23.2.11

Delta cria comando para América Latina

Brasil é quarto maior cliente e acordo com Gol deve ser ampliado

Na esteira de uma estratégia traçada para crescer internacionalmente, a Delta, com sede nos Estados Unidos, decidiu acompanhar mais de perto o desenvolvimento de seus negócios na 
América Latina, sobretudo no Brasil, que representa o quarto maior mercado do grupo fora dos Estados Unidos.

Desde janeiro, a operação latino-americana, que inclui a região do Caribe, é comandada pelo uruguaio Nicolas Ferri. A principal mudança está relacionada à velocidade na tomada de decisões: agora, os assuntos são reportados diretamente por Ferri ao presidente da Delta, Edward Bastian.

Com passagens pela falida Pan Am, pela United Airlines e pela vice-presidência da aliança de companhias aéreas Oneworld, Ferri tornou-se vice-presidente da Delta na América Latina e Caribe com a missão de aprimorar o plano de negócios na região, em que a parceria com a brasileira Gol é tratada como um "pilar fundamental".

Sua nomeação repercute a iniciativa da Delta de "regionalizar" a administração de operações internacionais, o que incluiu também a criação, há um ano e meio, de postos de comando para os negócios na Europa e na Ásia. "A Delta reconheceu que o crescimento da companhia virá da área internacional", disse Ferri, que ontem estava em São Paulo, mas continuará baseado em Atlanta, sede da Delta.

"Somos uma companhia que está crescendo na região e queremos ocupar aqui o lugar que nos corresponde", disse Ferri. No Brasil, onde a Delta opera 31 voos semanais sem escala até os Estados Unidos, as vendas cresceram 44% no ano passado, informa Ferri. Fora dos Estados Unidos, o Brasil só está atrás de Japão, Alemanha e Reino Unido no ranking da Delta.

A parceria com a Gol terá um papel importante dentro da meta de manter um expressivo crescimento no país. As duas empresas começaram no início deste mês um acordo compartilhamento de voos (code share) que deu à Delta acesso a 15 novos destinos brasileiros - que podem chegar a mais de 30, a depender do aval do governo.

As duas empresas também já estão integrando seus programas de fidelização, permitindo aos clientes acumular ou resgatar milhas de ambas as companhias.

Outro acordo prevê serviços à frota da Gol pelo braço da Delta na área de manutenção, a Delta TechOps. Por outro lado, a Gol dará apoio em alguns serviços relacionados à manutenção de aviões da Delta em território brasileiro.

Ferri afirma que as duas empresas estão apenas começando um relacionamento que poderá, no futuro, render uma ampliação do acordo de code share e o compartilhamento da rede de lojas que vendem passagens aéreas, para citar duas possibilidades. O executivo, contudo, lembra que o "casamento" com a Gol também dependerá das estratégias de longo prazo da companhia brasileira.

A entrada da Gol na SkyTeam, aliança de companhias aéreas liderada pela Delta, é outra possibilidade, mas as discussões nesse sentido ainda não começaram, diz Ferri, que visita o Brasil nesta semana. "Nós gostaríamos de ter uma presença maior no Brasil e a Gol seria o parceiro perfeito", afirma. Principal concorrente da Gol, a TAM integra desde maio do ano passado a Star Alliance, outra aliança internacional de empresas aéreas.

Sustentam as apostas da Delta no mercado brasileiro a tendência de crescimento econômico, a parceria com a Gol e as fortes relações comerciais entre Brasil e Estados Unidos, fatores que se aliam à realização no país da Copa do Mundo de 2014 e da Olimpíada de 2016.
Ferri também cita estimativas que apontam para um crescimento médio de 4,5% do tráfego aéreo na América Latina nos próximos cinco anos, enquanto a taxa de evolução do mercado americano deverá ficar em 1,8% no mesmo período.

Apesar disso, ele nega que o interesse pela América Latina deve-se ao arrefecimento das economias desenvolvidas a partir da crise financeira. "Não é uma oportunidade recente. 

Estamos aqui por muitos anos e vamos ficar aqui por muitos mais anos", afirma. Uma das maiores companhias aéreas do mundo, a Delta faturou US$ 31,755 bilhões no ano passado, quando auferiu lucro de US$ 593 milhões.

Fonte: Valor Econômico

Um comentário:

Anônimo disse...

that is so cool