Aumento da taxa de ocupação das aeronaves não compensaria a guerra de preços
O mercado recebeu mal a liberação gradual dos descontos para tarifas aéreas para os 12 países da América do Sul, anunciada nesta terça-feira (26/2) pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). Embora a medida beneficie os passageiros, os analistas temem que estimule uma nova guerra de preços entre as companhias aéreas, o que prejudicaria suas margens de lucro e sua rentabilidade.
Em relatório divulgado nesta quarta-feira (27/2), a corretora SLW reconhece que a liberação dos descontos é uma tendência mundial, mas ressalva que “a notícia é ruim para as ações da TAM e da Gol, pois resulta em estímulo ao aumento da concorrência e à redução do preço das passagens e impacto sobre os resultados das companhias”.
Na mesma linha, a corretora Socopa afirma que “mesmo que a redução do preço da passagem estimule a demanda, o volume de passageiros transportados pode não compensar a queda de receita”. Um sinal de que a notícia não agradou o mercado foi o comportamento dos papéis nesta terça-feira. As ações preferenciais da Gol (GOLL4) encerraram o dia com queda de 1,31%, negociadas a 30,20 reais. As preferenciais da TAM (TAMM4) recuaram ainda mais: 2,14%, cotadas a 36,50 reais. Os dois papéis compõem o Ibovespa, principal indicador da Bolsa de Valores de São Paulo. No mesmo pregão, o Ibovespafechou em alta de 0,28%, a 65.182 pontos.
Liberdade gradual
A liberação das tarifas entrará em vigor a partir do próximo sábado (1º de março). Atualmente, os vôos para a América do Sul têm descontos restritos a 30% do valor de referência da Associação Internacional de Transporte Aéreo (Iata, na sigla em inglês). A nova resolução da Anac aumenta, de modo gradual, a margem de descontos, até atingir um regime de total liberdade tarifária em 1º de setembro deste ano.
Na primeira etapa, o limite dos descontos passará de 30% para 50%. Três meses depois, o teto será elevado para 80%. E, em setembro, chegará à liberação total. A medida vale para todos os vôos que partem do Brasil para a América do Sul, tanto de companhias nacionais, quanto estrangeiras. Até o final do ano, a Anac também pretende iniciar a liberação tarifária para vôos com destino à Europa. Para as rotas
domésticas, os descontos já são liberados desde 2005.
Para a Anac, os descontos maiores não prejudicarão as companhias brasileiras. A Agência afirma que as empresas nacionais têm uma sólida estrutura operacional e financeira, capaz de suportar o novo regime tarifário. Além disso, a expectativa é que os descontos estimulem o aumento de passageiros. Para a Argentina, por exemplo, espera-se um incremento de 10% no volume transportado. Para o Chile, a estimativa também é próxima disso. A Anac não teme, ainda, que esse aumento de passageiros gere problemas nos aeroportos, como tumultos no embarque e atrasos nos vôos.
Fonte: Portal Exame
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