Terminou no dia 29, no JW Marriott, na praia de Copacabana, o Airline Distribution 2010, conferência dedicada a debater os desafios e novas tendências da indústria de aviação mundial. O evento conta com a participação de representantes de companhias aéreas nacionais e internacionais, além de empresas especializadas em soluções de TI e distribuição para o mercado de turismo, e possui uma programação composta por palestras sobre temas ligados à canais de venda, pagamentos e revenue management, entre outros.
E nesta quarta-feira, dia 28, com o patrocínio da Amadeus, foi realizada a palestra “Airline Product and Strategy”, que discutiu oportunidades e desafios associados ao desenvolvimento e lançamento das chamadas branded fares, tarifas diferenciadas que podem incluir serviços à la carte embutidos em seu preço final, como cobrança sobre bagagens e alimentação à bordo.
“Numa indústria em constante pressão financeira, e a última crise nos mostrou bem isso, o preço da passagem é uma parte importante, se não fundamental, para atrair o cliente. As branded fares podem ser uma nova maneira de se ganhar dinheiro no setor. Ainda assim, há desafios muito grandes até colocá-las em prática em todo o mundo”, avaliou o consultor de aviação e ex-executivo da Frontier Airlines (EUA), Tom Bacon, que comandou o painel.
Para o diretor da área de Distribuição para o mercado de aviação do grupo Amadeus, Robert Buckman, é importante cada empresa aérea – e isso também vale para agências de viagens – saber passar bem as vantagens das branded fares. “Mais do que tudo é preciso atingir o cliente e explorar todos os canais possíveis. A telefonia celular como canal de venda, por exemplo, já é uma realidade”, avaliou.
Branded fares
Praticadas à exaustão no exterior – talvez a irlandesa Ryanair seja o exemplo cristalino desse modelo – as branded fares ainda estão bem distante da realidade do mercado brasileiro. Cobrar pela bagagem ou por assentos com um pitch maior são práticas inimagináveis atualmente, mas, segundo o chefe de Yield e Alianças da GOL Linhas Aéreas, Marcelo Bento Ribeiro, essa tendência deve ganhar espaço.
“Trata-se de uma prática mundial e, no Brasil, vai chegar. Creio, inclusive, que seremos pressionados pelo mercado a desconstruir o produto e cobrar separadamente por cada serviço utilizado. A GOL, definitivamente, está disposta a seguir esse modelo”, disse. “Hoje, a maior parte do crescimento da demanda do transporte aéreo no Brasil vem de pessoas que estão voando pela primeira vez. Estas demandam preços baixos. A única forma de baixar a tarifa atualmente é tirar partes desse produto, cobrando, por exemplo, por bagagem e outros serviços auxiliares”, completou.
Para Ribeiro, no entanto, ainda falta muito para que o brasileiro assimile essa nova realidade. “Trata-se de uma questão delicada ainda no Brasil e também na América Latina. Precisamos ter cuidado no trato com o cliente para passar essas mudanças. Há ainda questões legais envolvidas. O cliente e o Código de Defesa do Consumidor precisam entender que tais medidas são benéficas ao passageiro, e não um malefício. Só assim conseguiremos abaixar os preços dos tíquetes aéreos de verdade”, comentou.
A GOL, que já oferece a venda de snacks a bordo em alguns voos, estuda ampliar o serviço nas demais rotas até o final do ano. Trechos curtos, no entanto, não deverão ter o serviço. “O mercado precisa entender que não queremos cobrar ainda mais. Não é isso. Queremos, na verdade, baixar as tarifas, desde que o cliente esteja disposto a escolher o serviço que vai utilizar”, afirmou Ribeiro.
Fonte: Brasilturis
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