4.8.08

Argentina quer que Brasil ajude a salvar Aerolíneas

Durante a curta visita que o presidente Luis Inácio Lula da Silva faz a Buenos Aires nesta segunda-feira, o governo argentino deve pedir ajuda ao Brasil para tentar reequipar a companhia aérea Aerolíneas Argentinas.

Avião da Aerolíneas Argentinas

Segundo negociadores brasileiros, o acordo seria através do envio de aviões da Embraer – mas faltaria definir o meio de implementar o negócio.

Há cerca de dez dias, a presidente argentina Cristina Kirchner anunciou a reestatização da Aerolíneas, que está à beira da falência, e agora espera a aprovação do projeto de lei enviado ao Congresso Nacional.

Segundo o gerente geral da empresa indicado pelo governo, Julio Alak, a companhia foi "sucateada" e tem mais de 20 aviões - de uma frota de cerca de 50 – parados.

"Sinônimo de trabalho"

A visita inclui ainda a presença de mais de 200 empresários brasileiros, que participarão de um encontro, nesta segunda-feira, com seus pares argentinos e autoridades do país vizinho.

Pouco depois de desembarcar em Buenos Aires, numa noite fria, Lula ofereceu um jantar para a presidente Cristina Kirchner, seu marido, o ex-presidente Nestor Kirchner, o ministro das Relações Exteriores, Jorge Taiana, e o chefe de gabinete, Sérgio Massa.

Lula e os ministros das Relações Exteriores, Celso Amorim, e da Casa Civil, Dilma Rouseff, os receberam na Embaixada do Brasil – o "Palácio Pereda", uma casa de arquitetura francesa que data do início do século passado.

Ao chegar para o jantar, Massa disse: "Essa visita é fundamental para a Argentina porque o Brasil é um sócio estratégico importante para nosso país. A visita tem forte componente de investimentos e para nós os investimentos são sinônimo de trabalho".

Quando jornalistas perguntaram se as diferenças entre Brasil e Argentina, na Rodada de Doha para liberalização de comércio, prejudicariam a relação entre os dois países, Massa respondeu: "Brasil e Argentina são dois sócios importantes no Mercosul".

Na sua primeira entrevista coletiva em quase oito meses de governo, Cristina declarou, no sábado, que nos anos 40 a Argentina possuía forte produção no setor de aviões. "Hoje o Brasil tem a Embraer e nós não temos nada", afirmou.

Foi a segunda vez que ela elogiou a indústria brasileira e, especificamente, a fábrica de aviões. A primeira foi durante sua campanha eleitoral, no ano passado.

Negócios

Nesta visita do presidente Lula – a décima segunda desde que assumiu o poder em 2002 -, deverão ser discutidos ainda os próximos passos do Mercosul, após o novo fracasso da Rodada de Doha.

Na noite de domingo, enquanto Lula oferecia o jantar para autoridades argentinas, o presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Paulo Skaf, liderava um jantar, promovido pela instituição, para 80 empresários brasileiros e argentinos, num hotel de Buenos Aires.

Deste jantar participaram os ministros da Indústria e Comércio, Miguel Jorge, e da Defesa, Nelson Jobim. Representantes de indústrias brasileiras de pelo menos 15 setores estão em Buenos Aires, estiveram no jantar, e nesta segunda-feira têm reunião com Lula, na embaixada do Brasil.

Em seguida, os presidentes dos dois países abrem o seminário com a presença de empresários brasileiros e argentinos. Eles ainda terão mais um encontro com os dois presidentes antes que Lula retorne ao Brasil na tarde desta segunda-feira.

Fonte: De Buenos Aires para a BBC Brasil

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