4.12.14

'Multa não resolve', diz cadeirante que se arrastou para embarcar em avião

“Multar por multar não resolve o problema. O dinheiro deveria ser empregado na melhoria das estruturas e na inclusão social dos deficientes”, defende a coordenadora de comunicação Katya Hemelrijk da Silva, de 38 anos. Cadeirante, ela precisou se arrastar pelas escadas de um avião da Gol Linhas Aéreas porque a empresa não contava com equipamentos adequados no momento do embarque, na segunda-feira (1º), em Foz do Iguaçu, no oeste do Paraná. Devido à irregularidade, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) decidiu autuar e multar a companhia e a Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero) em até R$ 300 mil.

Ainda na segunda, Katya postou uma foto feita pelo marido em que aparece sentada nos degraus da escada enquanto subia na aeronave. Apesar da companhia dele, ela disse que preferiu subir sozinha, já que é portadora de Osteogenisis Imperfeita, doença conhecida como 'Síndrome dos Ossos de Vidro'. “A tripulação estava indignada com a situação, mas também não estava preparada para a situação. Quando cheguei no alto da escada, ainda tive que esperar que armassem a cadeirinha que passa pelo corredor até a poltrona. Essa preparação deve ser dada pela empresa”, disse nesta quarta-feira (3) ao G1.

A cadeirante contou que esta foi a segunda vez que precisou subir as escadas de um avião se arrastando. “A primeira foi na minha lua de mel”, lembra. “Nas duas ocasiões estava com meu marido e nós dois, mais do que ninguém, sabemos dos limites e dos riscos de uma fratura. Por causa da doença, que é congênita, já tive mais de 200 fraturas. Não queria ter mais uma”, comentou ao destacar que se recusou a esperar três horas para que a stair trac - espécie de cadeira adaptada à escada - fosse preparada porque tinha compromisso em São Paulo, onde mora. Na sexta, conta, desceu do avião com o equipamento. “No dia do embarque de volta esqueceram de recarregá-la.”

Katya reforçou que não pretende processar a companhia aérea e nem a Infraero. “Fui procurada pela Gol no mesmo dia. Eles admitiram que erraram e se comprometeram a corrigir estas falhas. Estou dando um voto de confiança”, comentou. “Estamos prestes a receber uma paraolimpíada – em 2016, no Rio de Janeiro - e os direitos à acessibilidade precisam ser garantidos para todos.”

Melhorias

Em nota, a Gol diz lamentar o ocorrido e informou que o Stair Trac – equipamento usado para o embarque de pessoas com deficiência – da base de Foz de Iguaçu não estava disponível para uso na manhã de segunda-feira e por isso não pôde ser utilizado durante o embarque do voo 1076. “A companhia tentou com as demais empresas conseguir o equipamento, o que também não foi possível, e ofereceu outras alternativas para a cliente, que optou por seguir sem a ajuda dos colaboradores da companhia”, informou garantindo que “tomará as medidas necessárias para evitar que casos como este voltem a acontecer.”

Já a Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero), responsável pela administração do aeroporto de Foz do Iguaçu, observou que todas as obras feitas no terminal de passageiros recentemente foram executadas com base em requisitos de acessibilidade e que os procedimentos de embarque e desembarque de passageiros são de responsabilidade das empresas aéreas, podendo a Infraero oferecer suporte de infraestrutura quando necessário.”

A assessoria de imprensa da estatal adiantou ainda que a resolução 280/2013 da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) determina que a partir de 2015 a administração dos aeroportos deverá oferecer o equipamento para embarque e desembarque de pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida. “No momento não há previsão de instalação de pontes de embarque no aeroporto de Foz do Iguaçu. Entretanto foi concluído o processo de aquisição de 15 ambulifts”, melhoria que deve atender também o terminal da fronteira.

Fonte: G1

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