O prejuízo do Grupo TAP de 137 milhões de euros no primeiro semestre indicado hoje pela companhia representa um agravamento de quase 120% nos últimos dois anos, com +26,8% em 2010, que então foi atribuído ao encarecimento do combustível e ao impacto da nuvem de cinzas vulcânicas, e +73,4% este ano, de novo pela subida de preço do fuel.
A empresa, que é das companhias aéreas da Star Alliance que menos informação do balanço divulga, limitando-se a revelar apenas alguns dados relativos ao primeiro semestre através de um comunicado, atribui por inteiro a degradação dos resultados nos primeiros seis meses deste ano ao aumento da factura de combustíveis em 43%, para 325 milhões.
“Este aumento de 97 milhões da factura do combustível penalizou fortemente as contas da companhia nos primeiros seis meses do ano, no entanto o crescimento sustentado do transporte aéreo aliado ao controlo dos custos, que reforçaram a competitividade da empresa, permitiu compensar 40 por cento do aumento do combustível”, lê-se no comunicado.
O comunicado reforça ainda essa perspectiva, afirmando que “o desvio no custo dos combustíveis foi determinante para que se verificasse um resultado líquido negativo de 137 milhões de euros no final dos primeiros seis meses do ano, contra os 79 milhões de perdas registadas em igual período do ano passado”.
De acordo com os dados revelados no comunicado e com a informação divulgada há um ano pela companhia, em dois anos a factura de combustíveis mais do que duplicou, tendo um aumento e 106% ou 167 milhões de euros, com +44% ou mais 70 milhões no primeiro semestre de 2010 e +43% ou mais 97 milhões no primeiro semestre deste ano.
No entanto, relativamente ao primeiro semestre de 2010, este ano a companhia tem apenas mais cinco milhões de custos agravados, já que no ano passado, além dos 70 milhões de euros de agravamento da factura de fuel, também teve “perdas” de 22 milhões de euros pelos fechos de espaço aéreo em Abril e Maio devido à nuvem de cinzas expelida por um vulcão na Islândia.
Na informação que divulgou em 20 de Agosto de 2010 sobre os resultados no primeiro semestre desse ano, a TAP dizia que teve um resultado líquido negativo de 36,9 milhões de euros, “um aumento de apenas 27,1 milhões em relação ao apurado no mesmo período de 2009, graças às acções desenvolvidas pela empresa no sentido de minimizar o impacto do agravamento de 70 milhões na factura do combustível e dos 22 milhões das perdas resultantes da erupção do vulcão islandês”.
Este ano a empresa não divulgou resultados líquidos da TAP, SA, que reúne as actividades de transporte aéreo de passageiros e carga e manutenção, que são os negócios centrais do Grupo.
Em relação ao transporte aéreo, o comunicado indica apenas que as receitas cresceram 8%, para 917 milhões de euros, mas sem especificar se se trata apenas de receitas de passagens ou se também da carga.
De acordo com os dados publicados pela AEA, no primeiro semestre a TAP teve um aumento do tráfego de passageiros (em RPK = passageiros x quilómetros percorridos, unidade mais utilizada na aviação) em 9%, com +10,4% em número de passageiros embarcados, para 4,533 milhões (acima dos 4,493 milhões referidos no comunicado da empresa, que refere um aumento de 10%), mas em carga (em TFTK = toneladas x quilómetros percorridos) teve uma queda de 5,3%.
A evolução no transporte aéreo de passageiros levou a que a TAP mantivesse uma forte recuperação da taxa de ocupação, com um ganho de dez pontos (+15,7%) nos últimos dois anos, com +6,8 pontos no primeiro semestre de 2010 e +3,3 pontos no primeiro semestre deste ano, para 74,5%, muito próximo da média da AEA que foi de 75% (a Associação indica 74,6% para a taxa média de ocupação da TAP no primeiro semestre).
A companhia, no entanto, não divulga informação sobre como essa subida da taxa de ocupação se reflectiu na rentabilidade da operação, designadamente qual foi a evolução da receita unitária (quando facturou por lugar x quilómetro colocado no mercado) e do yield (preço médio pago por passageiro para percorrer um quilómetro), que são dois indicadores que praticamente todas as companhias suas parceiras na Star Alliance divulgam. Relativamente a custos, a empresa destaca que excluindo o combustível, o aumento foi de 3,4%, para 794 milhões de euros, abaixo, portanto abaixo do aumento das receitas do transporte aéreo e também abaixo do aumento da actividade medido em capacidade colocada no mercado (em ASK = lugares x quilómetros percorridos), que foi de 3,8% (a AEA indica no entanto um aumento de 4,2%).
Os custos totais, de acordo com os valores divulgados no comunicado (325 milhões do combustível + 794 milhões de outros custos) ascenderam a 1.119 milhões de euros, acima dos 1.094 milhões de euros de receitas do Grupo indicadas no comunicado, que, no entanto, neste caso não especifica qual foi a variação em relação ao período homólogo de 2010.
O comunicado avança apenas que os prejuízos operacionais no primeiro semestre, que é um período em que o sector aéreo tem normalmente pior desempenho que no segundo, aumentaram de 49 milhões de euros em 2010 para 117 milhões este ano, o que significa um agravamento de 138,8% ou 68 milhões de euros.
O realce da TAP vai no entanto para o facto de esse agravamento em valor absoluto ser “significativamente menor do que o aumento da factura dos combustíveis” (em 97 milhões).
Fonte: Presstur
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