12.3.08

Trip negocia jatos com a Embraer

Maior empresa aérea regional do País quer incorporar aviões da fabricante brasileira à sua frota

O empresário David Neeleman não deve ser o único a operar jatos regionais da Embraer no Brasil. A Trip, maior empresa regional do País, também está negociando a compra de jatos com a fabricante brasileira, revelam fontes do mercado.

Procurado, o presidente da Trip, José Mário Caprioli, limitou-se a confirmar que a empresa está de fato analisando a incorporação de jatos regionais à sua frota, hoje composta apenas por aviões turboélice. “Estamos realizando uma análise muito profunda e acreditamos que em um horizonte nem tão distante deveremos ter jatos regionais em nossa frota”, afirmou o executivo. Ele não quis precisar quando, mas declarou que “a decisão virá logo”.

Empresa dos grupos Caprioli e Águia Branca, ambas do setor de transporte rodoviário, a Trip possui uma frota de 18 turboélices. São aviões dos modelos ATR 42 (de 40 lugares), ATR 72 (66 lugares) e Brasília (30 lugares), da Embraer. Apesar de ter apenas 1,05% de participação no mercado doméstico, a Trip está presente em 64 cidades, número superior ao de destinos atendidos pela Gol (50) ou pela TAM (45).

Ao invés de bater de frente com as grandes companhias, a Trip desenvolveu uma malha complementar à malha dessas empresas. E, justamente por causa do perfil de sua frota, a Trip chega onde TAM,Gol e Varig não chegam.

Enquanto boa parte das regionais estão em crise, a exemplo da Pantanal, que não terá sua concessão renovada a partir do dia 25 de março, a Trip vem se fortalecendo. Nos últimos anos, a empresa ganhou musculatura financeira com a entrada de um sócio (o grupo Águia Branca), e praticamente dobrou de tamanho com a aquisição da Total, sua principal concorrente.

Dentro de duas semanas, a Trip começa a receber os primeiros turboélices ATR 72 500, de 70 lugares, que fazem parte de uma encomenda de 12 aviões anunciada em janeiro do ano passado. A preço de lista, a encomenda é estimada em US$ 200 milhões. “É uma nova geração de turboélices, com tratamento de ruído e de excelente performance em pistas curtas.”

De acordo com analistas do setor aéreo, a Trip deve ser um dos principais alvos de David Neeleman, o fundador da empresa aérea americana Jetblue, que agora está montando uma companhia no Brasil. Neeleman pretende operar com o jato E-190, de 100 lugares. Caprioli nega, porém, que os estudos para a compra de jatos regionais tenham relação com a entrada de Neeleman no mercado brasileiro. “Isso já fazia parte do nosso planejamento estratégico”, diz. Ele afirma estar preparado para a concorrência. “A Trip tem forças competitivas importantes, estamos comemorando dez anos de vida e conhecemos muito bem o interior do Brasil, da Amazônia”, afirma. “E não sei se o mercado do David Neeleman é o nosso mercado.”

Nessa disputa, a notória deficiência de infra-estrutura aeroportuária no País funcionará a favor da Trip. Na maioria das cidades atendidas pela companhia, os aeroportos são precários e não comportam jatos. As pistas são curtas e faltam equipamentos de aproximação. “Os turboélices são imbatíveis nas cidades de médio e baixo potencial de tráfego e com infra-estrutura limitada”, afirma Caprioli. Ele não revela quais rotas deverão ser atendidas com os jatos regionais. Fontes do mercado revelam que os novos jatos devem seriam entregues até o final de 2009.

Para Caprioli, as dificuldades enfrentadas pela Pantanal e outras companhias do setor têm relação com o alto custo do combustível - petróleo acima de US$ 100 - e com uma frota pouco eficiente. “O mercado de aviação nunca foi fácil e o preço do combustível tem sido cruel”, diz. “Mas o setor tem se mostrado muito promissor para quem tem uma frota moderna e volume para diluir os custos fixos. ”

NÚMEROS

18 aviões turboélices, entre ATRs 42 (40 lugares), ATRs 72 (66 lugares) e Brasílias (30 lugares), compõem hoje a frota da Trip 1,05% do mercado de aviação brasileiro é a participação atual da Trip, a maior empresa aérea regional do País

Fonte: O estado de SP

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