30.1.09

Embraer pede ajuda ao BNDES para clientes

A Embraer decidiu pedir ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) ajuda aos compradores dos seus aviões para que não suspendam ou adiem as encomendas já feitas. Até agora, a empresa não recebeu nenhum pedido de cancelamento, mas diversos clientes já pediram para adiar entregas.

Em casos de financiamento de curto prazo, a própria Embraer decidiu utilizar com recursos próprios. Foi assim com a venda de um jato para a Azul, companhia que acaba de estrear no mercado.

Esse tipo de ajuda "é uma operação localizada de curto prazo, uma espécie de ponte" , procura explicar o vice-presidente executivo de aviação comercial da Embraer, Mauro Kern.

- Não é nossa intenção financiar as vendas; por isso estamos procurando o BNDES - completa o executivo.

Segundo ele, além do BNDES a fabricante de aviões está também procurando outros bancos para tentar intermediar o financiamento para que os clientes não precisem pedir o adiamento de pedidos. A Embraer não divulga quais clientes pediram para postergar as entregas.
Quatorze encomendas

O ano começou bem em termos de entregas para a Embraer. A empresa entregou esta semana um jato para até 122 passageiros para o grupo alemão Lufthansa. Serão mais 14 aeronaves para essa companhia ao longo do ano. Mas as perspectivas de fechamento de novos negócios não parecem tão promissoras.

- Este será um ano difícil com a contração da atividade - afirma Kern. - Apesar de termos uma carteira sólida o cenário traz dificuldades. 2009 será um ano desafiador.

A dificuldade em vender agora deverá se refletir no ritmo da atividade da Embraer no futuro. Talvez por conta disso, a empresa já se antecipou e decidiu não preencher as vagas que estão sendo abertas no processo de " turnover " que a direção da empresa considera natural. Segundo porta-voz da empresa, a direção garante que fará de tudo para evitar cortes. O total de empregados da empresa começou a diminuir já na virada do ano. Passou de 23.700 em setembro para 23.500 no fim de 2008.

Afetada pela crise mundial, a carteira de pedidos da companhia diminuiu 3,2% no último trimestre saindo de US$ 21,6 no final de setembro para para US$ 20,9 bilhões no fechamento do ano. Em 2008, a Embraer registrou recorde de entregas, de 204 aeronaves, 20% acima do total de 2007. Para 2009, está mantida a projeção divulgada no início de novembro de entregar 270 aeronaves. A aviação comercial representa 63,7% da receita da Embraer, que fechou ficou em US$ 7,6 bilhões nos nove primeiros meses de 2008. O total do ano ainda não foi divulgado. É na América do Norte onde está a maior parte dos clientes da companhia (45,11%)

Ao mesmo tempo que enfrenta um cenário mais difícil por conta da crise, a Embraer sabe que precisa manter o ritmo de desenvolvimento das futuras aeronaves para acompanhar tanto os concorrentes tradicionais, como a canadense Bombardier, como também os novos em outros países, como a Rússia.

- Respeitamos todos os concorrentes e, por isso, estamos trabalhando firme nas nossas novas tecnologias - diz Kern.

Fonte: O Globo

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