que têm direito sem se submeterem ao processo de falência da companhia aérea, decretada em setembro do ano passado. O que deve assegurar o pagamento é a venda da Fazenda Piratininga, um complexo agropecuário com 135 mil hectares no extremo norte do Estado de Goiás, pertencente ao empresário Wagner Canhedo e avaliado em R$ 500 milhões. Nesta semana, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) abriu os caminhos para que isso ocorra. A corte julgou que a Justiça do Trabalho deve conduzir o processo de posse (juridicamente chamado de adjudicação) da propriedade pelos ex-empregados e não o juiz da recuperação judicial da Agropecuária Vale do Araguaia, dona da Fazenda Piratininga. Com isso, a solução do impasse depende apenas da confirmação pelo Tribunal Regional do Trabalho (TRT) de São Paulo do que já foi dado pela primeira instância, ou seja,
a propriedade do bem. Na avaliação de especialistas - pela jurisprudência da Justiça do Trabalho e pelo histórico do processo que deu origem ao bloqueio da fazenda -, a confirmação deve ocorrer sem problemas.

A possibilidade dos 12 mil ex--trabalhadores da Vasp em todo país receberem seus créditos sem passar pelo processo de falência se deve a uma ação civil pública proposta em 2005 pelo Ministério Público do Trabalho, Sindicato Nacional dos Aeronautas e Sindicato Estadual dos Aeroviários. O processo teve o objetivo de assegurar aos empregados o pagamento dos salários atrasados e a solução de uma série de irregularidades relacionadas às obrigações trabalhistas cometidas pela Vasp, cujos valores chegam hoje a quase R$ 1,6 bilhão. Um acordo assinado por Wagner Canhedo perante a Justiça do Trabalho no mesmo ano, no qual ele se comprometia a pagar os salários atrasados dos trabalhadores e cumprir uma série de normas trabalhistas que não vinham sendo observadas também colaborou para que a adjudicação ocorresse. Nesse documento, o empresário teria reconhecido a responsabilidade solidária do grupo econômico, formado por três empresas, pelo pagamento dos débitos trabalhistas existentes caso a Vasp não os quitasse.

A mesma ação civil pública que pediu o cumprimento de deveres trabalhistas também pediu a intervenção da Vasp, aceita pelo Judiciário e que perdurou até a aprovação da recuperação judicial da empresa, em junho de 2005. No ano passado, a falência da empresa foi decretada pela Justiça de São Paulo. Mesmo com a recuperação e posteriormente com a falência, o processo para a cobrança do pagamento dos trabalhadores continuou a correr no Judiciário. A ação principal já transitou em julgado e assegurou o bloqueio da fazenda. A partir dessa decisão, os sindicatos dos trabalhadores envolvidos no processo pediram a posse do bem concedida pela primeira instância. Os advogados que representam Canhedo, Cristina Pires Furtado e Everson Ricardo Arraes, do escritório Pires Furtado e Advogados Associados, recorreram ao TRT contra essa decisão, que aguarda o pronunciamento do tribunal. Paralelamente a esse processo, foi pedida a recuperação judicial da Agropecuária Vale do Araguaia, dona da Fazenda Piratininga, concedida pela Justiça de Brasília. Ao obter a recuperação judicial, a empresa ficaria protegida por pelo menos seis meses da execução de credores, o que em tese incluiria a fazenda.

O STJ nesta semana, porém, decidiu no recurso chamado conflito de competência que o pedido de adjudicação da fazenda foi feito bem antes do pedido de recuperação judicial e que o prazo de seis meses de proteção já teria corrido. Por essa razão, o processo voltou para a Justiça do Trabalho. Dessa decisão, não cabe mais recurso no STJ. O advogado que representou o Sindicato dos Aeroviários do Estado de São Paulo no conflito de competência, Carlos Duque Estrada Jr, afirma que se a fazenda for levada a leilão, dos 12 mil trabalhadores do país com créditos a receber, cerca de dez mil terão toda a dívida quitada, pois a maioria nesses casos tem créditos abaixo de R$ 100 mil. O valor da dívida da Vasp está na casa dos R$ 1,6 bilhão, segundo ele.

A advogada de Canhedo, Cristina Pires Furtado, afirma que aguarda o julgamento do recurso contra a adjudicação e também um recurso de exceção de suspeição do juiz da primeira instância que acompanhava o caso. Segundo ela, o magistrado deveria ter se declarado suspeito para julgar o processo, pois deu entrevista à imprensa sobre o caso, o que o Estatuto da Magistratura proibiria. Everson Ricardo Arraes acrescenta que esses créditos deveriam ser cobrados na falência da Vasp, pois a empresa teria patrimônio suficiente - avaliado em R$ 4 bilhões -, entre imóveis e aeronaves, para cobrir os débitos.

Fonte: Valor Econômico

5 comentários:

Roberto Carvalho disse...

Caro Rafael, achei seu Blog através do blog do João Madruga. Agora é mais um na minha listya de blog para ser acompanhado. Parabéns pelo seu trabalho. Aproveito para divulgar o meu Blog com postagens a cada 5 dias mais ou menos onde conto estórias de aviação e a minha história dentro dela www.betocarva.blogspot.com Um abraço, Roberto.

Anônimo disse...

Pediria aos juizes e desembargadores e varias outras autoridades que acompanham este caso, que vejam mais para o lado humano(trabalhadores),e não concedeçem nenhuma liminar a favor deste que se diz empresário.
Digo isto senhores, é porque sei que teve vários pais de familia que perderam casa,apartamentos e outros bens inclusive o pior de tudo um pouco de auto estima,devido este salafrario ter surrupiado os direitos dos trabalhadores da VASP.

Anônimo disse...

VASP,trabalhei 16 anos nesta empresa e nem os meus direitos de trabalhador não recebí,culpa da justiça concedendo tantas liminares em favor de quem me garfou.
Mas tenho um pouco de esperança

Unknown disse...

Chega de liminares, já é publico os direitos de nós ex-empregados e que precisamos do dinheiro.Se o Sr Wagner Canhedo está tão pobre assim, prometo que após receber vou demorar o mesmo tempo que ele(10 anos até agora) para analisar um pedido de empréstimo pra ele.vamos acabar com isso logo.

Anônimo disse...

Lembrança:Assim que Collor assumiu, o brinde para o Canhedo já estava pronto, era a VASP, comprada por 10 milhões de dólares, creio, era este valor., fundou a VOE, com $$$ dos funcionários, cortou hs.extras, diminui salários, não pagava horas extras,se meteu a voar , Japão, Coréia do Sul,Marrocos, Grécia, Europa, EUA, com a conivência do Governo Federal, sem que fosse feita uma análise economico-financeira, de equipamentos (aviões), equipagem, uma aventura louca, um desvairio, pergunto: O Governo Federal possui sua cota de culpa neste caso da VASP, quem autorizou estas linhas???.....Onde estava o DAC????......Os coronéis que lá estavam????....Canhedo manipulava a politica em Brasilia, os politicos, o final, foi o que se sabe, a FALÊNCIA.