27.4.15

Engenheira alerta para as falhas humanas em acidentes aéreos

'A engenharia é uma ciência exata e, como tal, todos os riscos são evitáveis’
 
Organização americana diz que 95% das ocorrências são causadas pelo homem
 
Aumento de casos na aviação preocupa o setor
 
No último dia 24 de março, o mundo ficou perplexo com a notícia do acidente aéreo da empresa Germanwing, ocorrido nos Alpes franceses, que culminou com a morte de 150 pessoas. O choque foi ainda maior quando a imprensa divulgou que a queda havia sido causada intencionalmente pelo copiloto da aeronave. O motivo? A depressão.
 
Segundo a OSHA (Organization Safety and Health Administration), 95% dos acidentes são provenientes de atos inseguros, ou falha humana, e esse foi mais um que passou a fazer parte dessa triste estatística. “A manutenção das aeronaves é prioridade para as empresas. As companhias aéreas possuem uma série de procedimentos e testes que são adotados antes da decolagem. A engenharia é uma ciência exata e, como tal, todos os riscos são evitáveis”, diz a engenheira do trabalho e diretora da Ramazzini Engenharia, Marcia Ramazzini, especialista em gestão de risco.
 
O setor de aviação civil no Brasil é regulado por normas expedidas pela ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil), através de resoluções e portarias. Os documentos estabelecem conceitos, práticas e procedimentos relacionados a diversas áreas da aviação civil e são elaborados com os padrões internacionalmente estabelecidos para o setor. Na busca pela melhoria contínua e pela excelência no desempenho de suas atividades, a ANAC tem atualizado periodicamente regulamentos e normas.
 
Além das preocupações mecânicas, existe, ainda, o cuidado com a saúde dos pilotos e de toda a equipe de trabalho. “Talvez um gerenciamento rigoroso da segurança do trabalho poderia ter evitado este acidente. Se houvesse uma gestão efetiva, principalmente na saúde mental, essa fatalidade não teria ocorrido”, afirmou Marcia.
 
No caso do acidente envolvendo a empresa Germanwing, a depressão, uma doença que ocasiona mudanças invisíveis no psicológico, porém visíveis no comportamento do doente, foi o motivo que levou o copiloto a tomar a terrível decisão de derrubar o avião.
 
Presenteísmo
 
O profissional brasileiro também passa por uma mudança social de hábitos. As pessoas estão cada vez mais sozinhas, enfrentam longas jornadas de trabalho, ficam muito tempo fora de casa, estão cansadas e cada vez mais estagnadas na profissão. A concorrência, a insegurança, e diversos outros fatores afetam o comportamento. Assim, acabam não prestando atenção em quem está ao seu lado.
 
O presenteísmo, de acordo com Marcia, é um dos problemas atuais que mais tem afetado a segurança das empresas. “Os funcionários vão trabalhar, mas suas mentes e seus pensamentos estão em outro lugar. Em consequência, acabam se acidentando e o resultado é mais um problema para a Segurança do Trabalho”, revela.
 
Segundo a engenheira, um exemplo desse problema está em uma pesquisa divulgada recentemente, que mostra que o INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) gasta quase R$ 1 milhão por mês com o pagamento de benefícios a pessoas que possuem depressão. Esse número representa cerca de 2% do total de auxílios-doença mantidos no Estado. “Os dados dessa pesquisa foram levantados no Piauí, porém é uma situação que acontece em todo nosso país”, explica Marcia.
 
Acidente
 
Atualmente, a segurança do trabalho é formada por uma equipe multidisciplinar composta por médicos do trabalho, engenheiros, técnicos, enfermeiras, psicólogas, fisioterapeutas, entre outros especialistas. A missão é manter a integridade física e mental que reflete no aspecto comportamental dos funcionários.
 
“Acidente é resultado de comportamento e, como tal, possui pode ser evitado por treinamentos específicos. Também existem técnicas estruturadas para identificação de mudanças no perfil de subordinados e colegas de trabalho, independentemente do Programa de Controle Médico e Saúde Ocupacional da empresa. Portanto, não é responsabilidade do médico do trabalho”.
 
Para especialista também houve falhas na segurança do voo, uma vez que nos Estados Unidos não é permitido somente uma pessoa ficar na cabine de comando. “O case Germanwing deixou clara a importância de uma gestão efetiva sobre riscos, que é de responsabilidade da Segurança do Trabalho”, destaca a engenheira.
 
Os dados e as informações necessários para uma análise e diagnóstico da situação são obtidos por meio de um monitoramento constante do transporte aéreo e têm como objetivo subsidiar decisões regulatórias e supervisionar os serviços oferecidos aos usuários, de modo a garantir a segurança e a eficiência na aviação civil. “Será que era a primeira vez que o piloto e copiloto voavam juntos? Provavelmente não. Enfim, falhas ocorreram e levaram à morte 150 pessoas. Que isso sirva para evitar que outros acidentes aéreos aconteçam tendo a mesma causa raiz, ou seja, um copiloto que deveria estar afastado em tratamento contra depressão”.
 
10 maiores acidentes históricos
 
- Tenerife: Aconteceu em 1977, na Espanha - 583 passageiros morreram
 
- Japan Airlines Voo 123: Aconteceu em 1985, no Japão – 520 pessoas morreram
 
- Charkhi Dadri: Aconteceu em 1996, na Índia – 349 pessoas morreram a bordo
 
- Ermenonville: aconteceu em 1974, na França – 346 pessoas foram vítimas
 
- Air Índia Voo 182: aconteceu no Oceano Atlântico em 1985 – 329 pessoas morreram
 
- Saudia Voo 163: Aconteceu em 1980, na Arábia Saudita. 301 pessoas morreram a bordo.
 
- Iran Air Voo 655: 1988, no Oceano Índico. 290 pessoas morreram
 
- Guarda Revolucionária do Irã: Aconteceu em 2003. 275 pessoas morreram
 
- Chicago: em 1979, nos Estados Unidos – 271 vítimas fatais
 
- Korean Air Lines voo 007: Aconteceu no Oceano Pacífico, em 1983 – 269 pessoas morreram.
 
Fonte: http://www.segs.com.br/veiculos/39019-engenheira-alerta-para-as-falhas-humanas-em-acidentes-aereos.html

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