29.8.13

Construção de novo aeroporto de cargas cria polêmica no Paraná

Área escolhida fica próxima de uma reserva de Mata Atlântica no Paraná.
Aeroporto integra o projeto Arco Norte, que abrange Londrina e região.

A construção de um aeroporto internacional de cargas em Londrina, no norte do Paraná, tem dividido opiniões entre autoridades, empresários e ambientalistas. A previsão inicial é de que a obra seja em um terreno próximo ao Parque Estadual Mata dos Godoy, reserva de Mata Atlântica localizada na zona sul da cidade. O aeroporto faz parte do projeto Arco Norte, que busca desenvolver a economia da região.

O Arco Norte prevê a criação de um sítio aeroportuário, oferecendo assim infraestrutura para a atração de indústrias para as cidades de Londrina, Ibiporã, Cambé, Rolândia, Arapongas e Apucarana. O projeto iniciou-se com um protocolo de intenções envolvendo os municípios, assinado em 2005. A previsão inicial é que o aeroporto possua uma pista de 60 metros de largura e de quatro quilômetros de comprimento, além de pátio de operações e demais equipamentos adequados a grandes aeronaves. Desta forma, seu porte seria equivalente ao aeroporto de Viracopos e Galeão.

Ambientalistas são contra

Ambientalistas apontam que um aeroporto a menos de 500 metros do Parque colocaria a reserva sob ameaça. Para o gestor ambiental Gustavo Góes, que integra a ONG Meio Ambiente Equilibrado (MAE), a preocupação não é apenas com o Parque, mas com toda a área próxima que faz parte de uma zona de amortecimento, em torno de 3 mil hectares de Mata Atlântica.

“A instalação de um aeroporto ali causará um impacto em toda essa região, que tem uma importância ecológica muito grande. Afetaria espécies em extinção que vivem ali, na captação de água feita por algumas cidades, além da variedade de pássaros que ali estão. Foi uma área escolhida sem um critério ambiental”, disse Góes.

Empresários amenizam impacto ambiental

De acordo com Marcelo Mafra, consultor do Arco Norte ligado à Associação Comercial e Industrial de Londrina (Acil), a área foi escolhida por apontar vários critérios positivos para a instalação do aeroporto. “Além de critérios como topografia, altitude, adequação a ventos predominantes e distância de centros urbanos, o sítio aeroportuário  está no eixo de todas as cidades que compõem o Arco Norte, num raio comum de apenas 16 km. Esse posicionamento permite ao projeto uma otimização de infraestrutura complementar ao aeroporto”, explicou Mafra.

O consultor disse que outras áreas têm sido analisadas, mas nenhuma opção oferece tantos pontos favoráveis. Sobre o risco ambiental, Mafra apontou que os riscos ambientais apresentados “não significam necessariamente danos ambientais”, podendo “gerar impactos positivos ou negativos”. “Medidas preventivas, compensatórias e mitigatórias podem não só garantir a integridade da Mata dos Godoy, como também ampliar seu potencial como ativo ambiental”, afirmou.

Prefeitura aguarda estudos

Atualmente, o projeto aguarda uma posição da Agência dos Estados Unidos para o Comércio e Desenvolvimento (Ustda), órgão de fomento do Congresso Americano. Técnicos estiveram na região em fevereiro e realizam os estudos de viabilidade técnica e econômica da implantação do Arco Norte.

Segundo o presidente do Instituto de Desenvolvimento de Londrina, Bruno Veronesi, a prefeitura ainda aguarda esses estudos de viabilidade econômica para se posicionar sobre o local de construção do aeroporto. “Após esse sinal de viabilidade, vamos analisar isso. Se os estudos demonstrarem que haverá um impacto ambiental na área perto da Mata do Godoy, terá que se procurar um novo espaço”, disse.

Atendendo à recomendação do Ministério Público, em março deste ano, o prefeito de Londrina, Alexandre Kireeff (PSD), revogou um decreto de 2009, que visava a criação do Arco Norte e declarava de utilidade pública a área. Porém, na ocasião, o prefeito admitiu que a revogação não era garantia de que a obra não seja executada no local.

Fonte: G1

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