A Gol pretende reduzir sua oferta total de assentos internacionais em 2009, na comparação com a oferta da companhia aérea em 2008. O encolhimento faz parte do plano de reorganização das malhas de vôos das marcas Gol e Varig iniciado neste ano.
Nas operações ao exterior, a Gol vai ofertar 6,5 bilhões de assentos-quilômetros (medida usada no setor que indica a oferta) em 2009, 7% menos do que o estimado para este ano. Parte da diferença se deve ao fato de que a empresa cancelou vôos em seis rotas de longa distância operadas pela marca Varig, para Europa e México, durante o primeiro semestre deste ano. A companhia voltou a ter apenas vôos em países da América do Sul.
A posição da Gol é inversa à da TAM, que estima ampliar em 20% a capacidade internacional no ano que vem. Os movimentos opostos das concorrentes devem dar à TAM um controle ainda maior sobre o segmento de vôos ao exterior. Em outubro, a empresa alcançou participação recorde de 83,8%. A Gol, junto com a VRG, ficou com 15,8% desse mercado.
No mercado doméstico, a Gol vai expandir 4,6% em 2009, número bem mais modesto do que em anos anteriores. A TAM planeja expansão de 8%.
Levados em conta o mercado doméstico e internacional juntos, a oferta total da Gol cairá 2%. A frota ficará menor também, passando de 111 aeronaves neste ano para 104 até o fim de 2009. Já para o número de passageiros transportados, a companhia estimado crescimento de 26 milhões neste ano para 29 milhões no ano que vem.
A cautela da Gol se deve ao fato de que a demanda por viagens aéreas já não deve crescer nos mesmos patamares de dois dígitos observados desde 2004, devido ao cenário de crise econômica.
A companhia aérea tenta também retornar ao lucro, depois de três trimestre de prejuízo consecutivo. Em suas projeções, a Gol estima que conseguirá cortar custos em quase 10% em 2009, como parte dos esforços para melhorar a rentabilidade. "Segundo a empresa, a reestruturação das malhas aéreas já terá um efeito grande sobre custos", afirma Eduardo Puzziello, analista da Raymond James que participou de encontro para investidores promovido pela Gol. Em outubro, a companhia refez sua malha e eliminou vôos sobrepostos das marcas Varig e Gol.
Em relação à demanda, a companhia aérea prevê que ela crescerá 6% em 2009, levando-se em conta o aumento estimado de 3,2% no Produto Interno Bruto (PIB). A TAM, por sua vez, prevê que a demanda vai avançar entre 5% e 9%, mantendo uma relação de duas ou três vezes superior ao crescimento do PIB.
O comportamento da demanda será crucial para sustentar - ou frustrar - os planos das empresas. Além de Gol e TAM, líderes de mercado (ver quadro), outras empresas pequenas traçam estratégias de expansão. A WebJet receberá novos aviões e a Azul, que inicia vôos em dezembro, prevê chegar a uma frota de 16 aeronaves da Embraer no fim de 2009. A Trip, embora voltada para vôos regionais, também expandirá a oferta com jatos da fabricante brasileira.
Os números de outubro, divulgados ontem pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), foram negativos pela primeira vez em mais de um ano.
A demanda por viagens aéreas domésticas encolheu 3,9% entre outubro deste ano e outubro de 2007, num sinal de que o alerta gerado pela crise econômica mundial afetou o setor. É a primeira queda no tráfego desde agosto do ano passado, o mês seguinte ao acidente do vôo 3094 da TAM em Congonhas, que aterrorizou os passageiros.
A queda no movimento aéreo devido à crise já vinha sendo apontada por algumas agências de viagens. Entre as maiores empresas do setor, a OceanAir foi a que mais encolheu no mês de outubro. A companhia teve 28% menos oferta e 19% menos passageiros do que no mesmo mês de 2007. A Gol/ Varig também registrou queda na demanda de passageiros, de 14%, mesmo tendo ampliado sua capacidade em quase 6%. As empresas TAM, WebJet e Trip obtiveram crescimento, tanto do lado da oferta quanto do lado da demanda.
Até setembro deste ano, o crescimento da demanda aérea estava acumulado em 10,2%. Com a retração de outubro, o crescimento passou para 8,6%. Para o ano todo de 2008, a TAM estima que o mercado crescerá entre 8% e 12%; a Gol projeta aumento de 8,5%.
Fonte: Valor Econômico
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