10.10.08

Sindicatos ameaçam processar Gol devido a cortes de emprego

A Gol pode ser alvo de pelo menos duas ações judiciais por supostamente não ter cumprido o combinado com trabalhadores e por promover cortes que, segundo sindicalistas, ferem as convenções coletivas das categorias. De acordo com os sindicatos, a empresa aérea apresentou como argumento para as demissões a necessidade de uma "reestruturação" para incorporar a Varig, adquirida no ano passado. A companhia não informa uma quantidade precisa de funcionários a serem desligados, mas os sindicalistas, embora forneçam números diferentes, estimam uma grande leva de demissões.

Funcionários da Gol, que preferiram não ter o nome publicado, disseram ao Valor Online que as demissões em decorrência da integração da Varig poderiam chegar a até 3,5 mil pessoas. Esse número não foi confirmado pelos sindicatos ou pela empresa. O Sindicato dos Aeroviários de São Paulo, porém, fala em 1,6 mil demissões em todo o país e a Federação Nacional dos Trabalhadores na Aviação Civil (Fentac) calcula 1,2 mil demitidos.

De acordo com o presidente do Sindicato dos Aeroviários de São Paulo, Reginaldo Alves de Souza, em reunião com representantes da empresa e dos sindicatos estaduais, a Gol afirmou que as demissões em todo o Brasil não passariam de 1,6 mil pessoas. Apenas no Estado de São Paulo já foram cortados 220 aeroviários na companhia, afirmou Souza. "Junto com as demissões de colegas de outros estados e de aeronautas, o corte pode atingir 1,6 mil pessoas na Gol", disse o sindicalista. "Para nós e para os outros sindicatos, isso configura demissão em massa", acrescentou.

Souza acredita que mais "uns cem" serão demitidos até o fim do ano. Os aeroviários de São Paulo são uma das categorias que planejam entrar na Justiça contra a Gol. O motivo seria o desrespeito da companhia à convenção coletiva, que estipula regras que não teriam sido cumpridas para a demissão de funcionários.

Já o Sindicato Nacional dos Aeronautas deve apresentar à Justiça, na próxima semana, uma ação contra a aérea alegando que a empresa deu início a um processo de redução de força de trabalho sem seguir a convenção coletiva firmada com os trabalhadores. Segundo a presidente do Sindicato Nacional, Graziella Baggio, desde março 180 pessoas já foram demitidas. Ela afirma que, nesse período, entre 20 e 30 aeronautas têm sido cortados por mês pela Gol - embora algumas dessas pessoas estejam solicitando a demissão para irem trabalhar em outras empresas, especialmente na WebJet e na Azul.

Outra entidade de classe que estuda ação contra a Gol é a Federação Nacional dos Trabalhadores na Aviação Civil (Fentac). Segundo o sindicato, o total de cortes na aérea deverá chegar a 1,2 mil até o fim do ano. O questionamento que estuda apresentar à Justiça envolve a fusão da Gol e da Varig em uma companhia só. Na avaliação da Fentac, isso pode ter infringido algumas das regras propostas no leilão da Varig no ano passado. Caso tenha confirmada sua opinião, as demissões poderiam ser revistas, de acordo com a entidade.

Em nota, a Gol afirma que sua força de trabalho passou de 10 mil para 16 mil funcionários nos últimos dois anos, período que inclui a compra da Varig. Por conta disso, "está num processo de reestruturação e otimizará os recursos de mão-de-obra". Nesse pacote, estão inclusas demissões, embora a companhia não tenha confirmado ou negado o volume de pessoas que serão desligadas. "Eventuais demissões ocorrerão de forma pontual, decorrentes das mudanças na operação", acrescenta a nota. Por fim, a Gol afirma que, na semana passada, em reunião com a Fentac, anunciou aos sindicalistas a contratação de 500 pessoas para a central de atendimento, em São Paulo. (Colaboraram Bianca Ribeiro e Murillo Camarotto)

Fonte: Valor Economico

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