Todos os fabricantes de aviões executivos concordam que o mercado latino-americano está em plena expansão. Mas o que chamou a atenção do presidente mundial da Dassault Falcon, Jean Rosanvallon, nas recentes leituras a respeito da economia na região, é que a presença das maiores empresas do mundo se expande no Brasil muito mais do que em outros países do continente, como México. "Isso mostra a rapidez do crescimento dos negócios no Brasil", diz.
A frota da Dassault no Brasil, que deve chegar a 22 aeronaves em 2008, saltará para pelo menos 50 unidades em menos de quatro anos, nas contas do fabricante francês. O aumento do volume justifica a criação de um centro de serviços próprio. A Dassault será o primeiro fabricante de aeronaves executivas estrangeiro a ter centro de serviços próprio no Brasil.
Um hangar de mais de 2 mil metros quadrados na região do aeroporto de Sorocaba será erguido até o fim do ano. Rosanvallon explica que instalar-se em Sorocaba é uma forma de escapar do congestionado aeroporto de Congonhas.
O centro paulista receberá estoque de peças de reposição e ferramentas para garantir a manutenção das aeronaves Falcon que voam em toda a América Latina. "Mas 75% do potencial de todo o mercado do continente está no Brasil", afirma Rosanvallon. A Dassault é especializada em jatos de cabine grande e de autonomia para cruzar continentes, como vôos diretos de São Paulo a Nova York.
Esse passo no Brasil também ajuda a companhia a expandir a atividade nas regiões emergentes e reduzir ainda mais a dependência do mercado nos Estados Unidos. Rosanvallon conta que entre a década de 60 e 2005 o mercado americano absorvia dois terços das vendas da empresa.
"Em 2005, pela primeira vez, as vendas fora dos Estados Unidos representaram 50%", completa. Hoje, a participação do mercado americano caiu ainda mais, para menos de 30%. A crise interna deverá fazer com que as vendas nos EUA não sejam tão boas também em 2008, diz.
A aproximação da Dassault, companhia de origem francesa, do mercado americano curiosamente ocorreu por meio de uma associação com a extinta PanAm. Na busca de aeronaves executivas para a sua frota, um representante da companhia aérea americana visitou a fábrica da Dassault em 1963.
Desse contato surgiu, cerca de uma década depois, uma associação entre as duas empresas, chamada Falcon Jet Corporation. Em 1980, a Dassault comprou a participação da PanAm na sociedade.
Com sede em Paris, o grupo Dassault, que além da aviação atua nos segmentos de eletrônica, comunicação e computação, mantém até hoje uma base nos Estados Unidos. Os modelos Falcon saem todos da fábrica de Bordeaux, no sul da França, para receberem o acabamento, incluindo a pintura escolhida pelo cliente, na fábrica instalada em Arkansas, no sudeste dos EUA.
Fonte: Valor Econômico
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