8.8.11

Seviço de bordo

Comissária da Varig lança ‘Estrela Brasileira’ e conta as histórias da tripulação e de muitas viagens de primeira classe

Se fosse aeromoça nos dias de hoje, a ex-comissária da Varig Claudia Vasconcellos com certeza escreveria um livro de caráter jocoso falando que tal barrinha de cereal  do serviço de bordo estava com o prazo de validade vencido, que tinha causado um edema de glote em um passageiro alérgico, ou então lamentando a insegurança quanto à manutenção dos aviões e o número excessivo de horas voadas que compromete a qualidade de atendimento em eventual emergência. 

Mas longe dessa realidade, a comissária se orgulha de ter na carteira profissional 30 anos de serviços de bordo prestados à Varig, uma empresa aérea que marcou uma época e deixou saudades em gerações de brasileiros que aprenderam a respeitar e a admirá-la como ume verdadeiro símbolo do Brasil.

Nesta sexta-feira (5), Claudia, escritora e poeta, autografa, às 19h, na Livraria Cultura da avenida Paulista, em São Paulo, o livro “Estrela Brasileira”.

“Viajar pela Varig era um verdadeiro evento. Nenhuma empresa tinha um serviço de bordo tão primoroso”, relembra para a autora a socialite carioca Regina Marcondes Ferraz, que foi testemunhas de boa parte dos quase 80 anos da companhia que levou brasileiros e estrangeiros, com o máximo de segurança e qualidade de atendimento, aos quatro cantos do planeta. Ela divide com seus leitores um exemplar de 240 páginas, com versão e-book, seus melhores e, também os piores momentos.

Foram três anos em meio de pesquisas, redação, revisão e impressão e muitos depoimentos de colegas e frequent flyers para dar corpo às  lembranças de Cláudia, que também tem um blog com fotos e textos, acessado em todo o mundo, que conta  a história da Varig, do nascimento da empresa ao encerramento dos voos.

“A Varig foi a grande embaixadora do Brasil no mundo, a tal ponto que, quando apresentou sinais de declínio, ficamos sem acreditar que isso pudesse acontecer. Parecia parte da gente”, diz, com saudade e pesar, o cirurgião plástico Ivo Pitanguy um dos seus frequent flyers.

O cantor Chico Buarque, que já ganhou seu exemplar, fala da importância que as lojas da voadora, espalhadas pelo mundo, tinham para os brasileiros. “Muitas vezes, ia às lojas de Paris e Roma, para ler jornal, tomar café e me encontrar com outros brasileiros”.
Era um tempo de glamour na aviação e na profissão. Claudia conta que se hoje você se forma e tem que batalhar por uma vaga no mercado, em sua época entrar para a escola de comissários da empresa já era o primeiro passo para o trabalho.

Se por um lado, a carioca Claudia se chocou com a realidade de morar na China e África do Sul se encantou com os Estados Unidos. Entre seus apuros aéreos, ela socorreu  Gilberto Freire, autor de “Casa Grande e Senzala” de um mal súbito durante um voo, usando uma garrafa portátil de oxigênio. 

“Mas era divertido quando passageiros confusos mordiam as toalhinhas perfumadas pensando ser tapioca”, conta Claudia por e-mail.

Ela não consegue se conformar com as barrinhas de cereais ou com passageiros subindo à bordo com marmitinhas. “Tínhamos um obrigação de um conhecimento cultural profundo. Precisávamos saber preparar os drinques a gosto de cada cliente e tínhamos opções de cardápio kosher, diet, vegetariano, no menu”.

É claro que a tripulação também se divertia com os pedantes de plantão: “Havia um famoso colunista que ao embarcar já sabíamos que teríamos problemas na Primeira Classe (ele ganhava a passagem da Varig), pois queria mais e mais caviar, mas para mostrar que era profundo conhecedor da iguaria sempre dizia ao receber a primeira porção que o mesmo estava estragado, dizíamos que tínhamos mudado a lata e aí ele ficava satisfeito. Nosso caviar era o beluga malossol [espécie russa], o melhor do mundo ”, diverte-se.

Hoje, com voos cada vez mais curtos e uma maior oferta de companhias aéreas as relações com os passageiros são menos pessoais.

Para quem tem medo de avião, a comissária adverte que não vale descontar o pânico com  bebidas alcóolicas em excesso a bordo, pois cada dose equivalerá a três, em função da pressurização. 

Elegante, ela termina nosso sobrevoo por sua história com uma aproximação das mais simpáticas. “Infelizmente não conheço Bauru, mas certamente me deixaria muito feliz ver o infinito do céu em companhia do astronauta Marcos Pontes.”

Serviço
Lançamento de "Estrela Brasileira", de Cláudia Vasconcellos (Editora KRK, 240 páginas)
Quando: Amanhã, às 19h
Onde: Livraria Cultura (avenida Paulista, 2000, São Paulo)
Quanto: R$ 30 e R$ 12 (e-book) 
Informações: http://aestrelabrasileira.blogspot.com/

Fonte: http://www.redebomdia.com.br/noticias/viva/62850/comissaria+da+varig+lanca+livro+com+historias+inusitadas+de+viagens

Um comentário:

Anônimo disse...

A destacar que a VARIG recebeu as instalações , lojas , conhecimento, vivência, satatus , linhas,equipamentos , tanto de ar quanto instalações terrestres da PANAIR do BRASIL,esta sim ,que foi pioneira ao levar a bandeira brasileira mundo afora, inclusive com as cores de suas aeronaves, e a bandeira no corpo dos jatos intercontinentais. Os 'calças-pretas" erama a elite da Aviação, aprenderam tudo com a PANAM e transplantaram para a PANAIR. PANAIR ,quando voar era puro glamour.