A Azul Linhas aéreas ainda não começou a voar, mas já estuda acelerar o ritmo de expansão de sua frota para enfrentar uma concorrência que, ela antevê, será árdua. A empresa, que tem encomendas de 76 jatos da Embraer, conversa sobre a possibilidade de acelerar as entregas e planeja assumir aviões da JetBlue também produzidos pela fabricante brasileira.
A Azul começar a operar em janeiro de 2009, com três aviões Embraer 195. Conforme o plano inicial, ela chegaria ao fim do ano com uma frota de 12 aviões. "Estamos analisando a possibilidade de aumentar esse número para 16", diz Gianfranco Beting, seu diretor de marketing.
Ele confirma que a Azul estuda assumir a operação de alguns Embraer 190, encomendados pela companhia americana JetBlue. As duas empresas são independentes uma da outra, mas têm executivos de alto escalão e seu fundador em comum, o empresário americano David Neeleman. Em julho, a JetBlue anunciou ter adiado o pedido de dez aviões 190 num esforço para conter o aumento de oferta enquanto a economia dos Estados Unidos desacelera e o preço dos combustíveis atinge patamares recordes.
Crescer mais rapidamente é uma medida para evitar que as concorrentes já estabelecidas - notadamente Gol e TAM, que têm 93% do mercado brasileiro - usem seu tamanho para enfraquecer a Azul. A empresa estreante receia que, à medida que tenha menos vôos, Gol e TAM possam atacá-la mais pontualmente.
Acelerar a expansão da frota, entretanto, eleva o risco de que a oferta torne-se excessiva e de que os vôos fiquem mais vazios. Com menos assentos ocupados e custos de combustível em ascensão, aumentam as chances de prejuízo.
As primeiras faíscas entre a Azul e suas concorrentes apareceram nas últimas duas semanas, em torno da utilização dos aeroportos Santos Dumont, no Rio, e Pampulha, em Belo Horizonte. Atualmente, as operações nesses locais estão restritas para vôos de empresas regionais e ponte aérea Rio-São Paulo, no caso do aeroporto carioca. No mês passado, o Ministro da Defesa, Nelson Jobim, sinalizou com a possibilidade de derrubar as limitações. Em seguida, a Azul manifestou interesse em operar nesses aeroportos e, mais tarde, TAM e Gol entraram com pedido para ampliar as operações nesses locais. Para a Azul, as concorrentes reagiram ao seu planejamento.
Paulo Castello Branco, vice-presidente de planejamento da TAM, rebate que a companhia, líder de mercado, já tem planos antigos para Santos Dumont e Pampulha. "Para esses aeroportos é que vamos receber, neste ano, mais cinco aviões Airbus A319", diz o executivo. "Não podemos reagir à Azul porque nem sabemos quais rotas ela irá operar", diz o executivo.
Fonte: Valor Econômico
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