4.8.10

Nos juizados dos aeroportos, clientes processam a Gol

O transtorno causado pela Gol e a falta de informações resultaram nesta segunda-feira em 104 reclamações nos Juizados Especiais instalados nos aeroportos de Rio, São Paulo e Brasília. Só no Rio e em Brasília, foram abertos 46 processos judiciais - a maior parte tem como alvo a Gol.

Neste último fim de semana, em relação ao fim de semana anterior, o número de queixas no Aeroporto Internacional Tom Jobim passou de 18 para 135 - alta de 650%. Nesta segunda, das 33 queixas no Tom Jobim, 27 se transformaram em processos e apenas uma se reverteu em acordo entre as partes. No Santos Dumont, dos 20 clientes que procuraram a juizado, houve quatro acordos, cinco aberturas de processos e 11 pedidos de informação.

No Aeroporto de Brasília, foram registradas 33 queixas. Desse total, foram abertos 14 processos, todos contra a Gol. No Aeroporto de Congonhas, em São Paulo, das dez reclamações, a Gol foi alvo de nove. Desse total, duas queixas resultaram em acordos. Em Cumbica, das oito reclamações, cinco foram contra a Gol.

Problemas na escala associados ao elevado tráfego aéreo na volta às aulas levaram à insuficiência de tripulantes para os voos programados da companhia, que registram atrasos desde sexta-feira. Os problemas enfrentados pela Gol provocaram efeito cascata que levaram o número de voos domésticos atrasados da companhia aérea a quase 45% dos voos programados para todo o país até as 6h da manhã desta terça-feira. Oito voos da empresa foram cancelados, de acordo com a Infraero. A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) cobrou explicações da companhia aérea sobre os problemas registrados desde o fim de semana. Nesta segunda-feira o índice de voos atrasados da empresa superou 54%. A média de atrasos nos voos domésticos nos primeiros cinco meses do ano é de 12,4%.

Na Gol, houve desde excesso de voos fretados (não regulares) para destinos turísticos em julho a falhas no sistema da empresa que monitora a carga horária dos tripulantes. A decisão dos funcionários de cumprir estritamente a legislação trabalhista do setor - máximo de 85 horas de voo por mês - também fez os passageiros da segunda maior companhia aérea do país passarem por um verdadeiro tormento nos aeroportos na volta das férias.

Segundo fontes do mercado e dos sindicatos, a empresa teria reativado aviões da antiga Varig para rotas turísticas fechadas, com receita garantida, sem contratar funcionários extras, o que estourou o limite de horas de trabalho determinado por lei, impedindo a formação das tripulações dos voos regulares. Sindicatos dos trabalhadores apontam que o quadro de pessoal enxuto - realidade da empresa - agravou a situação.

Procurada, a Gol chegou a confirmar que houve excesso de fretamentos em julho e que esse foi um dos motivos dos atrasos. "Isso procede", informou a assesssoria de imprensa da aérea, que depois voltou atrás, alegando que a informação não era oficial e que o assunto ainda estava sendo apurado. Ainda segundo a assessoria de imprensa, o principal motivo foi a pane do sistema, que deixou de computar excesso de jornada de determinados funcionários. Mais cedo, em nota, a empresa culpou o excesso de tráfego aéreo, mas o Comando da Aeronáutica informou que não havia anormalidade no movimento, considerado comum para o período de fim de férias.


Fonte: O Globo

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