O primeiro dia da Farnborough, a maior feira de aviação do mundo, ontem, rendeu à Embraer mais de US$ 800 milhões em encomendas de 22 jatos do modelo 190 para companhias aéreas do México, da Áustria e da Arábia Saudita. A exibição começou com grande expectativa do setor em torno do que a alta nos preços do petróleo poderá representar nos negócios este ano. De um lado, a feira pode trazer grande volume de pedidos, levando em conta que o combustível mais caro estimula as companhias a renovar frotas antigas, que consomem mais. Por outro, analistas temem que essa mesma pressão de custos resulte em queda na demanda.
Na lista de pedidos fechada pela Embraer ontem, o maior volume seguirá para o México. A Aeromexico, maior companhia aérea do país, comprou 12 jatos do modelo 190. As novas aeronaves voarão pela subsidiária Aeromexico Connect, que já conta com 28 jatos ERJ 145 e que havia recebido quatro unidades do 190 no ano passado por meio de um acordo de leasing operacional com a GE Commercial Aviation Services (GECAS). As entregas para os mexicanos começam já neste semestre. A família Embraer 170/190 é composta por quatro jatos comerciais com 70 a 122 assentos.
A fabricante de aeronaves brasileira também fechou acordo com a National Air Services Aviation, da Arábia Saudita, que confirmou opções para mais cinco jatos 190. Segundo a Embraer, o contrato original - de cinco pedidos firmes e cinco opções - foi anunciado em novembro de 2007 durante o Dubai Air Show. O valor do novo acordo dos jatos que serão entregues a partir de 2010, é de US$ 187,5 milhões. A empresa aérea possui ainda direitos de compra para mais 12 aeronaves do mesmo modelo.
O acordo com a NIKI Luftfhart GmbH, da Áustria, estabelece a compra de cinco jatos também do modelo 190, o que renderá à fabricante brasileira cerca de US$ 187,5 milhões. As aeronaves da NIKI terão 112 assentos, configuração possível devido à escolha da empresa pelos assentos com espessura menor que os tradicionais. No final da sexta-feira passada, a Embraer divulgou acordo com a empresa chinesa Kun Peng Airlines, de outros cinco pedidos firmes do 190. O jato destinado à China será configurado para acomodar 98 passageiros em apenas duas classes.
A 60ª edição da feira que acontece esta semana na Inglaterra não representa para Embraer apenas uma boa oportunidade de negócios. No mesmo evento, a canadense Bombardier lança o projeto de uma nova família de jatos de curta distância. A direção da empresa brasileira garante, no entanto, que os planos da concorrente não representam uma ameaça.
A Embraer espera ter a linha dos modelos 190 em condições de competir com a Série C quando a nova família da Bombardier chegar ao mercado em 2013. "Não vemos a Série C como uma ameaça no momento", disse o vice-presidente de vendas globais da Embraer, Mauro Kern, durante entrevista em Farnborough ontem. Segundo o executivo, a Embraer não tomará neste momento nenhuma atitude para enfrentar o lançamento da concorrente.
Com quase 1,5 mil expositores, de 35 países, o Air Show, como a exibição é chamada, é também um ambiente no qual tradicionalmente a Airbus e a Boeing, os dos maiores fabricantes de aviões do mundo, costumam disputar os principais clientes.
Apesar da euforia que cerca a exibição que acontece anualmente, intercalada entre Inglaterra e França, os fabricantes não escondem a preocupação com a redução das atividades no setor da aviação. Nos últimos seis meses 25 companhias aéreas deixaram de operar. A Iata (Associação Internacional de Transporte Aéreo) estima perdas de US$ 2,3 bilhões na indústria este ano. A entidade demonstra preocupação com o aumento da participação do custo do combustível nos custos das companhias, que saltou de 13% cinco anos atrás para 40%.
Fonte: Valor Econômico
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