As negociações salariais dos trabalhadores do setor aéreo com as companhias aéreas terminaram em impasse nesta terça-feira e os sindicatos ameaçam realizar greve neste fim de ano.
Diante do impasse, a última reunião da rodada de negociações, prevista para o próximo dia 7, foi cancelada.
Segundo o presidente da Fentac (Federação Nacional dos Trabalhadores em Aviação Civil), Celso Klafke, a categoria foi "surpreendida" com a falta de disposição das companhias para negociar. "Nós diminuímos a nossa pedida salarial e retiramos o estado de greve, mas o Snea (Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias) não quis negociar."
Os trabalhadores reduziram de 20% para 14% a demanda por reajuste no piso salarial e de 13% para 10% nas demais faixas. O Snea manteve a posição de 3% de reajuste.
"O IBGE divulgou um estudo recente dizendo que as passagens aumentaram 56% este ano e eles as empresas querem repor nem metade da inflação nos últimos doze meses", disse Klafke.
A Fentac, ligada à CUT (Central Única dos Trabalhadores) representa seis sindicatos, entre eles os sindicatos nacionais dos aeronautas e dos aeroviários. A greve pode atngir tanto funcionários que operam dentro dos aviões, como os comissários de bordo, quanto os de terra, como os trabalhadores responsáveis pela movimentação das bagagens.
Diante do impasse, o sindicato voltou para a condição de estado de greve, o que significa que a decisão de realizar uma eventual paralisação já está previamente aprovada pelos sindicatos.
Segundo Klafke, nos próximos dias, as lideranças dos seis sindicatos vão se reunir com as bases para discutir a data para inicio da paralisação.
Durante as negociações salariais do ano passado, os trabalhadores foram impedidos de realizar greve por decisão da Justiça do Trabalho. Segundo Kafkle, para não serem surpreendidos por decisões semelhantes, o sindicato está em contato com o Ministério Público do Trabalho.
"Fizemos alguns movimentos preventivos junto ao Judiciário. O que houve no ano passado foi uma ilegalidade. Como o sindicato patronal rompeu as negociações e provocou o impasse, não temos outra alternativa", disse.
O Snea afirmou, por meio de sua assessoria, que as companhias mantêm a posição em face dos prejuízos apurados pelo setor.
No terceiro trimestre, TAM e Gol juntas tiveram prejuízo de R$ 1,1 bilhão. O prejuízo reflete, principalmente, a valorização do real frente ao dólar. O Snea lembrou ainda que nos últimos seis anos os trabalhadores obtiveram reposição salarial mais aumento real de 9%.
Os sindicalistas contestam o argumento do prejuízo. "O prejuízo das empresas aéreas no terceiro trimestre é contábil e pode se transformar novamente em lucro com uma mudança no câmbio", disse Klafke.
Fonte: Folha
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