17.11.10

Voo 447: avião poderia ter defeito de fabricação

Airbus podia ter defeito de fabricação e familiares querem mais buscas.

Em reunião realizada na manhã desta terça–feira (16), no Ministério Público Federal, representantes da Associação dos Familiares das Vítimas do Voo 447 (AFVV447) defenderam a liderança brasileira frente ao inquérito que apura as causas do acidente, que resultou na morte de 228 pessoas que iam do Rio de Janeiro à Paris em maio de 2009, e afirmaram ter levantado provas da existência de defeitos de fabricação do Airbus 330 utilizado na ocasião. Os argumentos foram apresentados ao procurador da República em Pernambuco, Anderson Vágner Gois dos Santos, de forma que as questões sejam levantadas na reunião com o Escritório de Investigação e Análise para a Aviação Civil da França (BEA), marcada para o próximo dia 13 de dezembro. 

De acordo com o presidente da AFVV447, Nelson Faria Marinho, pai de uma das vítimas do acidente, um dos grandes objetivos da iniciativa é a retomada das buscas, em uma quarta investida financiada pelo governo fracês. Além disso, eles querem que o piloto de um outro Airbus A330–200, que fazia o mesmo trajeto, no voo 445, em novembro do ano passado, e emitiu pedidos de socorro próximo ao mesmo local onde o AF447 caiu, preste esclarecimentos das circunstâncias do incidente. Na ocasião, ele emitiu o alerta na frequência internacional de emergência e mudou drasticamente de altitude. “Além da caixa preta do voo 447, precisaríamos também deste voo, que teve uma experiência bastante semelhante, mas elas foram apagadas e não houve esclarecimentos. O pior é que o piloto, uma caixa preta viva, nunca foi localizado nem prestou depoimentos para que pudéssemos compreender melhor quais os reais problemas”, afirma Marinho. 

Segundo o diretor executivo da AFVV447, Maarten Van Sluys, que perdeu um irmão no acidente, os documentos apresentados à procuradoria são baseados em depoimentos de pilotos, engenheiros e técnicos envolvidos na concepção e manutenção de equipamentos de aviação, aposentados ou que ainda estão na ativa, e que problemas na sonda pitor e em sensores de velocidade já foram confirmados. “Chegamos a conclusão de que o grande problema é o excesso de computadorização a bordo, que impede um maior controle ou contorno de imprevistos por parte dos pilotos, reduzindo o nível de segurança, em vez de elevá–lo”, declara. 

A reunião proposta pelo BEA será realizada no próximo dia 13 de dezembro, pouco mais de seis meses depois do fim da última incursão pelas buscas das caixas pretas do Airbus da Airfrance. Na ocasião, participam, além do MPF, a Polícia Federal, o Cindacta 3 e representantes do governo francês. A Associação de Familiares das Vítimas do Voo 447 não foi convidada.

Fonte: Diário de Pernambuco

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