15.7.08

Avibrás entra com pedido de recuperação judicial

Dívidas de R$ 500 milhões com governo e fornecedores provocam crise no maior grupo nacional do setor de equipamentos de defesa

A Avibrás Aeroespacial, maior grupo empresarial do setor nacional de equipamentos de defesa, apresentou ontem às 15h30 um pedido de recuperação judicial. O valor estimado do processo é de R$ 500 milhões, envolvendo dívidas com a União, o Banco do Brasil, a Previdência, o sistema tributário, a Financiadora de Projetos (Finep), fornecedores diversos e uma trading internacional.

A empresa demitiu 350 funcionários, mas, segundo o presidente Sami Hassuani, "está preservando um núcleo multiplicador de 600 colaboradores". A crise da Avibrás ocorre a pouco menos de dois meses do lançamento da Estratégia Nacional de Defesa, um plano do governo para revitalizar a indústria especializada, reequipar as Forças Armadas e estabelecer a política do Brasil nessa área.

A recuperação judicial, estrutura que substituiu o instituto da concordata, está sendo solicitada no momento em que a carteira da Avibrás guarda um rico contrato de exportação no valor de R$ 500 milhões - o mesmo do passivo acumulado - assinado com um cliente da Ásia. A companhia mantém negociações estimadas em cerca de R$ 4,8 bilhões para fornecer sistemas de emprego militar para as forças de cinco países do Oriente Médio e Ásia.

A formalização do compromisso de exportação completará um ano em agosto. Para ser operacionalizado, o contrato depende apenas das garantias do governo federal - que, em busca da base legal adequada, mantém o negócio pendente desde setembro do ano passado.

Os ministros da Defesa, Nelson Jobim, das Relações Exteriores, Celso Amorim, e do Desenvolvimento, Miguel Jorge, trocaram intensa correspondência interna sobre o assunto com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, que pediu rapidez aos técnicos do setor. O chanceler Amorim despachou pelo menos três mensagens oficiais ao governo-cliente que não é revelado pela Avibrás.

A ação foi protocolada na 7ª Vara Cível de São José dos Campos pelo advogado do grupo, Nelson Marcondes Machado. Depois do deferimento e da apresentação dos documentos iniciais, a corporação terá o prazo definido para apresentar um plano de reestruturação.

"Nosso objetivo final é reabilitar e perpetuar a Avibrás", defende Sami Hassuani. Para ele, "as indústrias brasileiras de Defesa só sobreviverão se puderem ser exportadoras".

Em janeiro, o fundador e presidente da empresa, João Verdi de Carvalho Leite, desapareceu, em companhia da mulher, Sonia Brasil, depois que o helicóptero que pilotava caiu entre Angra dos Reis e São José dos Campos.

Em 1990 a Avibrás Aeroespacialentrou em concordata, depois de tomar um calote de seu então cliente principal, o Iraque. O regime especial terminou em 1992.

Fonte: Estado de SP

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