Com o negócio, empresa entra na aviação regional; novos aviões vão ligar cidades menores à atual malha da companhia
A companhia aérea Azul deverá anunciar na próxima semana a compra de aviões turboélice da fabricante francesa ATR. Segundo o Estado apurou, trata-se de aeronaves com 70 lugares para atender o mercado regional - menores, portanto, que os jatos Embraer hoje utilizados pela companhia, com 106 e 118 assentos. Ontem, a coluna de Sonia Racy havia informado que a Azul iria anunciar a compra de novos aviões.
A intenção é que os ATR sirvam como "alimentadores", ligando passageiros de cidades menores e com menos demanda à atual malha da Azul. Um dos trajetos já definidos é do interior de São Paulo para o aeroporto de Viracopos, em Campinas, atual base das operações da empresa.
O mesmo deve se repetir em outras cidades do País, que se tornariam mini-hubs (pequenos centros de concentração de passageiros). Dessa forma, a empresa poderia criar novos voos diretos entre os extremos de sua malha, ligando cidades médias e grandes sem precisar passar por Campinas.
O novo modelo surgiu da constatação de que 35% dos passageiros da Azul já fazem, hoje, conexões. Além disso, a empresa espera gerar demanda para os 18 jatos Embraer que vai receber entre este ano e o próximo.
A escolha dos turboélice se deu por se tratar do modelo mais indicado para o transporte aéreo regional. Companhias como as brasileiras Trip e NHT, por exemplo, já utilizam esse tipo de avião. "Em distâncias menores de 500 quilômetros, fica difícil justificar os jatos", diz Reinaldo Herrmann, diretor-geral da gaúcha NHT. Em geral, os turboélice gastam menos combustível que os jatos, mas são mais lentos - o que não chega a ser um problema em distâncias curtas.
Jatos. Até agora, a frota da Azul era constituída inteiramente de jatos da família 190 da Embraer. No início do ano, a brasileira chegou a cogitar a fabricação de um modelo turboélice, diante do crescimento da aviação regional no mundo e da preocupação das companhias aéreas com o impacto ambiental.
Recentemente, porém, a Embraer anunciou que desistiu da ideia, por considerar que o mercado já é plenamente atendido pelas concorrentes Bombardier e ATR.
Quando começou a operar, há um ano e meio, a Azul anunciou que sua estratégia seria diferente do modelo de conexões em grandes centros utilizado pelas líderes TAM e Gol (o chamado "hub and spoke"). Acreditando na demanda reprimida em cidades pouco atendidas, e também com a vantagem de um avião menor e mais fácil de ser enchido, a Azul criou voos diretos entre cidades médias e grandes. Agora, a empresa decidiu criar seu próprio modelo de conexão para alimentar sua malha.
Fonte: Estadão
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