Por que um voo de seis horas, agora, leva sete?
Várias companhias aéreas norte-americanas têm vindo ao longo dos anos alongando seus horários oficiais de chegada nos voos domésticos e mantendo os de partida. Um procedimento com múltiplas justificativas.
Entre 1996 e 2010, a duração oficial do voo Nova York-Los Angeles, pela Delta Airlines, aumentou mais de uma hora, de seis para mais de sete. No mesmo período de tempo, nove anos, a mesma rota, pela American Airlines, passou de seis horas e dois minutos para seis horas e trinta e cinco. Outro exemplo: um voo entre Chicago e Nova York pela Delta durava uma hora e cinquenta e quatro minutos, mas hoje tem uma duração oficial de duas horas e 36 minutos.
Os exemplos foram recolhidos pelo The Wall Street Journal. São muitos e envolvem nove companhias aéreas norte-americanas, das maiores a pequenas companhias regionais.
Uma explicação informada é tratar-se de um procedimento com o objetivo de eliminar a possibilidade de um voo ser oficialmente classificado como atrasado, diminuindo assim, responsabilidades perante os passageiros. Estes, na maior parte dos casos alheios às alterações, podem ver-se em situações inesperadas, como no caso de um passageiro citado pelo jornal norte-americano, que partiu de Nova York para chegar a Dallas com nada menos que 55 minutos de adiantamento em relação ao horário previsto. Mas à primeira reação de contentamento sucedeu-se a frustração de permanecer no avião à espera do ‘finger’ no terminal, dado o “adiantado” da chegada.
O The Wall Street Journal examinou os horários oficiais de 50 voos domésticos de nove companhias norte-americanas e concluiu que de 1996 até hoje houve um avanço médio de 10 % na duração prevista dos voos, equivalente há 17 minutos. O caso mais extremo é o de um voo da Delta Airlines entre Atlanta e Orlando, que em 1996 tinha uma duração prevista de 74 minutos, e hoje de 103 minutos, aumento de 39 %. Só em cinco dos cinquenta voos analisados a duração prevista não aumentou, e apenas um viu essa duração diminuída, em cinco minutos. Importante frisar que boa parte dos aumentos de duração foram introduzidos em 2009, embora a tendência já tenha anos.
As companhias argumentam que o aumento da duração dos voos reflete os crescentes congestionamentos nos aeroportos e no controle de tráfego aéreo, assim como uma diminuição da velocidade das aeronaves, em cerca de 2 %, numa medida de poupança de combustível.
Outro argumento é o de uma série de voos domésticos terem nos últimos anos passado a ser realizados em aparelhos de menor dimensão, os chamados jatos regionais, que as companhias não só afirmam serem mais lentos que os aparelhos “full size”, com mais de cem lugares, como argumentam ainda que os pequenos jatos podem obrigar aparelhos mais rápidos que os sigam a diminuir sua velocidade…
Alguns responsáveis reconhecem simplesmente tratar-se de uma forma de melhorar os seus índices de pontualidade, uma “folga” nos horários. Uma perspectiva que um analista citado pelo jornal não hesita em classificar como “burrice dispendiosa”, pois implica um tempo artificialmente acrescido de ocupação da frota, diminuindo o número de voos que cada aeronave pode realizar e a rentabilidade, ao que se contrapõe que um dos efeitos da atual crise na aviação foi precisamente a diminuição do uso das frotas, pela queda da procura. Um fato que leva a esperar que a situação se vá normalizando com a recuperação econômica. Uma esperança que não altera o fato de esta ser uma tendência crescente nos últimos anos, e certo mesmo, para já, é que nos Estados Unidos há voos que muito dificilmente chegam atrasados face ao horário oficial.
Fonte: Turisver (Portugal) / Aviation News
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