São José dos Campos (SP), 26 de Fevereiro de 2008 - Durou pouco a euforia dos presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e da Argentina, Cristina Kirchner, que comemoraram na semana passada o anúncio da instalação de uma fábrica da Empresa Brasileira de Aeronáutica (Embraer) em Córdoba. O ministro da Defesa, Nelson Jobim, desfez ontem o clima de festa em passagem por São José dos Campos (SP).
Segundo Jobim, a Embraer terá, no máximo, um centro de manutenção caso o mercado argentino venha a adquirir aviões do Brasil. A antiga Fábrica Militar de Aviões de Córdoba, que já foi dirigida pela Lockheed, poderá ser reformulada para comportar o serviço ao cliente e a produção de pequenas peças de reposição. Nada além disto. "Mas isso dependeria da Argentina comprar os jatos Legacy e 190. E deixei claro ao ministro da Defesa e ao governador de Córdoba, que se encontravam na reunião, da necessidade de se trabalhar junto ao governo para adquirir produtos da Embraer e, assim, justificar uma contrapartida, que seria a instalação do centro", comentou Jobim.
A negociação se dará em regime de offset. A revitalização da fábrica situada em Córdoba dependerá da compra de aviões da Embraer. A informação do ministro foi ao encontro da nota oficial emitida pela companhia brasileira. Nela, se mostrou que a negociação está longe de ser concretizada. Até mesmo porque nenhum executivo da empresa acompanhou a comitiva presidencial e inexiste qualquer contrato ou oficialização de acordos comerciais. Em nota oficial, emitida na sexta-feira, a Embraer confirmou estar em negociações preliminares com o governo argentino. A empresa ainda diz: "Nas discussões mantidas entre a Embraer e as entidades do Governo Argentino, identificou-se, de uma parte, a possibilidade de vendas de aeronaves Embraer para o mercado argentino e, de outra, a capacitação da Aérea Material Córdoba (AMC) de prestar serviços de manutenção e produzir peças para as aeronaves civis Embraer. Até o momento, não há, em nenhum dos casos, compromisso firmado entre as partes."
Segundo Jobim, há entendimentos entre a Embraer e o governo argentino. Num primeiro momento há, por parte do governo, uma avaliação do jato executivo Legacy e do avião comercial 190. Atualmente a Argentina não possui nenhum dos novos aviões produzidos no Brasil. "Há vontade por parte do governo deles de substituir os aviões presidenciais Tango 1 e o Tango 2, que são modelos já superados. Essa seria uma parte da contrapartida com a Embraer", comenta o ministro.
Fonte: Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 8
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