O contrato, que as companhias descrevem como uma fusão de iguais, será baseado numa troca de ações sem ágio, disseram pessoas a par do assunto. A empresa conjunta - que usará a marca da United - será quase 8% maior que a Delta Air Lines Inc. em tráfego aéreo, se comparado o número de quilômetros por passageiros transportados no mundo, incluindo por filiais regionais. Ela teria 21% dos assentos no mercado americano, ante 20% da Delta, que subiu ao primeiro lugar com a aquisição da Northwest Airlines, em 2008. Se ultrapassar todos os obstáculos antitruste, a nova companhia será sediada em Chicago e comandada por Jeff Smisek, o diretor-presidente da Continental, disseram as pessoas. A fusão pode ajudar a estabilizar o setor aéreo americano, assolado por dívidas, ao eliminar mais assentos e dar a todas as companhias mais espaço para reajustar as passagens.
O acordo também encerraria os anos que o diretor-presidente da UAL, Glenn Tilton, passou tentando encontrar um sócio, e se tornaria o próximo dominó a cair após a fusão da Delta com a Northwest. Tilton, que será o presidente não-executivo do conselho da nova empresa, planeja se envolver ativamente na administração, disse uma pessoa a par da situação. O acordo também dará aos passageiros da United e da Continental acesso a vários destinos novos: a United serve 100 cidades que a Continental não atende, e a Continental serve 136 cidades que a United não atende. Essa United ampliada teria oito "hubs" domésticos: Cleveland, Chicago, Denver, Houston, San Francisco, Los Angeles, Newark (um dos aeroportos de Nova York) e o Aeroporto Internacional Dulles, em Washington. A Continental tem forte presença na Europa e na América Latina, enquanto a United é forte ao redor do Pacífico. As companhias já integram o grupo mundial Star Alliance. Elas também já cooperam no mercado interno e têm planos de compartilhar o faturamento no exterior. Uma análise do J.P. Morgan calcula que, se o acordo for concluído, a United e a Continental reduzirão a capacidade total em 8% e eliminarão 5% das despesas operacionais eliminando operações coincidentes e cortando empregos. Essas reduções poderiam ser ainda maiores não tivessem, como se espera, de aumentar salários para facilitar seu acordo de fusão.
As duas também vão perder 3% no faturamento combinado por causa da eliminação de rotas, e não os 8% que se poderia supor pelo possível corte de capacidade, já que a nova companhia ganhará poder de preço na estrutura de rotas reduzidas, diz a análise do J.P. Morgan. A fusão permitirá que as duas obtenham um lucro operacional extra de US$ 600 milhões em 2011 além do que obteriam separadamente, afirmou o J.P. Morgan. O banco acredita que há uma chance de 75% de as autoridades liberarem a fusão. Com base na cotação da UAL na sexta-feira, de US$ 21,64, e as 139,4 milhões de ações da Continental, a UAL pagará US$ 3,16 bilhões pela Continental, disseram as pessoas familiarizadas com o assunto. A United aceitou pagar 1,05 ação para cada ação da Continental, numa operação que não aumenta a dívida das empresas ou prejudica o caixa delas. Os acionistas da UAL terão uma estreita maioria da nova empresa, que teria valor de mercado de US$ 6,7 bilhões nas atuais cotações. Os investidores recompensaram a liderança da Delta no setor dando-lhe um valor de mercado de US$ 9,5 bilhões.
O Departamento de Justiça já indicou que desconfia dos argumentos das empresas para uma colaboração mais estreita. É ele que terá a palavra final sobre a fusão, e pode exigir vendas de ativos e outras mudanças. Mesmo assim, alguns advogados antitruste dizem que não há sobreposição suficiente nas rotas para justificar o impedimento do acordo. "Os sindicatos e alguns concorrentes vão se opor, mas acho que será aprovada após uma investigação demorada e detalhada", disse John Briggs, sócio-executivo da Axxin, Veltrop e Harkrider LLP. De fato, os sindicatos mais poderoso dessas empresas, que incluem pilotos, podem não incomodar muito. Os pilotos da United têm um contrato redigido quando a empresa estava em concordata e devem receber reajustes altos para alcançar os colegas da Continental. Wendy Morse, presidente do sindicato de pilotos da United, disse que não pretende se opor à fusão com a Continental.
A United e a Continental começaram a discutir uma fusão há dois anos, mas a Continental abandonou as negociações, temendo que os problemas financeiros da United e as perspectivas desanimadoras do setor tivessem tornado o acordo arriscado demais. As empresas voltaram à mesa de negociações no mês passado, depois que a Continental descobriu que a United estava negociando outra fusão com a US Airways Group Inc. Depois que a US Airways desistiu do acordo, a Continental e a United negociaram agilmente. Um obstáculo, a proporção usada para a troca de ações, foi resolvida semana passada. Um fator que colaborou nas negociações foram as perspectivas mais positivas do setor e a própria reviravolta da UAL, que aumentou sua liquidez, pontualidade e capacidade de gerar faturamento.
Fonte: The Wall Street Journal
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