14.12.12

Aviação europeia ‘surpreende’ IATA e evita prejuízo em 2012


A aviação europeia, que a IATA chegou a prever que em Outubro iria ter um prejuízo operacional de 1,2 mil milhões de dólares, afinal, pelas novas previsões da Associação, divulgadas ontem em Bruxelas, vai conseguir chegar ao breakeven, apesar da crise financeira em que está mergulhado o continente.

As novas previsões da IATA indicam, aliás, que em 2012 as companhias europeias vão conseguir uma margem operacional positiva, de 0,6% tanto este ano como em 2013, quando em Outubro a Associação apontava para -0,1% este ano e 0,6% no próximo.

Mas não foi apenas em relação às companhias europeias que a IATA reviu em alta as previsões. A nível mundial, a nova estimativa da Associação é que a aviação comercial apresente lucros de 6,7 mil milhões de dólares este ano, mais 63,4% do que previa em Outubro (4,1 mil milhões) e mais do dobro do que antecipava em Junho (três mil milhões).

As companhias europeias são as que pesam mais na revisão em alta, já que a IATA previa que tivessem um prejuízo de 1,2 mil milhões de dólares e agora prevê o breakeven.

Mas igualmente melhor do que as previsões de Outubro são as estimativas que a IATA apresentou para os lucros das companhias da América do Norte (2,4 mil milhões de dólares, +26,3% do que estimava em Outubro), da Ásia e Pacífico (três mil milhões, +30,4%) e do Médio Oriente (0,8 mil milhões, +14,3%).

Para as companhias da América Latina e de África, a IATA manteve a mesma previsão de resultados que tinha apresentado em Outubro, de lucros de 0,4 mil milhões de dólares e de breakeven.

O que se passou, segundo explicou ontem o director-geral e CEO da IATA, é que as previsões divulgadas no início de Outubro basearam-se num “muito fraco desempenho” financeiro no primeiro trimestre, que melhorou “ligeiramente” no segundo, mas já no terceiro houve, “apesar de alguns grandes desafios”, uma melhoria “considerável”.

As previsões divulgadas ontem mostram que as companhias aéreas tiveram melhores desempenhos do que antecipava a IATA tanto do lado das receitas como dos custos.

As receitas, segundo as novas previsões da IATA vão atingir este ano 637 mil milhões de dólares, mais 0,2% do que antecipava em Outubro e +1% do que previa em Junho, tendo um aumento médio de 6,4%, quando as taxas de crescimento indicadas em Outubro e em Junho eram de, respectivamente, 5,7% e 4,7%.

Este desempenho melhor vem do lado do transporte de passageiros, que a IATA prevê atinja uma receita este ano de 508 mil milhões de dólares, em alta de 8,5% face a 2011, quando em Setembro previa que o aumento ficasse em 7,9% e em Junho indicava 6,4%.

Este crescimento mais forte da receita vem, por um lado, de um aumento do número de passageiros transportados ligeiramente mais forte do que antecipava, mas sobretudo por uma gestão mais eficiente da capacidade e da receita.

A IATA antecipa que em 2012 as companhias aéreas totalizem 2.974 milhões de passageiros transportados (previa 2.973 milhões em Setembro e 2.966 milhões em Junho), mais 5,1% que em 2011, ou seja, com um aumento inferior ao que antecipa para as receitas de passageiros (8,5%).

A diferença vem, por um lado, de que a IATA antecipa agora um aumento do yield (preço médio que cada passageiro paga por quilómetro voado) em 3%, quando em Outubro previa 2,5% e em Junho, 1,5%.

Além de uma evolução do preço melhor, os dados da IATA mostram que as companhias fizeram uma gestão mais eficiente da capacidade, com a taxa de ocupação dos voos a atingir 79,5%, acima dos 79,2% previstos em Outubro e mais ainda dos 79% previstos em Junho.

Mas apenas mais tráfego e mais receita não explicam completamente a revisão em alta das previsões. Os números da IATA mostram que a Associação também reviu em baixa a evolução dos custos em relação à previsão de Outubro, passando a antecipar um aumento de 7,4%, para 623 mil milhões de dólares, quando antes previa um aumento de 7,8% para 626 mil milhões.

O mais curioso é que a IATA até reviu em alta o valor da factura de combustíveis, que é a rubrica que tem mais peso nos custos, indicando agora o valor de 209 mil milhões de dólares, quando em Outubro indicava 208 mil milhões, por um agravamento dos custos de refinação do querosene.

A diferença está nos outros custos, em que as companhias aéreas conseguem, segundo as novas previsões da IATA, limitar o aumento em 2012 a 2,5%, para 414 mil milhões de dólares, quando as previsões de Outubro apontavam para um aumento de 3,5%, para 418 mil milhões.

Como salienta a IATA, esta evolução, como a das receitas, reflecte trabalho das companhias aéreas, como uma mudança estrutural no sector, induzida pela consolidação, mais evidente no mercado doméstico norte-americano, mas que tem alastrado a outras regiões, e a constituição de joint-ventures para as linhas do Atlântico Norte, que são as rotas que têm mais peso no segmento de voos de longo curso.

Além destas mudanças, a IATA diz que “dois outros factores têm influenciado recentemente a estrutura da indústria”, como sejam as saídas (leia-se falências), incluindo de low costs, especialmente na Europa, já que as mais fortes conseguiram melhorar o seu desempenho, enquanto “as fracas ficaram mais fracas”.

Adicionalmente, acrescenta, a constituição de novas companhias caiu, “em resultado da crise financeira” que tornou mais difícil obter financiamento para novos projectos.

E a IATA conclui que “as mudanças na estrutura da indústria [da aviação] foi um factor significativo permitindo ás companhias aéreas reter parte dos ganhos de eficiência que implementaram e proteger os seus cash-flows face a um crescimento económico fraco e a preços de combustível elevados”.

Mas, avisa, esta evolução “não altera substancialmente o facto de a indústria permanecer intensamente competitiva” e propiciar taxas de rentabilidade e retorno do capital investimento “extraordinariamente baixas”.

Mesmo nas novas previsões para este ano, a margem operacional ficará em 2,1% e a margem de lucro líquido, em 1%, indica a IATA.

Fonte: Presstur

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