18.4.16

A difícil recuperação da Malaysia Airlines


A Malaysia Airlines teve dois desastres aéreos sérios em 2014. Em março, o voo MH370 de Kuala Lumpur para Pequim, um Boeing 777 com 239 passageiros e tripulantes, desapareceu uma hora após a decolagem. De acordo com especialistas, o avião caiu no sul do oceano Índico, embora não se saiba o motivo. Só alguns destroços apareceram ao largo da costa da África. Quatro meses depois as milícias pró-Rússia do leste da Ucrânia derrubaram um Boeing 777 do voo MH-17 que ia de Amsterdã para Kuala Lumpur, com 298 pessoas a bordo; não houve sobreviventes. Dois anos mais tarde os problemas financeiros da Malaysia Airlines ainda são uma fonte de preocupação.

Aparentemente, os dois acidentes não foram causados por falhas da companhia aérea, mas prejudicou suas atividades. Os clientes desapareceram, o que agravou ainda mais a situação precária da empresa antes das tragédias. O último lucro da Malaysia Airlines foi em 2010. Em 2013, a empresa perdeu US$356 milhões. Com o aumento da demanda de viagens aéreas na região, empresas concorrentes como Singapore Airlines e Air Asia, uma companhia de baixo custo, expandiram sua capacidade de transporte aéreo. Por sua vez, a Malaysia Airlines comprou 15 aviões de grande porte A330 e seis superjumbos A380 da Airbus. Mas o excesso de lugares oferecidos pelas companhias aéreas da região diminuiu os preços das passagens e dos lucros em todo o Sudeste Asiático.

O governo da Malásia nomeou um novo executivo-chefe conhecido por sua capacidade de cortar custos em companhias aéreas em dificuldades financeiras e com um baixo desempenho. Christoph Mueller, um antigo piloto, recuperou as finanças da Aer Lingus, a companhia aérea da Irlanda, com a redução de rotas de curta distância deficitárias e concentrando-se em voos transatlânticos baratos. Mueller pretende transformar a Malaysia Airlines em uma operadora regional, assim como não tem a intenção de continuar o projeto de fazer de Kuala Lumpur um centro global de transporte aéreo.

Sem condições de competir com a Air Asia no mercado de baixo custo ou com as companhias aéreas do Golfo Pérsico em viagens de longa distância, a Malaysia Airlines irá concentrar suas atividades em trajetos mais curtos. Em dezembro, a Malaysia Airlines e a Emirates firmaram um acordo no qual a Emirates irá substituí-la na maioria das viagens de longa distância na Europa. A empresa também tem planos de se desfazer de alguns aviões, inclusive dos superjumbos.

A Malaysia Airlines já havia tentado fazer uma reestruturação administrativa em outras ocasiões. Alguns CEOs conseguiram recuperar sua lucratividade em 2007, com o corte de rotas domésticas e da maioria dos voos internacionais. Agora, o novo CEO da empresa tem outros planos. A companhia irá reformular sua imagem com a introdução do serviço de Wi-Fi a bordo, com salas de espera mais sofisticadas nos aeroportos e uma comida mais saborosa. O objetivo é mudar a percepção dos clientes em relação à empresa. Mas apesar dos projetos de reorganização administrativa e modernização de seus serviços, é pouco provável que a expectativa de lucro da empresa em 2018 se concretize. O baixo custo do combustível cotado em dólares é excelente para as companhias aéreas, mas a desvalorização do ringgit malaio, a principal moeda da maioria das receitas da Malaysia, anula grande parte desse benefício. Com a desaceleração da economia da China o crescimento do número de passageiros na região será mais lento.

Em geral, a situação do mercado do Sudeste Asiático é difícil. As companhias aéreas de baixo custo expandiram sua capacidade de transporte de passageiros em mais da metade nos últimos três anos. Em consequência, as 16 maiores companhias da região quase faliram no ano passado, segundo a empresa de consultoria CAPA. O orgulho nacional e o dinheiro público irão manter a Malaysia Airlines no ar, mas será uma viagem atribulada.

Fonte: http://opiniaoenoticia.com.br/

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