A pedido do Ministério da Defesa, a Fiesp (Federação das Indústrias do Estados de São Paulo) formou um grupo para discutir os gargalos e as propostas para melhoria do setor aéreo no Brasil. A deficiente infra-estrutura, a falta de pilotos, de aeroportos, de helipontos e os procedimentos desatualizados já estão na lista. O relatório final será entregue em 16 de setembro.
O governo participa da discussão --na última reunião foi representado por Carlos Eduardo Duarte, da Secretaria de Aviação Comercial--, com Infraero (estatal que administra os aeroportos) e Anac (Agência Nacional de Aviação Civil). A Fiesp também escalou entidades como Abag (Associação Brasileira de Aviação Geral) e Sneta (Sindicato Nacional das Empresas de Táxi Aéreo), além de empresas, consultores e engenheiros.
A Folha Online teve acesso ao ultimo encontro, que lançou os principais desafios do setor e criou uma agenda de debates. Embora o principal ponto seja a aviação geral, que exclui a regular, a discussão de infra-estrutura e recursos humanos abrange todo o setor.
Segundo Fernando Botelho, vice-presidente da Fiesp e coordenador do grupo, o objetivo é "ajudar o governo a encontrar saídas para melhorar o sistema aéreo brasileiro". "A aviação está em uma situação muito complicada, e não precisava estar."
Ele defende a entrada de capital privado na construção de aeroportos e ampliação de pistas nos principais terminais, além da melhoria dos espaços regionais pelo interior do país.
Mão-de-obra
Na questão da falta de mão-de-obra, a Fiesp quer apresentar uma proposta de financiamento para formação de pilotos e mecânicos. Segundo estimativa da Anac, o custo para a formação de pilotos em avião monomotor é de cerca de R$ 7.000 para piloto privado e de R$ 26 mil para piloto comercial.
Uma das alternativas discutidas no grupo é que parte dos custos seja financiada com recursos da Caixa Econômica Federal, mas ainda sem definição.
O professor de engenharia aeronáutica da USP James Waterhouse defende que os candidatos a piloto e mecânico contem com crédito educacional.
Ele afirmou, ainda, que a formação de mecânicos é comprometida pela falta de material. Segundo Waterhouse, apenas 1% da bibliografia da área é traduzida para o português, o que dificulta no processo de aprendizagem.
De acordo com o apresentado pela Abag, outro problema é a frota velha: 72,3% das aeronaves de aviação geral têm mais de 20 anos, o que aumenta os custos com manutenção e segurança. Já na aviação executiva, segundo os dados da Abag, 70% dos jatos têm menos de 20 anos e, entre os helicópteros, 73% têm até dez anos de fabricação.
Demanda
A Abag apontou ainda que apenas 3,3% das cidades brasileiras são atendidas pelas companhias aéreas regulares. Ou seja, os moradores de 96,7% dos municípios têm de se locomover para utilizar o sistema aéreo. Segundo a Anac, 183 cidades foram atendidas em 2007 pelas companhias aéreas brasileiras.
Há cerca de um mês, a Abag divulgou que o Brasil pode viver, em 2014, o maior colapso do setor aéreo com a realização da Copa do Mundo. A previsão é que os embarques dobrem no país durante o evento.
Segundo estimativas da entidade, cerca de 500 mil turistas estrangeiros devem vir ao Brasil assistir aos jogos em 2014. Se, em média, esse torcedores assistirem a jogos em quatro cidades diferentes, os embarques devem chegar a 4 milhões --número atual registrado no país, sem eventos extraordinários.
À época, a Infraero rebateu o dado, informando que está investindo R$ 3,8 bilhões nos aeroportos que administra.
O Brasil tem atualmente 739 aeródromos, sendo 63 administrados pela estatal Infraero, 320 pelo Comar (Comando Aéreo Regional), da Aeronáutica, 190 por governos estaduais, 155 por prefeituras e os demais por aeroclubes ou empresas.
Fonte: Folha OnLine
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