Empresas pedem autorização para operar em aeroportos que fazem parte do plano de vôo da nova companhia aérea
As duas líderes, que detêm mais de 90% do mercado doméstico, querem autorização para voar do centro do Rio de Janeiro (Santos Dumont), para Vitória, Brasília e Pampulha (centro de Belo Horizonte) e também de Pampulha para Congonhas. Esses vôos hoje estão proibidos por uma portaria do antigo Departamento de Aviação Civil (DAC), antecessor da Anac, que limitou o uso do Santos Dumont para as rotas da Ponte Aérea (Congonhas) e para a aviação regional, enquanto Pampulha ficou restrito à aviação regional. Na época, o objetivo era transferir demanda para os aeroportos do Galeão e Confins, que estavam ociosos.
A movimentação de TAM e Gol acontece justamente no momento em que a Azul está se articulando para acabar com as restrições em Pampulha e Santos Dumont. "Dos contatos iniciais que a Azul teve com as autoridades brasileiras, ficou claro que o ambiente legal permite o uso dos aeroportos de Santos Dumont e Pampulha para outros destinos", afirma o diretor de assuntos institucionais da Azul, Adalberto Febeliano. Ele explica que a portaria que estabeleceu as restrições, ainda em vigor, é conflitante com a lei que criou a Anac, que a impede de estabelecer restrições em aeroportos por razões que não sejam de segurança.
O executivo afirma que a empresa foi informada sobre a ?ilegalidade? da portaria pelo próprio Ministério da Defesa e pela Anac e que o governo tem interesse em abrir esses dois aeroportos. "As companhias tiveram uma reunião com o ministro Nelson Jobim (Defesa)no dia 9 de julho e ele quis saber a opinião da indústria sobre a abertura dos dois aeroportos." Segundo Febeliano, TAM e Gol/Varig teriam se manifestado contra o fim das restrições. "Tudo o que a Azul quer é a livre competição e contamos que o bom senso prevalecerá", completa o diretor de marketing da Azul, Gianfranco Beting.
Por meio de sua assessoria de imprensa, a Anac confirma que a flexibilização das restrições no Santos Dumont e em Pampulha está em estudos e que novas regras devem ser anunciadas até o final do ano.
Em tese, o fim das restrições favorece a Azul e outras empresas pequenas, como OceanAir e a Webjet. Mas, como uma eventual abertura valeria para todos, as duas líderes saíram na frente.
"Quando a Azul começar a voar em janeiro, ela terá apenas três aviões, enquanto TAM e grupo Gol/Varig terão cem ou mais aviões cada", compara o consultor Paulo Bittencourt Sampaio. "Com essa capacidade, as duas líderes podem tranqüilamente perder dinheiro fazendo essas linhas do Neeleman. Elas põem a tarifa lá em baixo e inviabilizam a operação da Azul. O preço é livre, ninguém poderá impedi-las de fazer promoções."
De acordo com o plano de operações apresentado pela Azul à Anac, a nova companhia aérea pretende, inicialmente, estabelecer bases no Santos Dumont, em Campinas e em Curitiba. Operando com o jato EMBRAER 195, de cem lugares, a Azul nasce com um capital inicial de US$ 150 milhões. Ao anunciar o novo investimento no Brasil em março deste ano, David Neeleman declarou que sua intenção era oferecer prioritariamente vôos sem conexões entre grandes cidades fora do eixo Rio, São Paulo e Brasília. "Esperamos conseguir slots em Guarulhos, Congonhas e Santos Dumont. Mas o fato é que nossa estratégia não depende de obter slots nesses aeroportos", disse ele à época.
CONGONHAS
Além da disputa pela abertura de Pampulha e Santos Dumont, uma batalha ainda mais polêmica deverá ser travada em torno dos slots (espaços para pousos e decolagens) de Congonhas. A Anac apóia a entrada de novos concorrentes para fazer frente ao duopólio TAM e Gol e estuda a adoção de novas regras para a distribuição de slots. "A ponte aérea é a terceira rota mais movimentada do mundo e evidentemente nos interessa", afirma o presidente executivo da Azul, Pedro Janot. "Se forem disponibilizados mais slots em Congonhas, aceitaremos de muito bom grado."
Fonte: Estadão
Nenhum comentário:
Postar um comentário