A gravação da caixa preta do Airbus A320 da TAM, que no dia 17 de julho do ano passado atravessou a pista em Congonhas e explodiu, provocando a morte de 199 pessoas, mostra que os pilotos tentaram frear a aeronave, mas não conseguiram. Os segundos finais do áudio são dramáticos. A gravação, apesar da qualidade ruim, mostra que o co-piloto Henrique Stephanini e o comandante Kleyber Lima tentaram parar a aeronave, mas não tiveram sucesso.
- Agora, agora... Vira, vira...vira, vira. Vira, vira - grita o co-piloto.
E continua:
- Desacelera, desacelera - gritou o co-piloto.
- Não dá, não dá - responde o comandante.
Na gravação ouvem-se também muitos ruídos e conversas vindas de um outro vôo. Apesar da pouca qualidade do som, fica clara a tentativa de ambos de brecar o Airbus, que fazia o vôo 3054, que vinha de Porto Alegre para São Paulo.
A CPI do Apagão Aéreo divulgou a transcrição - não o áudio - dos segundos finais dessa conversa em agosto do ano passado. Até hoje, apenas autoridades e um grupo de pilotos e de parentes de vítimas tinham escutado toda a gravação.É o caso do pai de Thais Scott. Aos 14 anos, a adolescente tinha saído de Porto Alegre para passar as férias com os avós em São Paulo. O pai dela, Dario Scott, que é presidente da Associação dos Parentes das Vítimas da TAM, diz que, pelas conversas na cabine, ficou com a impressão de que o pouso parecia normal - ou quase normal.
Segundo ele, só quando a aeronave já se preparava para descer, a torre de Congonhas avisou que a pista tinha problemas.
- TAM na final de duas milhas, poderia confirmar as condições? - pergunta o piloto à torre.
- Pista molhada e escorregadia - responde um controlador.
- O que nós queremos é a responsabilização e a punição dos responsáveis pelo que aconteceu - diz Dario Scott.
Fonte: O Globo
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