Como de hábito, espero alguns dias antes de comentar sobre algum acidente aéreo de que tenha conhecimento. No caso da queda do LET410 da Noar em Recife, não há muito mistério a ser desvendado. A descoberta de um livro de manutenção paralelo, não oficial, na outra aeronave da frota mostra que era prática recorrente - pelo menos na aparência - não registrar incidentes mecânicos ou de outra monta no diário de bordo oficial. O bimotor que caiu havia passado por uma manutenção nos motores - segundo informações da mídia feita pela própria fabricante - no fim de semana anterior ao acidente e voara 17 horas antes de sofrer o acidente fatal.
Do ponto de vista da análise técnica da queda, pilotos que assistiram ao vídeo de 12 segundos que registrou a queda observaram dois pontos relevantes. O primeiro ponto indica o nível de controle que o comandante, um piloto experiente, tinha no momento - a imagem mostra o turbohélice com as asas niveladas e aparentemente completando um círculo que o deixaria com a proa novamente para o aeroporto dos Guararapes. A questão, nesse caso, é a atitude, muito baixa para que a operação pudesse ser completada a contento. O segundo ponto é oposto ao primeiro, percebe-se claramente que o cockpit comandou uma curva mais abrupta para a direita - com vista a pousar na praia de Boa Viagem - vazia e de areia dura - o que no LET é fácil dada a sua configuração de asa alta e facilidade de pouso e decolagem em pequenos espaços.
Nos instantes finais do vídeo percebe-se que o avião está efetivamente caindo, porque em vez de um voo para a frente, ele tende a se manter com o nariz para o alto, perde velocidade nitidamente e então mergulha em um início de spin para o lado. A análise de quem pilota - e alguns aparelhos iguais ao sinistrado - apontam para uma perda de controle de superfície junto com um dos motores, o esquerdo, em máxima aceleração. É possível que o direito estivesse inclusive cortado no momento, daí a visível dificuldade de sustentação da aeronave.
Relatos mostrados pela televisão dos registros de bordo da outra aeronave mostram uma constante perda de potência dos motores na decolagem - não alcançando sequer 60% do ideal para que o avião, que leva apenas 16 passageiros e dois tripulantes - justamente o período onde ocorreu o acidente da semana passada. O estranho é que esses relatos se referem a ambos os motores e aí fica a minha suspeita quanto a um dos elementos de mais esse triste capítulo da aviação brasileira: teria o avião. ou a empresa, problemas de qualidade de combustível? Algum tipo de contaminação, por exemplo, não detectada nem pelo distribuidor, nem pela própria companhia.
Fonte: Glide Slope - JB Slot
Um comentário:
Uma pergunta técnica ; - Este piloto poderia ter decolado com Reduction Take-off ??? ......Em certas condições de pressão e temperatura, poderia não ser recomendado . Existe um despacho Operacional na empresa ??.
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