9.8.11

FRAPORT NÃO DISPUTARÁ AEROPORTO SÃO GONÇALO DO AMARANTE




Às vésperas do leilão do aeroporto de São Gonçalo do Amarante, no Rio Grande do  Norte, a operadora alemã Fraport, uma das principais interessadas no ciclo de privatizações  previsto para o setor, afirma que não entrará na disputa. Uma combinação de demanda  superestimada e regras pouco atraentes são as justificativas da empresa, que opera o aeroporto  de Lima, no Peru, para não participar do leilão do primeiro aeroporto a ser entregue a mãos  privadas.


"Estudamos o edital de Natal e achamos que a concessão é economicamente inviável. O retorno  é tão baixo que não vale a pena. A Fraport não é o tipo de empresa que vai entrar numa  concessão já sabendo que as regras não prestam", afirma o diretor de projetos, Felix von Berg.

Para o executivo, entre os principais problemas estão a forma como o edital define os aumentos  de tarifa e a especificação de equipamentos caros e  desnecessários. "A regulação econômica é  uma grande confusão", afirma.

Além disso, o diretor classifica como um "erro grave" o estudo de demanda feito pelo Banco  Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Segundo ele, a demanda de 2010,  tomada como base, é metade do que foi estimado pela instituição. Esse cálculo é importante  para os consórcios interessados, uma vez que os passageiros de voos internacionais são os que  geram as maiores receitas aeronáuticas e comerciais dos terminais.

Embora fontes do governo digam que há interessados no leilão, previsto para o dia 22 de agosto  depois de um adiamento de um mês, o desinteresse da Fraport pelo aeroporto de Natal acende  a luz amarela e evoca lembranças do fracasso do leilão do projeto do trem de alta velocidade  (TAV), ligando São Paulo, Campinas e Rio. Como não houve propostas, o governo teve de mudar  as regras.

Von Berg, no entanto, é otimista quanto aos próximos aeroportos a entrar em leilão. Cumbica  (Guarulhos) e Juscelino Kubitschek (Brasília), que o governo pretende conceder até o fim do ano,  estão na mira da empresa. Viracopos (Campinas), porém, é outro caso difícil, na avaliação da  Fraport.

"Dos três, Viracopos é sem dúvida o mais difícil de ser concedido. Primeiro porque investidores  gostam de uma boa visibilidade de como será o fluxo. Porém o número de passageiros vai  depender muito de que capacidade Guarulhos terá no futuro", diz o executivo. Além disso, boa  parte da lucratividade do aeroporto se deve às altas tarifas cobradas pelo transporte de cargas.

O receio é de que esses valores caiam com a competição que as privatizações devem gerar. A situação de Viracopos pode se complicar ainda mais caso vingue o projeto do Novo Aeroporto  de São Paulo (Nasp), que a Andrade Gutierrez e a Camargo Corrêa querem construir em regime  privado em Caieiras, na Grande São Paulo. "Sabemos da ideia do Nasp e é claro que você vai  colocar um prêmio de risco para isso. Nesse caso não seria o fim do mundo para Guarulhos, pois é um aeroporto já estabelecido. No caso de Viracopos, isso é bem preocupante", diz.

Para maximizar o valor de outorga dos aeroportos de São Paulo, avalia Von Berg, o governo  deveria dar aos investidores a garantia de que nos primeiros dez anos de concessão, não  autorizaria outro aeroporto num raio de 100 quilômetros. Ainda sem data para sair, as  concessões do Galeão (Rio) e Confins (MG) também são objeto de cobiça da Fraport. (Glauber Gonçalves).

Fonte: Agência Estado

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