Principal alvo seria a rota para a Argentina, que esbarra em limitações de frequências
A Azul está interessada em entrar no segmento internacional, com voos para a América do Sul, disse ontem ao "Estado" o vice-presidente técnico-operacional da companhia aérea, Miguel Dau. Segundo o executivo, a empresa está analisando diversos mercados na região e deve tomar uma decisão ao longo de 2012, ano em que completará seu quarto aniversário.
Frota. Azul receberá novos aviões em outubro e no ano que vem
"A única coisa que temos em mente é o mercado da América do Sul. Temos estudado e acompanhado, mas ainda não há uma decisão", disse, ao ser perguntado sobre a possibilidade de ingresso no segmento internacional. "Estamos olhando todas as oportunidades. Depois da experiência de Campinas, para nós tudo é possível", declarou após participar do XVII Fórum Internacional de Logística, no Rio.
Hoje, Gol e TAM dominam o mercado de voos para a América do Sul e a Avianca (ex-OceanAir) tem uma participação marginal, apenas com voos para a Colômbia. Nas rotas internacionais operadas por empresas brasileiras, incluindo outras regiões do mundo, a TAM detém uma fatia de 88% e a Gol responde por 10,5%, enquanto a Avianca não chega a 1,5%, de acordo com dados da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), referentes a julho.
Conexão Buenos Aires. Embora Dau não tenha citado nenhum país específico, as aéreas brasileiras olham com atenção para as rotas para a Argentina, consideradas promissoras. Apesar da alta demanda por transporte aéreo entre o Brasil e o país vizinho, a entrada de outras empresas brasileiras nesse mercado têm enfrentado um entrave: a negativa da concessão de mais frequências pelas autoridades de Buenos Aires.
Pelo acordo entre os dois países, cada um dispõe de 133 frequências semanais. As empresas brasileiras já utilizaram toda a sua cota, mas o fato é que há uma demanda reprimida. O vizinho do Mercosul vê na barreira a novos voos às aéreas brasileiras uma forma de criar uma reserva de mercado para a estatal Aerolíneas Argentinas.
Responsável por renegociar o acordo bilateral, a Anac tem enfrentado dificuldades com os negociadores argentinos, mas se vê com pouca munição para pressioná-los. A autarquia pretende voltar à carga este semestre para tentar um acordo, aproveitando o aumento do número de voos pela Aerolíneas. O Itamaraty pode ser convidado a ajudar nas negociações.
Apesar dos entraves, o professor Respicio Espírito Santo, da UFRJ, disse acreditar que a Azul acabe partindo para o mercado de voos internacionais para a Argentina no médio prazo.
"Vejo (a entrada nesse mercado) quase como uma obrigação dentro do modelo de negócios da empresa que já opera o doméstico. Acredito que a Azul entre, no médio prazo", disse. Ele levanta dúvidas, no entanto, sobre a lucratividade dessas rotas. "Há uma concorrência muito forte. Esse mercado se assemelha ao segmento doméstico: o pessoal faz um bate e volta muito rápido", explicou.
Enquanto não começa no segmento internacional, a Azul avança a passos largos no mercado interno. Dau estimou que este mês a empresa já tenha alcançado uma participação de 10%, três meses antes de completar três anos de operações. O executivo ressalta, no entanto, que a companhia não está atrás de market share, mas de rentabilidade. "Estamos preocupados em ter resultado", disse.
A Azul recebe em outubro os primeiros três aviões turboélice ATR 72-600, de uma encomenda de 30, com opção para mais 10. Em 2012, chegam outros 9. Hoje, a empresa opera com ATR 72-200 arrendados, que devem ser todos devolvidos até setembro do ano que vem.
PARA LEMBRAR
Atuação tímida no exterior
As presença das empresas aéreas brasileiras no mercado internacional caiu nos últimos anos, especialmente com a crise da Varig e a posterior compra da empresa pela Gol. Após a aquisição, a companhia aos poucos abandonou as rotas de longo curso da Varig e ficou apenas com voos para América do Sul e Caribe. Hoje, apenas a TAM tem voos para a Europa e os Estados Unidos. Segundo dados da Anac, no ano passado as empresas estrangeiras responderam por 70% da movimentação entre o Brasil e os Estados Unidos e por 77% das rotas para a Europa.
Fonte: Estadão
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