5.8.08

Companhias aéreas querem voltar para Pampulha

TAM e Gol encaminharam pedido à Anac para retomar 38 vôos diários do aeroporto, sem prejuízo, no entanto, às rotas de Confins, que está perto de atingir sua capacidade total

Três anos depois da transferência dos vôos para o Aeroporto Internacional Tancredo Neves, em Confins, as duas maiores companhias aéreas do país, TAM e Gol, querem voltar a operar a ponte área no aeroporto da Pampulha. Na semana passada, elas encaminharam pedido conjunto à Agência Nacional da Aviação Civil (Anac) para retomar os destinos Belo Horizonte a Brasília, Rio de Janeiro e São Paulo, com conexão diária via aeroporto local. Em princípio, a TAM entraria com 18 vôos diários e a Gol, com outros 20. A Anac confirmou ontem os pedidos, embora as duas empresas evitem comentar o assunto.

Inicialmente, a intenção das companhias seria reabilitar a situação provisória autorizada pela Anac que determinou que os vôos da ponte aérea continuassem a decolar da Pampulha até depois da retomada de Confins a pleno vapor, em março de 2005. Naquela ocasião, os vôos da Pampulha ganharam uma sobrevida até julho de 2006, depois da conclusão das obras da Linha Verde, que receberam investimentos de R$ 308 milhões na construção de uma ligação rápida entre a capital e Confins.

Segundo uma fonte do setor, a proposta das companhias seria acrescentar vôos à Pampulha possivelmente a partir de 1º de setembro, mas sem prejuízo das rotas de Confins. Prestes a atingir sua capacidade máxima ainda este ano, o aeroporto internacional já teria comprovado ser um bom negócio, chegando a 5 milhões de passageiros. Em 2007, Confins atendeu 4,34 milhões de passageiros. Em 2006, no primeiro ano de funcionamento depois da reinauguração, começou a decolar com 3,5 milhões. “A idéia não é tirar vôos de Confins e sim otimizar o aeroporto da Pampulha, que está hoje às moscas”, compara.

A informação cai como uma bomba, considerando que Confins vive agora o seu melhor momento, enterrando um passado em que era visto como um elefante branco, por causa da sua subutilização. Ao contrário, o aeroporto firma-se cada vez mais o seu caráter internacional, com o lançamento no dia 21 do vôo da Copa Airlines, direto para o Panamá, com conexão para 41 cidades dos Estados Unidos. A própria TAM, que já administra 32 vôos diretos de Confins, anuncia para setembro dois vôos internacionais de Confins para Miami, via Galeão (no Rio de Janeiro), e outro direto para Paris, com escala em Guarulhos (SP). Paralelamente, a United Air Lines e a Delta Air Lines também manifestaram oficialmente a intenção de voltar a operar em Confins.

O caminho natural seria a solicitação das empresas ser encaminhada à Anac, que depois comunicaria as mudanças à Infraero. Extraoficialmente, o pedido da Gol e da Tam ainda não teria saído da Anac e estaria sendo analisado pela agência, dentro do trâmite normal das solicitações. A Anac, por intermédio da assessoria de imprensa, limita-se a informar de maneira burocrática que, até o momento, permanece em vigor a Portaria 993, de 17 de setembro de 2007, que restringe as operações no Aeroporto da Pampulha. Também a Infraero nega ter recebido qualquer pedido de transferência de vôos de Confins para a Pampulha.

“A princípio, até este momento, a TAM não irá se pronunciar sobre esse assunto”, informou no início da noite de ontem a assessoria de imprensa da companhia aérea. Também a Gol não confirmou oficialmente ter protocolado o pedido junto à Anac, manifestando o interesse de operar pelo menos três vôos domésticos cada uma, ida e volta, de curta duração, com destino às principais praças de São Paulo, Rio e Brasília.

ANÁLISE DA NOTÍCIA

A retomada das operações das grandes companhias aéreas na Pampulha reacende a discussão da capacidade do aeroporto em receber essa nova leva de vôos e passageiros, um dos motivos que culminaram na transferência das rotas para Confins. A notícia põe em xeque também o alto volume de investimentos feitos pelo governo na Linha Verde, pelos lojistas e, agora, no Aeroporto Industrial, para dar fôlego ao, considerado na época, “elefante branco”. Claro que nada disso está perdido, até porque Confins já mostrou a que veio, devendo atingir este ano a sua capacidade plena. Mas há quem – principalmente executivos – torça para a volta da Pampulha a todo vapor, uma vez que a proximidade é fator determinante na hora de decidir o local de embarque. Com a palavra a Anac. (Vera Schmitz)

SAIBA MAIS

Aeroporto Tancredo Neves (Confins)

• A construção do Aeroporto Internacional Tancredo Neves/Confins nasce de contingências inadiáveis para o transporte aéreo da região metropolitana de Belo Horizonte. No início da década de 70, com o avanço tecnológico da indústria aeronáutica, colocando nos céus sofisticadas aeronaves de passageiros e cargas, ficou evidente que a infra-estrutura aeroportuária existente não suportaria a demanda nos anos seguintes.

• O Ministério da Aeronáutica, em parceria com o governo de Minas Gerais, inicia estudos para viabilizar a construção de um aeroporto de nível internacional. Em 3 de julho de 1978 é criada a Comissão Coordenadora do Projeto Aeroportuário de Belo Horizonte (Copaer/BH), que elabora o projeto e efetua a construção entre os anos de 1979 a 1983.

• A primeira das quatro etapas da obra é concluída e inaugurada em março de 1984, permitindo atender a demanda de até 5 milhões de passageiros por ano. As primeiras empresas aéreas a operarem em Confins são Vasp, Varig e Transbrasil, que operavam na Pampulha. O Lloyd Aéreo Boliviano foi a primeira empresa aérea a operar vôo internacional regularmente, seguida da United Airlines, American Airlines e Pluna.

• Desde a inauguração, a demanda de passageiros oscilava na média de 1 milhão por ano, e a de cargas transportadas em aproximadamente 20 mil toneladas. O tráfego anual passou de pouco mais de 388 mil passageiros/ano em 2004 (o terminal estava sub-utilizado) para mais de 2 milhões em 2005, quando foram transferidos 130 vôos da Pampulha para Confins. Em 2007, o número chegou a 4.340.129, e Minas Gerais voltou a ter um aeroporto capaz de atender aos passageiros com conexões nacionais e internacionais..

• Concentra em suas instalações sistemas de avançada tecnologia, terminal de carga aérea automatizado, pista de pouso com 3 mil por 45 metros, dotada de equipamentos para pouso de precisão e demais auxílios às operações aeronáuticas. É considerado um dos mais modernos e seguros do mundo.

Aeroporto de Belo Horizonte (Pampulha)

• O Aeroporto de Belo Horizonte/Carlos Drummond de Andrade, na Pampulha, inicia suas atividades com o objetivo de atender aos vôos do Correio Aéreo Militar, em 1933, na chamada Linha de São Francisco, que ligava o Rio de Janeiro à Fortaleza. Belo Horizonte era uma das escalas até o destino final, e o aeroporto nada mais era do que um Destacamento de Aviação.

• Em 1961, a pista atinge as atuais dimensões de 2..540 metros e entra em funcionamento o novo Pátio de Manobras, com capacidade para receber aeronaves de grande porte e os futuros jatos.

• Em 1973, a administração passa a ser de responsabilidade da Infraero.

• O movimento do aeroporto cresce com o desenvolvimento do transporte aéreo, insuficiente para suportar o atendimento de novas demandas principalmente das modernas e grandes aeronaves intercontinentais. O Ministério da Aeronáutica projeta, no final da década de 70, o Aeroporto Internacional Tancredo Neves, inaugurado em 1984.

• Em dezembro de 1983, pouco antes da inauguração do novo Aeroporto Internacional, o Aeroporto da Pampulha registra um movimento anual de 1,150 mil passageiros (embarcados e desembarcados) e 24 mil operações de pouso e decolagem de aeronaves, inclusive Boeings 737 e 727.

• Logo após a inauguração, o Aeroporto de Confins passa a receber 75% do movimento de aeronaves e 95% do movimento de passageiros, ficando o Aeroporto de Belo Horizonte ocioso.

• Desde março de 2005, o Aeroporto da Pampulha volta à sua vocação original e opera apenas vôos regionais para o interior do estado, com uma média diária de 40 viagens.

• Com capacidade para atender até 1,5 milhão de passageiros/ano, tem se firmado como um importante elo regional do Estado. Desde a transferência dos vôos para Confins, a aviação regional tem registrado crescimento acima dos 60%.

• Está instalado em uma área de 2 milhões de metros quadrados, distante 8 quilômetros do centro da cidade.

Fonte: O Estado de Minas

2 comentários:

Anônimo disse...

Realmente, depois de todo o investimento que foi feito em Confins...voltar ao que era antes??
Poderiam até voltar aos moldes de 2005, com um vôo de cada, para Brasília, SP-Congonhas e Rio, porém com tarifas mais caras que as rotas de Confins, para restringir o movimento.Mais do que isso não acho que seja adequado...

Rafael Matera disse...

Olá Paulo,

Não sou contra a retomada dos vôos em Pampulha, desde que sejam de forma ordenada. A ANAC não pode deixar é o esvaziamento de Confins e a super-lotação da Pampulha, aí é que está o problema.

Abrs

RAFAEL MATERA