Pode apostar: no Aeroporto Internacional de Las Vegas (KLAS na ICAO ou LAS na IATA) você vai se divertir a valer. O Aeroporto Internacional McCarran, localizado no estado de Nevada (Estados Unidos da América), no condado de Clark, situa-se a meros 8 km do centro da cidade. O movimento é intenso desde as primeiras horas da manhã até o fim do dia.
Na verdade, LAS é um dos aeroportos de maior tráfego do mundo: além de servir como hub de empresas como a Southwest Airlines, US Airways e Allegiant Air, recebe vôos diretos de vários países: Canadá (Air Canada), Inglaterra (Virgin Atlantic), Coréia (Korean Air) e México (Aviacsa e Mexicana). Isso sem falar em inúmeros vôos charters e num tráfego inacreditável de "Business Jets" - que voam como moscas para Las Vegas entre as quintas-feiras e sábados, retornando aos domingos.
LAS em 2005 foi o 10º aeroporto mais movimentado do mundo. Por ele passaram nada menos que 44.280.190 passageiros. LAS foi o 15º em termos de movimentações de aeronaves, com 605.046 operações. Os dados mais atualizados mostram que a cada dia, nada menos que 1.600 operações de pousos e decolagens são realizadas em suas quatro pistas.
A maior delas, 07L/25R, tem 4.423 m de extensão. E pode ter certeza: durante o verão, quando a temperatura durante o dia ultrapassa 45ºC, cada centímetro dessa pista é importante para permitir operações sem restrições dos mais variados tipos que por lá transitam. Que vão desde os 747 da Virgin, 777 da Korean e DC-10-30F da Fedex até nuvens, repito, nuvens de Boeings 737 da Southwest. O entra-e-sai, pousa-e-decola dos Boeings da empresa aérea que é a "Mãe de Todas As Low-Costs" é incessante. Basta olhar para a reta final: por todo o dia há três ou quatro aeronaves visíveis na seqüência. Destas, pelo menos uma e normalmente duas, são jatos da companhia. O recorde foi ver cinco 737 da Southwest, um atrás do outro, entrando no glideslope para a pista 25L, a mais utilizada para pousos.
Por sinal, é aí mesmo que o distinto spotter tem de ficar. Próximo à cabeceira, na rua vicinal pelo limite sul do aeroporto, há um posto de gasolina que serve de base para permitir horas e horas de vigília, acompanhando as chegadas (posição assinalada no mapa). Se o leitor tiver ou comprar uma escada de pelo menos cinco degraus, poderá também, com algum esforço e equilíbrio, ficar de pé na pontinha da mesma e, por sobre a cerca, fotografar as aeronaves alinhando na pista 25R, usada prioritariamente para decolagens.
E somente de posse de uma escada é possível aproveitar outro ponto que permite fotos espetaculares: fica mais a oeste, na mesma rua. Há um estacionamento no local, dedicado àqueles que querem ver de perto o pouso das aeronaves. Normalmente, os jatos tocam exatamente em frente a esse ponto, o que permite infinitas possibilidades de captação de imagens de ação. Veja os resultados nas fotos ao lado, como por exemplo, do N352SW (Lone Star One) da Southwest.
Mas é bom lembrar que fotografar em Las Vegas exige cuidados adicionais e bom planejamento. A cidade, situada a 688m em pleno deserto, tem baixíssima umidade. Quando lá estive, na última semana do inverno, em março de 2007, o nível de umidade no ar era de apenas 11% e a temperatura as 15h00 passava dos 35ºC. Como conseqüência, aparentemente não há muita transpiração, pois o suor evapora-se instantaneamente. Ou seja, é muito fácil desidratar-se. Portanto, cuidado: beba profusamente e abrigue-se do sol, usando chapéus, protetores solares ou o que tiver à mão. Nos dois dias que passei fotografando, consumi mais de 5 litros de líquidos (por dia) entre as 07h30 da manhã e as 18h00, período em que a posição do sol relativa à pista 25L permitiu fotografar. Antes e depois disso, o astro-rei está bem no eixo das pistas 25, o que só permite fotos mais "dramáticas".
Em termos de tráfego, LAS é uma festa. Todas as grandes empresas aéreas norte-americanas têm dezenas de vôos durante o dia. As menores empresas escalam pelo menos um vôo por dia para a meca do jogo. Há padrões definidos de tráfego. Durante o dia, o movimento é tão intenso que quase não se percebe os seis "bancos" de chegadas e saídas, típicos dos hubs. Como há muitos vôos extras, entre jatos executivos (a maioria de grande porte), charters e serviços regionais, o movimento praticamente não pára. Há um padrão básico de origem dos vôos. As ligações da costa leste para LAS só começam a chegar depois das 11h00 da manhã. Da costa oeste, o tráfego é contínuo, desde as primeiras horas da manhã.
Os dias mais "quentes" no deserto de Nevada são justamente quinta e sexta-feira, quando a maioria dos vôos chega para trazer os turistas e apostadores. Os grandes hotéis e cassinos trazem os jogadores mais contumazes em seus próprios bizjets (a maioria do calibre do Gulfstream 550 ou Challenger), alguns dos quais ostentam pinturas super-atraentes, como é o caso do Legacy N900EM visto ao lado. Aos sábados, o tráfego de vôos charter esquenta mais, sobretudo de origem canadense.
Aos domingos, os bizjets deixam a cidade cheios de jogadores de bolsos vazios (a maioria), ou em casos menos frequentes, levam os novos milionários feitos nas mesas de pôquer e bacará. Seja como for, dois ou três dias na cidade são diversão certa: enquanto há luz, fotos e mais fotos de aeronaves; quando o sol se põe e a temperatura desaba (as vezes, até 15ºC), chega a hora de se divertir pela cidade. Um verdadeiro universo kitsch é "Vegas", como todos a chamam.
À parte a patética arquitetura do local, os bons restaurantes, dezenas de shows de primeiríssima linha, shoppings opulentos e hotéis gigantescos completam as atrações desta incrível cidade. Que se não fosse pela notável combinação de visão e espírito empreendedor típicos dos yankees, não seria outra coisa senão um esquecido e poeirento povoado no deserto. Las Vegas, a cidade qe tinha tudo para não ser nada, não é uma miragem do deserto. É uma aposta mirabolante que se pagou.
Gianfranco Beting
Fonte: Jetsite
Nenhum comentário:
Postar um comentário