19.5.15

Cade aprova venda de ações da Engevix para argentinos


A venda da participação no Aeroporto Internacional Governador Aluízio Alves foi aprovada sem restrições pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), autarquia vinculada ao Ministério da Justiça. Com isso, a parte que o grupo Engevix detém no aeroporto de São Gonçalo do Amarante poderá passar à totalidade à argentina  Corporación América. O Cade analisou que a venda da fatia de 50% para a Corporación, que também compõe o consórcio que controla o aeroporto, não levanta preocupações sob o ponto de vista da concorrência no país.

Mudança em controle acionário não vai afetar funcionamento do Aeroporto Aluízio Alves, diz AnacMudança em controle acionário não vai afetar funcionamento do Aeroporto Aluízio Alves, diz Anac

O negócio pode dar um novo fôlego financeiro à empresa brasileira que precisa equacionar uma dívida de R$ 1,5 bilhão. A estimativa é de que cheguem ao caixa da Engevix cerca de R$ 400 milhões. Investigada na Lava Jato, a empreiteira, que também é dona de concessões de energia e de um dos maiores estaleiros do País, teve um de seus principais sócios presos no ano passado. Desde então, o mercado de crédito se fechou para a companhia, que está tentando evitar uma recuperação judicial. 

Os argentinos, que já eram sócios dos aeroportos, passarão a deter 100% da concessão de Natal e 51% do de Brasília. Os outros 49% pertencem à Infraero. O consórcio não detalhou o valor da proposta. De acordo com o parecer, uma vez que a Corporación América detém investimentos no setor aeroportuário brasileiro apenas por meio dos aeroportos envolvidos na operação (Natal e Brasília), não há alteração na estrutura de oferta de mercado envolvido na operação de negociação. 

"Trata-se de uma alteração de controle do Consórcio Inframérica, que antes era co-controlado pela Corporación América e Infravix e agora passa a ser controlado unicamente pela Corporación América. A operação proposta não traz maiores desdobramentos em termos concorrenciais no Brasil", segundo o parecer do Conselho, e "não levanta preocupações sob o enfoque concorrencial".

A análise por parte do Cade, em negociações desse porte, é necessária para garantir que não ocorra possível controle do mercado e risco de concorrência desleal nos setores. No entendimento do órgão, a negociação dos terminais pode ocorrer normalmente. Além do Cade, o contrato de venda ainda deve passar pela revisão e aprovação da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) que deverá acompanhar a negociação. Caso seja liberada, a transação deve ser concluída nos próximos meses. 

Em nota à TRIBUNA DO NORTE, o Consórcio informou que as empresas Corporación América e Engevix, ambas integrantes do Consórcio Inframérica, assinaram um termo de compromisso pelo qual o grupo Engevix vende à holding argentina sua participação nos aeroportos de Brasília e Natal.

Como o contrato de venda ainda deve passar pela revisão e aprovação de órgãos reguladores e governamentais, as divulgações dos detalhes da transação estão sujeitas a cláusula de confidencialidade. E ainda que a Inframérica comunicará o fechamento da transação, uma vez que seja aprovada pelos órgãos de controle estatais.

O Consórcio Inframérica tem 100% do primeiro integralmente construído e gerido pela iniciativa privada, o aeroporto Governador Aluízio Alves, em São Gonçalo do Amarante, aqui no Estado, e 51% de Brasília (neste, os restantes 49% são da Infraero) e movimenta 21 milhões de passageiros anualmente. 

A Anac confirmou, por meio da assessoria de imprensa, já ter recebido a solicitação da concessionária e que analisará os documentos recebidos, podendo solicitar complementação das informações,  e decidirá sobre a autorização. Não foi informado o prazo para isso. A Agência garante que não haverá mudanças no funcionamento e nem no cumprimento do contrato de concessão, que seguirá fiscalizando.

As concessões dos dois aeroportos (Natal e Brasília) agora vendidos pela Engevix foram arrematadas nos leilões promovidos pelo governo federal há três anos. O investimento nas duas obras é de cerca de R$ 3 bilhões, e a concessão deve durar mais de 25 anos. Ambos estão em operação sob o controle da Inframérica, que tem como sócios a Infravix, da Engevix, e a Corporación América.

Bloqueio
A Operação Lava Jato já conseguiu bloquear na Justiça quase R$ 1 bilhão de quatro empreiteiras acusadas de desviar recursos da Petrobras. O montante (R$ 980,5 milhões) é referente às ações de improbidade administrativa do Ministério Público Federal (MPF) que na última sexta-feira, dia 15, recebeu mais  R$ 282,4 milhões, com o bloqueio da OAS. O MPF também já conseguiu decisões favoráveis na esfera civil contra a Engevix (R$ 153,9 milhões), Galvão Engenharia (R$ 302,5 milhões) e Camargo Corrêa (R$ 241,5 milhões). O cálculo dos valores é baseado em depoimentos de delação premiada de investigados, além de multa civil de três vezes o valor do desvios. Segundo os delatores, o pagamento de propina era de 1% dos  contratos assinados com a Petrobras.

Números
50% É a participação da argentina Corporación América no atual consórcio que administra o aeroporto da Grande Natal

R$1,5 bilhão é a dívida que a Engevix, empresa arrolada na Operação Lava Jato, tem de quitar para evitar recuperação judicial

Fonte: Tribuna do Norte

Nenhum comentário: